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Estado de Minas

Aguardada alta da taxa de juros nos EUA, um quebra-cabeças para os emergentes


postado em 14/12/2015 21:01

Os grandes países emergentes se beneficiaram da política monetária ultra-flexível dos Estados Unidos, mas agora que as taxas americanas podem voltar a subir, muitos deles, já debilitados pela conjuntura mundial, enfrentam um novo quebra-cabeças.

Para os países emergentes, "é o final da grande ilusão", disse à AFP a economista Christine Rifflart. O retorno "a um período de normalização das políticas monetárias nos Estados Unidos" põe fim a uma etapa "excepcional" para os países em desenvolvimento, explica a economista.

Muitos emergentes, produtores de matérias-primas, aproveitaram nos últimos anos a expansão da economia chinesa. Mas agora, ela desacelera e as exportações dos emergentes caem.

Além disso, a perspectiva de uma alta das taxas de juros nos Estados Unidos penaliza as condições de financiamento destes países. Esta alta também atrai para os Estados Unidos os fluxos financeiros, muitos deles abandonando os países emergentes, cujas divisas estão debilitadas.

A estas dificuldades se somam elementos políticos, como acontece no Brasil, onde a presidente Dilma Rousseff enfrenta um processo de impeachment, ou na África do Sul, onde o chefe de Estado, Jacob Zuma, perde credibilidade ao mudar três vezes em poucos dias o ministro das Finanças, provocando a queda do rand.

Neste contexto, os bancos centrais dos países emergentes esperam que o Federal Reserve (Fed, BC americano) opte por uma alta comedida de suas taxas de juros, que modere a atração dos fluxos financeiros.

Elevação das taxas para todos?

Estes próprios bancos centrais podem compensar a decisão da Fed elevando suas taxas, mas isto pode ter efeitos nefastos para suas economias.

"Se quiserem manter uma certa estabilidade de suas divisas, os emergentes serão obrigados a elevar suas taxas. Mas como já sofrem uma desaceleração, e em alguns casos uma verdadeira recessão, o indicado é fazer o contrário" para estimular a economia, diz Olivier Garnier, economista-chefe do banco Société Générale.

O Brasil é o caso típico: a economia está em recessão, a inflação ultrapassa os 10% e suas taxas de referência foram elevadas a 14,25%.

Por isso, o país, agora mergulhado em uma "guerra de taxas", está em "uma situação extremamente difícil", segundo Rifflart.

"A política monetária dos Estados Unidos representa um problema para o Brasil. Sua economia está em recessão e por isso deveria flexibilizar sua política monetária (baixas os juros), mas isto agravaria as saídas de capital, acentuaria a desvalorização de sua moeda e, portanto, estimularia a inflação", explicou Garnier.

Países petroleiros sofrem

Os países produtores de petróleo, penalizados pelos preços da commodity - os mais baixos em sete anos - também enfrentam esta elevação das taxas do Fed e, consequentemente, do dólar.

"Os países do Golfo, cujas moedas estão alinhadas à divisa americana, podem se deparar com uma moeda supervalorizada. Para manter sua estabilidade com relação ao dólar, serão obrigados a elevar suas próprias taxas de juros", advertiu Garnier.

A China, por sua vez, poderia ser um dos poucos países emergentes a não ser prejudicado. Antecipando a alta das taxas nos Estados Unidos, o Banco Central chinês decidiu na sexta-feira que a taxa de câmbio do iuane deverá ser no futuro menos dependente do dólar, e mais de um painel de divisas.

A economia chinesa, em plena desaceleração de seu crescimento, poderia se beneficiar desta "desvinculação" com relação ao dólar. "Ao flexibilizar a taxa de câmbio" do iuane, o governo de Pequim "teria mais liberdade para administrar melhor sua demanda interna, para reduzir suas taxas de juros e tentar reativar a demanda no mercado financeiro bancário", afirmou Rifflart.


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