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Estado de Minas

Moradores de Ougadougou ficam entre impotência e raiva após ataque ao Estado-Maior


postado em 03/03/2018 22:00

Com janelas quebradas, blocos de concreto arrancados e prédios queimados, o Estado-Maior geral do Exército de Burkina Faso em Ouagadougou, considerado um lugar quase intocável no coração da capital, oferecia um panorama de desolação um dia depois do ataque de um comando extremista.

O cenário era apocalíptico, segundo o primeiro-ministro burquinense, Paul Kaba Thiéba.

O duplo ataque desta sexta-feira contra o Estado-Maior e a embaixada da França em Ouagadougou deixou oito militares mortos e mais de 80 feridos, segundo o último balanço de fontes de segurança. Ele foi reivindicado pelo Grupo de Apoio ao Islã e aos Muçulmanos (GSIM). Oito autores foram abatidos, segundo a mesma fonte.

Nos corredores do Estado-Maior, todas as janelas tinham os vidros quebrados. O prédio ficou isolado por um perímetro de segurança de 150 metros.

Nos arredores, os para-brisas de veículos estavam estilhaçados e as ruas cheias de cacos de vidro.

Esses são alguns traços da explosão de um carro-bomba que precedeu um tiroteio, afirmaram comerciantes, cujas lojas, apesar de se encontrarem longe do local dos ataques, também estavam com as vitrines destruídas.

Na entrada do Estado-Maior, cujo portão também foi destruído, é possível ver janelas, aparelhos de ar condicionado e blocos de concreto arrancados, bem como marcas de bala nas pares.

Na lateral da entrada sul, a guarita pegou fogo, enquanto as árvores do pátio tiveram os troncos queimados.

A polícia científica se mobilizou em busca de pistas, enquanto militares retiravam dos prédios objetos pessoais, bolsas e computadores.

- Medo em 'Ouaga' -

"O Estado-Maior é o lugar com mais segurança, em pleno centro de Ouaga", explicou um comerciante, Ablassé Uedraogo, usando o diminutivo do nome da capital.

De sua loja, ele presenciou o inesperado ataque na véspera, em pleno centro da capital de Burkina Faso, reconhecendo ter sentido muito medo.

Como outros vendedores da capital, ele não abriu sua loja novamente, mas foi ver qual era seu estado e ficou comovido.

"Ontem [sexta-feira] teve muito pânico, as pessoas corriam em todas as direções pela cidade, tentavam voltar para casa. As lojas fecharam, escolas também", conta Sayuba Uedraogo, motorista de 36 anos. Ladrões aproveitaram a confusão para roubar e saquear lojas, lamentou.

Quando o ataque começou, na manhã de sexta, "as pessoas correram, deixaram tudo para trás, até as motos, bicicletas. Pulamos uma cerca para nos refugiarmos", conta Zondi Mahamadi, de 52 anos, vendedor de cigarros em frente à embaixada da França, a dois quilômetros do Estado-Maior.

"Na época do Blaise [Campaoré, ex-presidente que caiu após protestos populares em 2014], não víamos este tipo de coisa". "O regime só tem que negociar com os extremistas se não puder combatê-los", opina Alassane Sawadogo, guarda de um banco que fica perto do Estado-Maior.

O ataque de sexta-feira é o terceiro em dois anos na capital burquinense, depois dos de agosto de 2017 contra um café na principal avenida da cidade, com 19 mortos, e o de janeiro de 2016 contra um hotel e um restaurante, na mesma via, que provocou 30 mortes.


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