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Estado de Minas

Vendedoras das Ramblas e falam da possibilidade de independência catalã


postado em 10/10/2017 15:46

"Nunca teríamos imaginado chegar até aqui", concordaram em afirmar nesta terça-feira, separadamente, duas vendedoras das Ramblas de Barcelona, uma separatista e outra não, a instantes de uma definição sobre a independência da Catalunha.

Ainda de luto pelo atentado de agosto, os comerciantes da popular avenida de Las Ramblas de Barcelona seguravam a respiração nesta terça-feira diante de outro possível feito histórico: o comparecimento no Parlamento do presidente catalão, Carles Puigdemont, para eventualmente declarar a independência.

Sob o sol de outono, sonha novamente com o tamborilar das rodas das malas dos turistas, dois meses depois de, em 17 de agosto, uma van conduzida por um extremista deixar 14 mortos na avenida.

Desta vez, Carolina Pallés, de 53 anos, quarta geração de uma família de floristas de Las Ramblas, vive um dia triste por culpa "dos políticos".

"Nunca imaginei que, quase dois meses depois dos atentados na Catalunha, teríamos ido tão rápido até a independência", explicou, fazendo alusão à possível declaração unilateral de independência, conhecida na região como DUI.

Carolina culpa os políticos dos dois lados: "o governo (de Mariano) Rajoy o tornou fatal, e os daqui que queriam ir até o fim como mártires".

As principais empresas catalãs transferiram as suas sedes sociais para fora da região, e Carolina tem uma mensagem para os separatistas: "não se pode sair da casa de seus pais se não tiver um apartamento e um trabalho, porque senão acaba dormindo debaixo da ponte".

No mercado vizinho de La Boquería, Neus Avilés, de 61 anos, vende garrafas de sangria decoradas com toureiros.

- "Para ser livres" -

"Me parece bom que haja a DUI, já que em Madri não quiseram um referendo acordado, nem dialogar, nem entrar em consenso", acrescentou. "Me posiciono como separatista, mas nunca teria imaginado que chegaria a esse ponto", acrescentou.

Avilés votou "sim" à criação de uma república catalã no referendo inconstitucional de 1º de outubro, e está chocada com a repressão policial: "a eles só ocorreu usar cassetetes e balas de borracha. Para mim é como voltar à época franquista".

Separadas por cerca de 100 metros, as duas vendedoras concordam em outras coisas: "fez falta dialogar" e o melhor agora seria convocar eleições regionais.

Atrás do mercado, sete adolescentes almoçam e expressam a sua inquietação.

"Se vão declarar a independência de verdade, nos dá um pouco de medo, porque não sabemos como o governo de Rajoy pode reagir, se vão prender o nosso presidente, tomar medidas contra a população, suspender a autonomia... Como já aconteceu na época franquista", explicou Helena, uma jovem de 16 anos que se define como separatista de esquerda.

No aeroporto, uma fonte da segurança disse à AFP que chegaram mais 150 guardas civis como reforço esta semana. A Polícia fechou ao público o parque da Cidadela, no qual fica o Parlamento catalão, onde Puigdemont fez o seu discurso.

- Que decidam já -

"Teriam que decidir já se é a independência, ou não, e deixar as coisas claras", lamenta Lázaro, um garçom de 40 anos contrário à independência que denuncia a queda do turismo.

Atravessando uma passagem para pedestres na entrada de Las Ramblas, duas funcionárias regionais conversam, tentando absorver as palavras de um porta-voz do Partido Popular de Rajoy, que considerou que Puigdemont poderia acabar como Lluís Companys, que foi preso depois de declarar a independência em 1934, e seis anos depois, em 1940, foi fuzilado pelo regime de Francisco Franco.

"Dizer isso no século XXI é muito forte", protestou uma delas, Guiomar García, de 39 anos. No referendo de domingo, "votei pelo sim, não por querer a independência, mas porque não quero que continue o governo de Rajoy em Madri, por toda a repressão, a falta de respeito".

Sua colega, Yolanda Bernardo, psicóloga de 42 anos, é mais decidida: "sou separatista a vida toda e digo 'sim' a uma DUI agora mesmo, Puigdemont não tem outra opção, e se não fizer o povo é quem irá se rebelar".


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