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Estado de Minas

Menino sírio afogado é enterrado, enquanto UE busca solução para a crise


postado em 04/09/2015 10:55

O pai do menino sírio de três anos que morreu afogado na Turquia, e cuja fotografia provocou uma forte comoção em todo o mundo, retornou nesta sexta-feira a Kobane, na Síria, para enterrar a família.

Já os ministros das Relações Exteriores da União Europeia (UE), reunidos em Luxemburgo, tentantam superar as divisões internas que os impedem de encontrar uma solução para a crise dos refugiados.

Na Síria, o menino sírio encontrado morto em uma praia turca depois de um naufrágio foi enterrado ao lado do irmão e da mãe, em um funeral muito emotivo na cidade síria de Kobane.

"O sepultamento aconteceu na presença de centenas de pessoas. Todos estavam tristes e choravam", afirmou Mustefa Ebdi, um jornalista de Kobane.

Abdullah Shenu, pai do pequeno Aylan, de 3 anos, "ainda está em estado choque", disse Ebdi.

Durante a oração fúnebre da família, ele afirmou ser o único responsável pelo que aconteceu. "Não acuso ninguém", relatou o jornalista.

"Eu pagarei por toda a minha vida", completou, de acordo com Ebdi.

As três vítimas foram enterradas no mausoléu dedicado aos "mártires de Kobane".

"Também disse 'meu filho está entre os muitos mortos (do conflito). Temos que encontrar uma solução para a tragédia na Síria", contou Ebdi.

"De que me serve a solidariedade do mundo? Perdi o que mais amava", disse Abdullah Shenu, segundo o jornalista.

"Como pai que perdeu os filhos, não tenho mais nada o que esperar deste mundo. A única coisa que gostaria é que o drama e os sofrimentos na Síria acabassem, que a paz retornasse", disse, de acordo com a agência turca Dogan.

O corpo de Aylan foi encontrado na quarta-feira em uma praia de Bodrum com o rosto voltado para a areia.

Depois do naufrágio que dizimou a família Kurdi, a polícia turca prendeu quatro suspeitos de tráfico de seres humanos, todos de nacionalidade síria.

A comoção despertada pela visão do menino morto na praia turca parece ter vencido as resistências do primeiro-ministro britânico, David Cameron, criticado por sua falta de envolvimento na crise dos migrantes.

Em Lisboa, Cameron anunciou nesta sexta-feira que o Reino Unido está disposto a acolher mais refugiados sírios.

"Frente à dimensão da crise e do sofrimento das pessoas, posso anunciar hoje que faremos mais, acolhendo milhares de refugiados sírios adicionais", declarou.

Fim das divisões

O bloco europeu está dividido sobre como responder ao fluxo de solicitantes de asilo, que sobrecarrega as infraestruturas de acolhimento de vários de seus membros.

Ao chegar à reunião de dois dias dos chanceleres da UE em Luxemburgo, o alemão Frank-Walter Steinmeier pediu aos europeus que parem com as recriminações e cooperem para responder à crise.

"A Europa não tem o direito de se dividir diante de semelhante desafio", disse o ministro ao chegar a uma reunião com seus colegas em Luxemburgo.

"As recriminações não vão ajudar este problema a ser controlável", acrescentou.

Itália e Grécia, na linha de frente do problema, pedem uma solidariedade maior dos vizinhos.

A Comissão Europeia propõe uma repartição obrigatória de solicitantes de asilo entre os 28 membros.

Na próxima semana, serão feitas novas propostas para que essa divisão abranja 120.000 pessoas. Mas a tarefa não e fácil. Apenas 28 aceitaram em julho uma divisão voluntária, em um mecanismo permanente, e falaram de um total de 32.000 pessoas.

Para tentar superar a divergência crescente entre países europeus, a Alemanha, que este ano receberá 800.000 refugiados, e a França lançaram na véspera uma iniciativa comum destinada a "organizar a acolhida de refugiados e a divisão equitativa na Europa das famílias que fogem principalmente da guerra na Síria".

O acordo franco-alemão também garante o retorno dos migrantes irregulares a seus países e ajudar os países de origem e de trânsito".

Desde o início do ano, mais de 350.000 pessoas cruzaram o Mediterrâneo, e mais de 2.600 morreram ao tentar chegar por mar a Europa, segundo a Organização Internacional para as Migraciones (OIM).

Milhares de pedidos de asilo

Nesta sexta-feira a ONU voltou a pressionar os europeus ao pedir a divisão obrigatória de ao menos 200.000 solicitantes de asilo entre os 28 membros da UE.

"Trata-se antes de tudo de uma crise de refugiados, e não apenas um fenômeno migratório", afirmou o Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Antonio Guterres, afirmando que a grande maioria dos que chegam ao litoral da Grécia procedem de países em conflito, como Síria, Iraque e Afeganistão.

Na Hungria, a situação continua tensa. Em Budapeste, que construiu uma criticada barreira de 175 km para deter as chegadas da Sérvia, mais de 1.000 migrantes saíram a pé nesta sexta-feira da principal estação de trens da cidade com a intenção seguir até a Áustria, depois que as autoridades húngaras suspenderam na terça-feira as viagens ferroviárias internacionais.

Os migrantes, incluindo alguns que estão bloqueados há vários dias na capital húngara, afirmam que pretendem caminhar até a fronteira austríaca, que fica a uma distância de 175 km.

Os migrantes, que incluem crianças e pessoas em cadeiras de rodas, atravessaram uma das principais pontes sobre o Danúbio sem qualquer intervenção das forças de segurança.

Além disso, cerca de 300 migrantes fugiram nesta sexta-feira de um abrigo húngaro em Roszke, o que levou as autoridades desse país a fechar parcialmente um ponto de passagem na fronteira com a vizinha Sérvia.

A Hungria, um dos principais países de trânsito na Europa central, recebeu mais 3.300 migrantes na quinta-feira, segundo o Acnur.

Por fim, a OIM anunciou que ao menos 30 pessoas que zarparam da Líbia se encontram desaparecidas no Mediterrâneo depois que uma embarcação com cerca de 140 migrantes a bordo começou a afundar. A Guarda Costeira italiana conseguiu resgatar 91 pessoas.

Em outro incidente, uma lancha italiana socorreu uma embarcação em dificuldade com 106 pessoas a bordo.


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