O recém-eleito primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, formou nesta terça-feira um novo governo de coalizão com o partido soberanista Gregos Independentes (Anel), e confirmou no cargo o ministro das Finanças, Eucleide Tsakalotos, anunciou a porta-voz do governo, Olga Gerovassili.
Este professor de economia já comandou o ministério das Finanças durante um mês no governo anterior de Tsipras, após a demissão, em 6 de julho, de seu antecessor, Yanis Varoufakis. Sua saída facilitou a assinatura, uma semana depois, de um acordo entre Atenas e a zona do euro para um terceiro empréstimo ao país.
Tsakalotos, que tem a difícil tarefa de aplicar "as reformas" reivindicadas pelos credores da Grécia, estará acompanhado de Georges Chuliakaris como vice-ministro das Finanças. Ele foi um dos principais negociadores da Grécia em Bruxelas para alcançar o acordo em julho e até o momento chefiava a pasta como ministro interino.
Em linhas gerais, o novo governo é uma cópia quase exata do executivo anterior que Tsipras liderava até a sua demissão em agosto, quando os partidários mais radicais de seu partido, o Syriza, começaram a desafiar seus projetos legislativos e políticos.
O novo Executivo contará novamente com Georges Stathakis, como ministro da Economia e Desenvolvimento, e com Nikos Kotzias, como chanceler.
A importante pasta da gestão da crise migratória, o Ministério do Interior, será ocupada por Panyaotis Kurubis, como ministro, e Yoanis Muzalas, titular do vice-ministério de Política Migratória.
No total, o novo governo compreende 16 ministros, assim como 30 vice-ministros e secretários de Estado.
"Os membros do novo governo prestarão juramento na quarta-feira às 04H00 (Brasília)", informou a porta-voz, uma das sete mulheres do novo governo.
Após sua vitória nas legislativas de domingo e sua posse na segunda, o premiê grego tem previsto participar nesta quarta de uma cúpula extraordinária da União Europeia dedicada a refugiados.
Segundo seu gabinete de imprensa, Tsipras deve se reunir em Bruxelas com a chanceler alemã, Angela Merkel, e com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, que lembrou-lhe na segunda-feira que "havia muito trabalho a fazer e pouco tempo a perder".
Primeiro e único dirigente da esquerda radical na União Europeia, Tsipras voltou a surpreender os chefes de Estado europeus ao forçar novas eleições legislativas oito meses depois de chegar ao poder, com o objetivo de assentar sua maioria diante das tensões dentro do seu próprio partido.
O premiê, de 41 anos, ganhou a aposta, com 35,46% dos votos contra 28,10% da oposição de direita.
A Comissão Europeia já enviou na segunda-feira uma mensagem ao novo governo grego, lembrando-lhe que espera a adoção das reformas descritas no acordo de julho. O plano de assistência financeira dava à Grécia um novo empréstimo de 86 bilhões de euros em três anos.