A procuradora-geral venezuelana, Luisa Ortega, garantiu neste sábado (15) que não teme se submeter ao detector de mentiras como pediu o Tribunal Supremo de Justiça, no momento em que este avalia se irá processá-la e eventualmente destituí-la do cargo.
"Não tenho nenhum temor de me submeter ao teste do polígrafo, mas não posso fazê-lo se esse teste for dirigido por um Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) ilegítimo, cujo poder não reconheço", declarou, em vídeo postado no Twitter.
Ortega disse que o polígrafo é tão questionado "quanto a tortura", porque viola "os direitos humanos, o devido processo e a dignidade das pessoas".
Ela assegurou, porém, que está disposta a passar pelo detector de mentiras, se o TSJ reconhecer que esse teste viola os direitos humanos e se comprometer a não realizá-lo novamente.
"Estou disposta a sacrificar meu próprio direito para proteger o resto do país de semelhante abuso de poder", acrescentou.
O TSJ citou Ortega para se submeter ao teste na próxima segunda-feira (17), na sede da Polícia Científica (CICPC). O deputado governista Pedro Carreño pede a destituição de Ortega por ter mentido, ao afirmar que não apoiou a designação de 33 magistrados do TSJ.
A procuradora-geral diz que nunca assinou a ata de seleção desses juízes, os quais foram designados pelo Parlamento em dezembro de 2015. Nessa época, a Casa ainda estava sob controle do chavismo.
Ortega considera que o processo é uma "perseguição", ressaltando que o TSJ proibiu sua saída do país e congelou seus bens.
A procuradora-geral se distanciou do presidente Nicolás Maduro há três meses e meio, após denunciar uma "ruptura da ordem constitucional" por decisões do TSJ que retiraram competências do Legislativo, agora dominado pela oposição.
Desde então, começou uma onda de protestos contra o governo que já deixou 95 mortos.
Essa chavista histórica se tornou uma ferrenha adversária do presidente, contrária à Assembleia Constituinte convocada por ele, por considerar que o processo atenta contra a democracia.