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Estado de Minas

Eleitores britânicos votam quinta-feira sobre permanência do país na União Europeia

Caso vença o voto pela saída, o país será o primeiro a se desfiliar da UE, cujo projeto foi idealizado no pós-Segunda Guerra


postado em 19/06/2016 06:00 / atualizado em 19/06/2016 10:43

Cantor pop Bob Geldof em campanha pela permanência na União Europeia(foto: Niklas Halle'n/AFP)
Cantor pop Bob Geldof em campanha pela permanência na União Europeia (foto: Niklas Halle'n/AFP)
Depois de meses de campanha, os britânicos estão a quatro dias da decisão que pode mudar a história da União Europeia (UE). Na próxima quinta-feira, o Reino Unido votará se permanece ou não no bloco, atualmente formado por 28 países. Analistas e ativistas de ambos os lados destacam as consequências da eventual saída para a situação interna, para o relacionamento com os demais sócios no bloco e com os parceiros ao redor do mundo.


Caso vença o voto pela saída, o país será o primeiro a se desfiliar da UE, cujo projeto foi idealizado no pós-Segunda Guerra. De acordo com o Tratado de Lisboa, assinado em 2009, o Reino Unido terá dois anos para negociar a saída, mas a conclusão do “divórcio” pode se estender até as próximas eleições gerais, previstas para 2020. Durante esse processo, Londres teria de negociar uma associação ao bloco para ter acesso ao mercado único, mas o funcionamento dessa nova relação ainda é incerto.


A UE prometeu não participar de debates e campanhas sobre o Brexit, como a saída é chamada, mas o presidente da Comissão Europeia (CE, braço executivo da UE), Jean-Claude Juncker, alertou os eleitores britânicos de que opção pelo afastamento é uma decisão sem volta. Ao jornal francês Le Monde, Juncker disse que não fazia ameaças, mas frisou que “a relação não seria como hoje”. O luxemburguês destacou que “o Reino Unido terá de se acostumar a ser tratado como um Estado terceiro”, e não terá vantagens sobre os demais.


Pesquisa publicada no começo do mês pelo Instituto Pew Global mostra que 70% dos europeus acreditam que a ruptura seria algo negativo. O estudo também mostra insatisfação de muitos membros com a forma como o bloco lida com questões cruciais, como a crise de refugiados e as dificuldades econômicas. Analistas alertam que a eventual saída do Reino Unido pode favorecer pedidos de ressalvas por parte de países insatisfeitos e até ameças de novas rupturas.

DEBATES O principal argumento da oposição ao bloco é de que os britânicos pagam muito caro pela parceria com a UE. Fora do bloco, ficariam livres de ao menos parte das taxas de contribuição, teriam mais controle fronteiriço, mais independência para controlar uma resposta à crise de refugiados e para legislar, além de se submeterem a menos burocracias e garantir mais autonomia para negociar acordos. Os defensores da permanência destacam que, apesar dos problemas da UE, a saída tem potencial para piorar a situação política e econômica interna.


Estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Econômicas do Reino Unido alertou que uma ruptura limitaria o ritmo de crescimento da economia e faria a libra se desvalorizar em até 20%. Segundo o Fundo Monetário Mundial (FMI), a saída criaria uma “alta incerteza, volatilidade nos mercados e um crescimento mais lento”. A diretora-geral do organismo, Christine Lagarde, comentou o processo no mês passado, dizendo que uma vitória do Brexit seria “bastante ruim, muito ruim” para os britânicos.

O cenário pós-UE incluiria fuga de investimentos e perda de empregos, principalmente os ligados ao setor bancário, uma vez que Londres deixaria de ser o coração financeiro do bloco. Segundo George Osborne, ministro das Finanças, em dois anos, cerca de 820 mil empregos serão eliminados em todo o Reino Unido. O executivo-chefe da Barratt Developments, maior empresa britânica de construção civil, alertou para outro problema: o fechamento das fronteiras a imigrantes teria impacto negativo no setor, levando à falta de mão de obra.


Para o especialista em estudos europeus da Universidade de Brasília (UnB) Estevão Martins, “o Reino Unido perderia economicamente, comercialmente e financeiramente”. Ele destaca que “permanecer é uma vantagem, por oferecer facilitações na escala mundial que o Reino Unido já não tem mais sozinho”. O think thank americano Conselho de Relações Exteriores (CFR) alertou que, além de provocar recessão, o Brexit enfraqueceria a coesão do Reino Unido e da UE, e afetaria a percepção de “quão longe a colaboração entre países pode chegar”.


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