O premiê Benjamin Netanyahu recebeu nesta quarta-feira a responsabilidade de formar o novo governo em Israel, uma decisão já esperada após sua vitória nas eleições legislativas.
"Decidi lhe confiar a decisão de formar o governo", declarou o presidente Reuven Rivlin, acompanhado de Netanyahu, à imprensa.
"Nossas mãos estão estendidas em sinal de paz para nossos vizinhos palestinos, e o povo de Israel sabe que a paz verdadeira, assim como nosso futuro, estarão garantidos apenas se Israel for forte", declarou o premiê.
No poder desde 2009 após um primeiro mandato de 1996 a 1999, Netanyahu, de 65 anos, terá 28 dias - eventualmente renováveis por outros 14 - para constituir seu governo.
Em princípio, prevê-se um Executivo mais à direita do que o do governo que termina, mas um governo de unidade nacional, incluindo os trabalhistas, ainda não está totalmente descartadas.
O partido de Netanyahu, o conservador Likud, dispõe de 67 cadeiras das 120 do Parlamento (Knesset).
Netanyahu terá de conciliar as contraditórias exigências dos membros de seu próprio partido, de dois partidos nacionalistas (Lar Judaico e Israel Beiteinu), de duas formações ultraortodoxas (Shass e Lista Unificada do Torah) e do partido de centro-direita Kulanu.
A corrida por Ministérios no próximo governo Netanyahu começou antes mesmo da abertura de negociações formais. As maiores pastas - Defesa, Finanças e Relações Exteriores - são as mais cobiçadas. Apenas a de Finanças parece estar garantida para Moshe Kahlon.
Esse antigo membro do Likud agora lidera o novo partido Kulanu, que defende uma plataforma de vocação social. As dez cadeiras de seu partido são fundamentais para assegurar a maioria do governo.
Excessos de campanha
Agora, Netanyahu e seu governo terão de lidar com as consequências de uma campanha que dividiu israelenses e afetou as relações com seu maior aliado, os Estados Unidos.
Em outra frente de desafios, a direção palestina já anunciou que pretende apresentar, em 1º de abril, suas primeiras ações por crimes de guerra contra Israel no Tribunal Penal Internacional.
Desde sua vitória, Netanyahu paga o preço pelos excessos de sua campanha, realizados para atrair os eleitores mais conservadores.
Ao longo da corrida eleitoral, Netanyahu garantiu que não permitiria a criação de um Estado palestino e que Jerusalém nunca será a capital desse território. O premiê também prometeu continuar com a colonização e alertou para o "perigo" de uma votação maciça dos árabes-israelenses.
Depois do resultado das urnas, Netanyahu tentou amenizar a inflamada retórica e, na segunda-feira, disse lamentar ter ferido a sensibilidade dos árabes-israelenses.
O presidente americano, Barack Obama, já anunciou que pretende reavaliar sua postura sobre Israel na ONU. O apoio dos Estados Unidos na organização é crucial para Israel.
"Nós acreditamos que dois Estados é a melhor solução para a segurança de Israel, para as aspirações dos palestinos e para a estabilidade regional", disse Obama, reiterando a posição americana sobre o conflito entre Israel e os palestinos.