O Partido Comunista Português (PCP), que obteve 8,3% dos votos em sua aliança com os Verdes nas eleições legislativas de domingo passado, vencidas pela coalizão de direita no poder, revelou nesta quarta-feira sua disposição de apoiar um eventual governo formado pelo Partido Socialista (PS).
"Uma solução de governo do Partido Socialista contaria com nosso apoio", afirmou o dirigente do PCP, Jeronimo de Sousa, após um encontro com o líder socialista Antonio Costa, cujo partido foi o segundo colocado nas eleições, com 32,4% dos votos.
Em uma entrevista coletiva, Costa declarou que planeja "continuar com o diálogo nos próximos dias (com o PCP) para aprofundar os pontos de convergência".
No domingo, Costa advertiu que "o PS não contribuiria com uma maioria de bloqueio sem a condição de propor uma alternativa crível de governo".
Na noite de terça-feira, o presidente Aníbal Cavaco Silva encarregou o primeiro-ministro em final de mandato, Pedro Passos Coelho, a negociar um acordo com o Partido Socialista (PS) que assegure a estabilidade de um futuro governo.
"Chegou a hora dos compromissos", advertiu o chefe de Estado, que nunca ocultou sua preferência por uma grande coalizão como na Alemanha ou Finlândia.
Mas tal opção foi descartada por Antônio Costa: uma coalizão com a direita "não é imaginável exceto em uma situação extrema, como uma invasão marciana", ironizou.
- Novo acordo na direita -
Dispostos a "governar durante quatro anos", o Partido Social Democrata (PSD), de Passos Coelho, e seu aliado minoritário, o CDS, de Paulo Portas, firmaram nesta quarta um acordo de coalizão.
"Faremos tudo para evitar que as eleições se convertam na ante-sala da instabilidade política", disse Passos Coelho, que deve se reunir com Costa nos próximos dias.
Na futura assembleia, a coalizão de direita contará com 104 deputados sobre o total de 226, contra 85 do PS.
A situação exige alianças ou negociações sobre compromissos pontuais em um Parlamento dominado pela esquerda, que terá 121 cadeiras no total, ameaçando a permanência de um governo minoritário.
Segundo o analista Antônio Costa Pinto, fragilizado por sua derrota eleitoral "o PS terminará dando seu aval à política do governo para ter tempo de resolver seus problemas internos".
No mesmo sentido, a oposição socialista não tem pressa em provocar eleições antecipadas, já que corre o risco de ser punida nas urnas por mergulhar o país em uma crise política.
A nova assembleia não poderá ser dissolvida no prazo de seis meses, o que adia a convocação de eleições antecipadas até abril de 2016.