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Estado de Minas

Ataque terrorista deixa 22 mortos e 42 feridos em museu no Parlamento da Tunísia

Entre os mortos estão 20 turistas. Um policial e dois atiradores foram mortos durante a ação das forças de segurança. Outros três conseguiram fugir


postado em 18/03/2015 13:19 / atualizado em 18/03/2015 16:28

Forças de segurança cercaram o local onde atiradores faziam reféns(foto: FETHI BELAID / AFP)
Forças de segurança cercaram o local onde atiradores faziam reféns (foto: FETHI BELAID / AFP)

Vinte e duas pessoas pessoas, incluindo 20 turistas estrangeiros, foram mortos nesta quarta-feira no ataque contra o Museu do Bardo em Túnis, o primeiro ato contra estrangeiros desde a revolução tunisiana. Este ataque terrorista, segundo o ministério do Interior, afeta o país pioneiro da Primavera Árabe que, ao contrário dos demais Estados que viveram movimentos contestatórios em 2011, conseguiu escapar até então da onda de violência ou de repressão.

"A operação terminou", anunciou o porta-voz do ministério Mohamed Ali Arui às 15H00 GMT (12h00 de Brasília), quatro horas após o início da crise. "São 22 mortos, sendo 20 turistas de nacionalidades sul-africana, francesa, colombiana, polonesa e italiana", afirmou à imprensa o porta-voz do ministério do Interior, Mohamed Ali Arui.

As duas vítimas tunisianas são um policial e um civil, enquanto os dois criminosos também foram mortos. Segundo o primeiro-ministro Habib Essid, a polícia procura dois ou três cúmplices do ataque. "Há a possibilidade, mas não a certeza, (de que os dois agressores mortos) foram ajudados por dois ou três elementos, e nós lançamos vastas operações para identificar esses terroristas", indicou.

De acordo com Arui, "há 42 feridos, incluindo italianos, franceses, belgas e um russo". Os agressores, vestidos em uniformes militares, atiraram contra os turistas quando estes desciam do ônibus e os perseguiram no interior do museu, de acordo com o primeiro-ministro.

Cerca de cem turistas estavam no museu quando "dois homens ou mais, armados com Kalachnikovs", atacaram. Uma funcionária do museu, visivelmente abalada, testemunhou ter ouvido "tiros intensos por volta de meio-dia". "Meus amigos gritavam: 'fujam, fujam, são tiros'", relatou à AFP Dhuha Belhaj Alaya.

Pânico

No Parlamento, ao lado do museu, o pânico imperou quando os tiros foram ouvidos, informou a deputada Sayida Ounissi em seu Twitter. O tiroteio ocorreu "durante a audiência das forças armadas sobre a lei anti-terrorismo", com a presença do "ministro da Justiça, juízes e vários oficiais do exército", disse ela. Os trabalhos da casa foram suspensos.

O governo dos Estados Unidos condenou o atentado e expressou sua solidariedade com o povo do país. "Os Estados Unidos condenam nos termos mais fortes possíveis o ataque terrorista de hoje no Museu do Bardo na Tunísia", indicou o secretário de Estado John Kerry em um comunicado.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também condenou o que chamou de deplorável ataque contra o museu tunisiano e transmitiu suas profundas condolências às famílias das vítimas. O ministério das Relações Exteriores italiano, citado pelas agências italianas, informou que dois italianos ficaram feridos e muitos estão sob a proteção da polícia. Alguns turistas presentes viajavam no cruzeiro Costa, que faz escala no porto de Túnis.

Já o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, lamentou em seu Twitter a "morte de 2 colombianos em Túnis e oferecemos condolências a sua família". O presidente da Tunísia, Beji Caid Essebsi, visitou o hospital Charles Nicole de Túnis, onde os feridos foram hospitalizados, de acordo com um jornalista da AFP.

"As autoridades tomaram todas as medidas para garantir que tais atos nunca mais voltem a acontecer", ressaltou à AFP. Este ataque "visa a nossa economia", declarou Mohsen Marzuk, conselheiro político do presidente, referindo-se a importância do setor do turismo no país.

Desde a revolução de janeiro de 2011, que depôs o presidente Zine El Abidine Ben Ali, a Tunísia viu crescer um movimento jihadista, responsável pela morte de dezenas de policiais e soldados, segundo as autoridades. Ligado à Al-Qaeda, o Okba Ibn Nafaa Phalanx é considerado o principal grupo jihadista ativo no país, atuante na região do monte Chaambi, na fronteira com a Argélia.

Entre 2.000 e 3.000 tunisianos também teriam se juntado às fileiras jihadistas no exterior, principalmente na Síria, Iraque e Líbia. Quinhentos outros jihadistas tunisianos teriam retornado ao país e seriam, segundo a polícia, uma das maiores ameaças à segurança do país.

Tunisianos que combatem ao lado do grupo Estado Islâmico (EI), muito ativo na Síria e no Iraque, também ameaçaram sua terra natal nos últimos meses.

Museu do Bardo

O Museu do Bardo de Tunis abriga uma coleção excepcional de mosaicos. A riqueza de suas coleções, que cobrem a Pré-História e as épocas fenícia, púnica, númida, romana, cristã e árabe-islâmica, é única. O museu duplicou em 2012 sua superfície de exposição, atingindo 23.000 m2, e reorganizou sua apresentação. Entre as obras-primas expostas, está "O triunfo de Netuno", de 13 metros por 8 metros, datada do século II, o maior mosaico vertical do mundo.

Outra obra-chave é a coleção de mosaicos intitulada "A alcova de Virgílio", que representa o poeta e autor de "Eneida" cercado de musas.Instalado em um palácio da época do Império Otomano, o museu acolhe milhares de visitantes por ano, e registrou eu maior número em 2005, com 600.000 pessoas. Em 2011, ano da revolução, apenas 100.000 o visitaram.

O turismo, setor-chave da economia local, ficou muito afetado com a crise política e o surgimento do movimento jihadista depois da revolução de derrubou o presidente Zine El Abidin Ben Ali em janeiro de 2011.

Em 2014, a renda com o turismo registrou um leve crescimento. O número de turistas, no entanto, baixou 3,2%, caindo para 6,07 milhões, diante dos 6,27 milhões de 2013.

Com informações da AFP e Agência Estado


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