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Estado de Minas

Avanço de eurocéticos na Itália pode complicar reforma da UE


postado em 05/03/2018 11:18

O avanço populista nas eleições legislativas de domingo (4) na Itália e o possível retorno dos anti-imigrantes ao poder podem prejudicar a vontade franco-alemã de reformar a União Europeia - afirmam analistas ouvidos pela AFP.

Poucas horas antes da aprovação, no domingo, por parte dos membros do Partido Social Democrata Alemão (SPD) de uma nova coalizão governamental com os conservadores de Angela Merkel, o presidente francês, Emmanuel Macron, saudou "uma boa notícia para a Europa".

À noite, porém, as forças antissistema, eurocéticas e de extrema-direita registravam um avanço histórico na Itália: o Movimento 5 Estrelas (M5E, antissistema) se tornou o primeiro partido no país com mais de 31% dos votos, enquanto a coalizão formada por Forza Italia (FI, direita) de Silvio Berlusconi e a Liga de Matteo Salvini (extrema-direita) obtinham 37%.

A provável ausência de uma maioria para a coalizão de direita/extrema-direita, bem como para o M5E, forçará os líderes políticos italianos a negociarem, um processo que promete ser longo e complexo, mergulhando a UE na expectativa.

"Temos confiança" na capacidade da Itália "de formar um governo estável", limitou-se a comentar nesta segunda-feira o porta-voz da Comissão Europeia, Margaritis Schinas.

"Vamos nos manter calmos", afirmou, respondendo a uma pergunta sobre o potencial impacto dos resultados dessas eleições nos mercados financeiros.

Antes da votação, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, já havia estimado que seria preciso "se preparar para o pior cenário: o de não ter um governo operacional na Itália".

- 'Atritos' -

"Alguns, opostos a uma reforma da Europa como a desejada por Paris, dirão que agora mais do que nunca, com a confusão na Itália, este não é o momento certo para correr riscos", explicou à AFP o diretor de estudos do Centro Político Europeu (EPC, na sigla em inglês), Janis Emmanouilidis.

"Outros dirão que é precisamente porque esses eleitores estão cansados da situação econômica e do gerenciamento da crise dos migrantes que precisamos mudar as coisas", argumenta.

"Uma das razões pelas quais a extrema-direita alcançou essa pontuação na Itália, são as questões de migração", insistiu, acrescetando que "devemos levar isso em consideração".

Para o cientista político, em última análise, a oposição na UE entre os pró-europeus e os eurocéticos beneficiará mais os reformistas como Emmanuel Macron.

No plano econômico, o maior risco - segundo os analistas - seria ver Roma aumentar seus gastos orçamentários, desafiando as regras europeias, à medida que os novos líderes italianos implementem suas promessas de campanha.

Isso poderia criar "atritos entre Roma e a Comissão Europeia", diz o pesquisador Federico Santi, da consultoria americana Eurasia Group.

"A Itália já corre o risco de não cumprir as metas orçamentárias da UE, e qualquer novo deslize pode levar a um novo procedimento de déficit excessivo", apontou.

- 'Progresso modesto' -

Ele quer acreditar que o M5E e a extrema-direita vão-se mostrar "mais moderados, uma vez no poder, do que a retórica de campanha", porque eles querem "provar seu status como partidos governamentais confiáveis".

"A saída do euro, para não mencionar a saída da UE, continua sendo muito improvável", considera.

Mas o analista Jack Allen, da Capital Economics, diz que "novos progressos na integração europeia podem ser difíceis".

O novo governo italiano poderia começar por "promover os esforços para aumentar as contribuições da Itália para o orçamento da UE" depois da saída do Reino Unido.

Ele também teme que o M5E peça novamente "um referendo sobre o lugar da Itália na zona do euro", um ponto-chave de seu programa até alguns meses atrás.

Neste contexto, Holger Schmieding, economista do Berenberg Bank, espera apenas "progressos modestos na união bancária e alguns passos na direção da constituição de um seguro de depósito conjunto".

Ele também antecipa "avanços em questões não econômicas, como a defesa".

"Com, ou sem, acordo de coalizão, a "posição alemã" na Europa deve mudar pouco, ele acredita.

"No final, é Merkel quem vai segurar as rédeas", completou.


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