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Estado de Minas

Cultura das armas nos EUA causou morte de três crianças nos últimos dias

Os Estados Unidos têm quase a mesma quantidade de armas em mãos de civis que a quantidade de habitantes


postado em 07/10/2015 15:01 / atualizado em 07/10/2015 16:35

Um aluno foi ferido com um tiro em uma escola da cidade de Taft, na Califórnia, oeste dos EUA, em 2013(foto: AFP /Agence France-Presse )
Um aluno foi ferido com um tiro em uma escola da cidade de Taft, na Califórnia, oeste dos EUA, em 2013 (foto: AFP /Agence France-Presse )
Crianças de cinco meses, oito e 12 anos morreram nos últimos dias por causa de acidentes nos Estados Unidos envolvendo armas de fogo nos Estados Unidos.


O azar tem um papel importante nessas tragédias, mas a negligência é maior. É o transparece em um exemplo típico relatado pelo The Repository of Canton, pequeno jornal de Ohio (nordeste).


Dois irmãos de 11 e 12 anos são convidados para um campo de tiro. Nada original em um país onde desfrutar o fim de semana esvaziando pentes com balas é algo comum. Uma arma descansa sobre a mesa de piquenique. O irmão menor pega a arma e ela dispara. Seu irmão mais velho é atingido pelo disparo na cabeça e morre.


No domingo, a mídia mostrou também a morte de uma menina de oito anos no estado do Tennessee (centro). Foi morta por um vizinho de 11 anos. A origem do drama foi uma simples disputa por um cachorrinho. O menino pegou a pistola calibre 12 do pai que não estava escondida e de sua própria casa disparou na vizinha.


Um estudo realizado no ano 2000 pelo American Journal of Public Health em residências com crianças e armas concluiu que mais de 40% desses lares tinham pelo menos uma arma guardada, mas não trancada, e sem a trava de segurança ativada.


Quinze anos depois, o problema está longe de ser resolvido, apesar da quantidade de campanhas de sensibilização existentes feitas tanto pelo lobby das armas como por seus adversários.


Barulho que confunde


A poderosa Associação Nacional de Rifles (NRA) tem em seu site uma lista de recomendações para quem tem armas e vive com filhos pequenos.


"Em casa chamamos as armas de armas. Não de 'bang bang' ou 'pá-pá'", diz uma "mãe NRA" em um vídeo. A mulher desaconselha que as crianças da casa tenham jogos que representem armas, para evitar qualquer "tipo de confusão".


Atualmente um terço das crianças americanas vive em lares onde há pelo menos uma arma. E dois milhões delas vivem próximo de uma arma cuja trava de segurança não está ativada, afirma a organização Everytown for Gun Safety.


Outros estudos mostram que dois terços das crianças sabem perfeitamente onde estão guardadas ou escondidas as armas de seus pais, apesar dos adultos estarem convencidos do contrário.


A forma de guardar as armas é apenas um lado do problema. Os acidentes acontecem em toda parte porque as armas circulam sem problemas.


"Há mais mortes de crianças por armas de fogo nos Estados Unidos que em relação aos países desenvolvidos porque temos armas e leis permissivas em matéria de armas", explica em entrevista à AFP David Hemenway, escpecialista da Universidade de Harvard.


Os Estados Unidos têm quase a mesma quantidade de armas em mãos de civis que a quantidade de habitantes.


"Por outro lado muitos pais não entendem que seus filhos não tenham desenvolvido tanto sua psicologia e que não podemos esperar que as crianças se comportem como pequenos adultos", acrescenta Hemenway.


Assassino aos dois anos


Não é raro que nos Estados Unidos os menores de 12 anos manipulem armas com balas reais apesar de sua pouca consciência do perigo.


Em agosto de 2014, uma menina de nove anos matou seu instrutor de tiro enquanto manipulava uma metralhadora Uzi no Arizona.


Quatro meses depois um menino de dois anos matou sua mãe acidentalmente em um supermercado de Idaho (norte), ao pegar a pistola que ela carregava no bolso.


No início de setembro a cidade de Cleveland (Ohio, nordeste) registrou a morte por ferida à bala de uma criança de cinco anos, seguida de outra de três anos.


Nesta quinta-feira acontece o funeral de Aavielle Wakefield, que morreu com um tiro no peito aos cinco meses de vida.


Esses casos causaram impacto aos americanos e geram preocupação além de suas fronteiras. Apesar disso, nada mudou.


Um ano depois do acidente no campo de tiro do Arizona, crianças continuam autorizadas a disparar contra objetivos, segundo uma reportagem recente publicada no New York Times.


Nos últimos días, o tiroteio em uma universidade de Oregon (noroeste) feito por um jovem reavivou o debate sobre o controle de armas no país.


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