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Estado de Minas

Reunião histórica abre nova fase nas Américas


postado em 12/04/2015 09:22

As Américas iniciaram um ponto de inflexão no fim de semana. Pela primeira vez em mais de 50 anos, os presidentes dos Estados Unidos e de Cuba - inimigos durante mais de meio século - conversaram de maneira franca.

Em uma situação que seria considerada impossível há poucos anos, o presidente americano Barack Obama e seu colega cubano Raúl Castro conversaram durante mais de uma hora na VII Cúpula das Américas, que aconteceu na sexta-feira e sábado no Panamá.

O diálogo histórico "marca um antes e um depois não apenas entre Estados Unidos e Cuba, mas permite prever uma cooperação maior entre os países do continente", celebrou Obama após a reunião.

Obama também dialogou, por poucos minutos, com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, um de seus principais adversários na região.

"Esta é a cúpula da reconciliação", afirmou Carlos Malamud, analista do Real Instituto Elcano, com sede em Madri.

O encontro entre Washington e Havana sela o processo de aproximação que os dois governos anunciaram em 17 de dezembro e vira a página de um dos episódios mais conturbados da Guerra Fria.

Finalmente, 56 anos depois da vitória da revolução liderada por Fidel Castro, seu irmão Raúl, de 83 anos, se reconciliou com os Estados Unidos.

"Tem sido uma história complicada a dos nossos países", admitiu Raúl Castro.

"Mas estamos dispostos a avançar e a discutir tudo", afirmou.

Esta foi, sem dúvidas, uma grande estreia para ilha comunista no fórum, do qual sempre esteve excluído desde sua criação, há 21 anos, por iniciativa de Washington.

"A Cúpula representa um respaldo para as negociações bilaterais dos Estados Unidos e de Cuba e, sobretudo, tornam cada vez mais difícil um recuo, por parte dos dois lados", opina Malamud.

Cuba exige dos Estados Unidos a retirada completa do embargo comercial que, desde 1962, asfixia sua economia e a devolução de Guantánamo, onde Washington tem uma base naval.

O governo dos Estados Unidos deseja avanços verdadeiros na questão dos direitos humanos na ilha comunista.

Mas nem todos celebram a situação.

"Este presidente mostrou que está disposto a fazer o que nenhum de seus antecessores de ambos os partidos jamais fizeram", criticou o senador americano Ted Cruz, cubano-americano e pré-candidato republicano à presidência em 2016.

"Apenas a participação de Cuba nesta reunião é um ato flagrante", reclamou o dissidente cubano Jorge Luis García Antúnez.

Mas o caminho já foi traçado.

"Tanto Obama como Castro deixaram claro, aos que se opõem internamente a sua iniciativa, que eles são os que estão no comando", destacou Malamud.

- O presidente da paz -

A grande dúvida era se Maduro tentaria estragar a festa, depois que Obama declarou em março a Venezuela como uma ameaça para a segurança nacional e impôs sanções contra sete funcionários venezuelanos.

Mas até Obama e Maduro tiveram um breve diálogo pela primeira vez desde que o venezuelano assumiu a presidência.

Obama reiterou que o "interesse dos Estados Unidos não era ameaçar a Venezuela, e sim apoiar a democracia, estabilidade e prosperidade na Venezuela", disse Katherine Vargas, porta-voz da Casa Branca.

Durante as sessões plenária, Maduro surpreendeu com uma declaração dirigida a Obama: "Eu estendo minha mão para resolver os assuntos entre Estados Unidos e Venezuela".

Mas o presidente venezuelano exigiu que Obama retire o decreto que chamou de "desproporcional". Com a premissa de que um inimigo de meu amigo é meu inimigo, Argentina, Bolívia e Equador demonstraram apoio incondicional à Venezuela.

"Deixamos de ser a região obediente e submissa", disse o presidente boliviano, Evo Morales.

"Esta é uma agressão não apenas contra a Venezuela, e sim contra toda a América Latina", completou.

A revolução cubana iniciada em 1959 despertou décadas de um intenso sentimento anti-imperialista em todo o continente. Mas desde então muita água passou sob a ponte.

Na área econômica, a região que representa 10% do PIB mundial e há cinco anos assombrava o mundo, hoje sofre com a desaceleração, afetada pela queda dos preços das matérias-primas, um escasso dinamismo da demanda global e a valorização do dólar.


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