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Estado de Minas

Algas foram essenciais para surgimento de vida complexa na Terra


postado em 16/08/2017 21:25

Por quase três bilhões de anos, a evolução da vida na Terra permaneceu praticamente paralisada no estágio de uma única célula, produzindo um mundo aquoso cheio de bactérias.

Mas o derretimento, cerca de 650 milhões de anos atrás, da "Terra bola de neve" - quando os oceanos estavam congelados até uma profundidade de dois quilômetros - levou a uma floração global de algas que mudou tudo, disseram pesquisadores nesta quarta-feira.

"As bactérias microscópicas foram substituídas por algas muito maiores", alimentadas por nutrientes arrancados de montanhas, conforme as geleiras deslizavam em direção ao mar", disse Jochen Brocks, professor da Universidade Nacional Australiana e autor principal de um estudo publicado na revista científica Nature.

"Esses organismos revolucionaram a base da cadeia alimentar e, sem eles, não estaríamos aqui hoje", disse Brocks à AFP durante uma conferência internacional de geoquímica em Paris, onde apresentou suas descobertas.

Quando e porque os animais apareceram no planeta é um dos grandes e mais duradouros mistérios da ciência.

Até agora, houve mais teorias do que fatos, e os especialistas se dividem em dois campos principais sobre a origem dos organismos complexos, disse Brocks, cujas descobertas o empurraram de um campo para o outro.

Um dos lados, ocupado principalmente por biólogos, argumenta que não há realmente um enigma a ser resolvido - a evolução de algo tão intrincado como um genoma animal leva tempo, até bilhões de anos, afirmam. As restrições, em outras palavras, são intrínsecas e não ambientais.

"O segundo campo diz que os animais poderiam ter evoluído mais rapidamente, mas que algo os reteve", disse Brocks.

O oxigênio insuficiente é visto como uma barreira crucial para o crescimento da vida multicelular. Os organismos grandes e que consomem energia precisam de um combustível poderoso - e oxigênio para ajudar a queimá-lo.

A pesquisa de Brocks também apoia uma hipótese de limitação, mas aponta em uma direção diferente.

- Coincidência "muito improvável" -

"Nosso estudo apresenta a primeira evidência real de que não era oxigênio que faltava, mas uma fonte de alimento abundante e nutritiva", disse.

O que nos traz de volta às algas.

Grandes quantidades de nutrientes ricos em nitrogênio caíram no mar à medida que a superfície da Terra derretia, permitindo a proliferação das algas fotossintetizantes à custa de bactérias muito menores.

A base da cadeia alimentar determina a quantidade de energia no ecossistema, e as algas são, em média, 1.000 vezes maiores que as bactérias.

"Proporcionalmente, é a diferença entre um rato e um elefante - na ecologia oceânica, o tamanho é o que realmente importa", disse Brocks.

"Você de repente teve uma enorme quantidade de partículas nutritivas e de alta energia na base da cadeia alimentar que, em seguida, conduziu todo o ecossistema até criaturas grandes e complexas".

Os pesquisadores encontraram evidências desta transição em amostras de rochas, extraídas do fundo do deserto da região central da Austrália, que datam de imediatamente depois do congelamento do planeta, que durou cerca de 50 milhões de anos.

Usando cromatografia (processo que separa componentes químicos) e espectroscopia (que mede massas), eles buscaram mudanças ao longo do tempo na proporção de dois tipos de moléculas, um deles indicador de formas de vida superiores, e o outro de bactérias.

Os resultados mostraram uma mudança drástica, com um aumento de 100 a 1.000 vezes no número de moléculas indicativas de organismos complexos.

"O surgimento de algas e o aparecimento de animais são eventos tão próximos um do outro que é muito improvável que seja uma coincidência", concluiu Brocks.


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