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Estado de Minas

Lenín Moreno, um ano do governo que mudou uma década no Equador


postado em 24/05/2018 18:24

Rei morto, rei posto. Um ano de governo bastou para o presidente do Equador, Lenín Moreno, sepultar a herança de seu antecessor e ex-aliado, Rafael Correa.

Membros do mesmo partido e binômio entre 2007 e 2013, nada levava a crer que Moreno, que inicia nesta quinta-feira (24) o segundo de seus quatro anos de governo, acabaria enterrando a década de "revolução cidadã" de Correa.

A ferida mortal se deu por uma consulta popular convocada por Moreno, na qual se aprovou eliminar a reeleição indefinida para impedir que Correa voltasse a ser candidato presidencial.

Essa mesma consulta deu espaço à reestruturação da entidade encarregada de designar autoridades, desmontando também a estrutura correísta.

"O objetivo político do governo de Moreno foi jogar no lixo os dez anos do correísmo. Em boa medida, o conseguiu", disse à AFP o analista político David Chávez, da Universidade Central (pública).

Outro golpe serão as recém-propostas reformas à criticada Lei de Comunicação de Correa, que sustentou um duro confronto com a imprensa privada, à qual chama de "corrupta" e "mentirosa".

- Mais que estilo -

Moreno chegou ao poder com uma vitória apertada. Sua meta inicial foi mudar o estilo autoritário que atribuíam a Correa por um de "mão estendida".

Seu governo começou com apoio de 66%, segundo a Cedatos, mas foi caindo até chegar a 46% de acordo com institutos de pesquisa privados.

A luta contra a corrupção foi a bandeira de Moreno, cujo vice-presidente Jorge Glas, aliado de Correa, perdeu o cargo e cumpre pena de seis anos por receber propinas na ordem de 13,5 milhões de dólares da empreiteira Odebrecht.

Houve "sinais muito claros (de mudança) principalmente na luta anticorrupção" e "de não tolerar a impunidade", comentou à AFP Esteban Santos, cientista político da privada Universidade das Américas.

O julgamento contra Glas e uma tentativa de expulsar Moreno do partido Aliança País (AP) aprofundaram o racha dentro do oficialismo, agora dividido entre correístas e morenistas no Congresso, onde eram maioria.

O divórcio levou o morenismo a pactuar com a oposição ao correísmo para controlar o Parlamento.

Após as mudanças, Moreno tem o caminho aberto com a direita, mas está de mãos atadas com setores políticos e econômicos, advertiu Chávez. "É um governo com muito apoio, mas com fragilidade em sua capacidade de gerir a política", afirmou.

Essa fragilidade se tornou evidente também na maneira morna como geriu uma crise desatada a partir de incomuns atentados e sequestros na fronteira com a Colômbia, que deixaram sete mortos entre militares e jornalistas.

O governo atribuiu os ataques a dissidentes das Farc vinculados ao narcotráfico, que reivindicaram o sequestro e o triplo assassinato de uma equipe jornalística e a retenção de dois civis.

- Endividamento acelerado -

Moreno culpou Correa de endividar o Equador e de má gestão das finanças.

Apesar do panorama adverso que descreveu, o presidente "intensificou essa política que é continuar sustentando o gasto público via um agressivo endividamento", disse à AFP o analista econômico Alberto Acosta Burneo.

Consequentemente, a economia cresceu 3% em 2017. No entanto, "o Equador não consegue continuar se endividando no mesmo ritmo" e deve "dar essa guinada impulsionado por investimento e produção", destacou.

Sem adotar ainda medidas de choque, Moreno nomeou ministro das Finanças Richard Martínez, um nome vinculado às câmaras de comércio. A decisão deixou "clara a posição do Equador de querer acordos comerciais (aos quais Correa se opôs) e de se abrir ao mundo", avaliou Santos.

Para Chávez, "após 11 anos de não ter tido o setor empresarial controlando diretamente a política econômica, voltamos a essa situação, (e) esse é o último passo para consolidar essa guinada política" de Moreno.

Com uma dívida pública que chega a 58,979 bilhões de dólares (57% do PIB), Moreno se propôs o desafio de reduzir o déficit fiscal de uma projeção de 5,64% em 2018 a 2,47% em 2021.

Diante dos problemas econômicos, o governo aplica a redução de 12 ministérios e empresas públicas, e a eliminação de mil postos de trabalho do aparato estatal até 2021.

Com eleições municipais em 2019, as mudanças terão - segundo analistas - um alto custo político para o morenismo, que tenta agradar a todos, sem sair chamuscado como quis o correísmo.


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