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Estado de Minas

Documentos dos EUA apontam para Pinochet em morte de ex-chanceler


postado em 08/10/2015 15:55

O ex-ditador chileno Augusto Pinochet ordenou o assassinato e o acobertamento do crime contra o ex-chanceler Orlando Letelier, morto em Washington, em 1976, segundo indicam documentos tornados públicos pelos Estados Unidos, revelou nesta quinta-feira o filho do diplomata.

Esses documentos foram entregues por Washington ao governo chileno e proporcionam pela primeira vez provas conclusivas de que Pinochet mandou matar o então chanceler chileno Orlando Letelier.

Em um dos documentos entregues consta "uma comunicação entre o secretário de Estado George Shultz (1982-1989) e a presidência, e informa que há um documento conclusivo da CIA sobre o assassinato de meu pai", afirma Juan Pablo Letelier, filho do ex-chanceler e atual senador pelo Partido Socialista chileno, em uma entrevista à Tele13 Radio.

"Esta é a primeira vez que há documentos que evidenciam isso", completou o senador referindo-se ao envolvimento de Pinochet no crime.

Os Estados Unidos entregaram nesta semana ao Chile mil documentos publicados sobre o assassinato de Letelier, ocorrido na capital americana no dia 21 de setembro de 1976, na explosão de uma bomba plantada em seu carro. No veículo também se encontrava a secretária do chanceler, Ronni Moffit.

Os dois assassinatos ocorreram no âmbito do chamado "Plano Condor", concebido e aplicado na década 1970 pelas ditaduras militares do Cone Sul para coordenar o extermínio de opositores.

Letelier foi chanceler do governo do presidente socialista Salvador Allende (1970-1973), derrubado pelo golpe militar, e seu crime é considerado como o primeiro ato terrorista ocorrido em solo norte-americano.

Os documentos foram entregues pelo secretário de Estado americano, John Kerry, à presidente Michelle Bachelet, na conferência "Nosso Oceano" que aconteceu na segunda e terça-feira no Chile.

Posteriormente, o governo de Bachelet entregou os papéis ao filho do diplomata, que ainda não terminou de analisá-los em sua totalidade.

"Possivelmente surgirão antecedentes de outros envolvidos que ainda estão vivos no Chile e que tenham participado não da ordem ou da execução do crime, mas de seu encobrimento", afirmou.

Além de demonstrar a responsabilidade de Pinochet, os documentos americanos exporiam as ações posteriores por parte do ex-ditador para encobrir o crime.

Pinochet, que morreu em 2006, nunca foi julgado por este caso, mas a justiça conseguiu processá-lo por mais de 3,2 mil vítimas, entre mortos e desaparecidos, deixados por seu regime (1973-1990), assim como por corrupção.

Manuel Contreras, chefe da DINA, a temida polícia secreta de Pinochet, também foi condenado a sete anos de prisão, assim como o general Pedro Espinosa.

Contreras, considerado um dos maiores repressores chilenos, morreu em agosto do ano passado, cumprindo pena por violação dos direitos humanos que superavam os 500 anos de prisão.

O filho do diplomata citou como um dos possíveis acobertadores da morte de seu pai o ex-guarda-costas de Pinochet e prefeito de Providencia, Cristián Labbé.

O senador mostrou, além disso, sua esperança de que as novas informações possam reativar a única investigação que se encontra aberta no Chile em torno da morte de Ronni Moffit.

Ele também elogiou o gesto dos Estados Unidos de revelar estes documentos que até então eram mantidos sob sigilo.


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