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Estado de Minas

Ex-preso de Guantánamo refugiado no Uruguai pede asilo argentino para detentos


postado em 12/02/2015 21:31

O cidadão sírio Jihad Diyab, um dos seis ex-presos de Guantánamo que chegaram ao Uruguai como refugiados em dezembro, foi à Argentina e pediu ao governo de Cristina Kirchner que receba detentos do presídio americano.

As declarações foram dadas a veículos alternativos em Buenos Aires e vazaram nesta quinta-feira.

No ano passado, Jihad Diyab chegou a fazer greve de fome e recorreu à Justiça americana para fazer valer seu direito de não ser alimentado à força durante sua reclusão em Guantánamo.

"Nunca vou esquecer dos companheiros que estão lá e é por isso que vim aqui para lutar. Por exemplo, o governo argentino pode receber presos de Guantánamo aqui em caráter humanitário", disse Diyab a jornalistas da Radiográfica e da rádio das Mães da Praça de Maio.

Diyab chegou ao Uruguai em dezembro, junto com o tunisiano Abdul Bin Mohammed Abis Ourgy, de 49 anos, o palestino Mohammed Tahanmatan (35) e os sírios Ahmed Adnan Ahjam (37), Ali Hussain Shaabaan (32) e Omar Mahmud Faraj (39), depois de passar mais de uma década na prisão americana instalada em solo cubano.

O sírio deu essas declarações, vestindo o uniforme alaranjado que vestia em Guantánamo, contou à AFP Martín Suárez, o jornalista da Rádio Mães da Praça de Maio, que integrou o grupo de entrevistadores.

"Essa roupa é parte de mim. Antes de sair, eles me disseram para me trocar e vestir um terno marrom. Pus este por cima, porque é simbólico e muito importante para mim", disse ele em árabe, com tradução de um tunisiano residente na Argentina.

O ex-detento exortou os americanos a mudarem sua visão sobre os presos de Guantánamo.

"Eu gostaria de dizer ao povo americano que vocês foram apresentados aos presos de Guantánamo como combatentes inimigos, e nós fomos detidos em nossas casas", afirmou.

Ele acrescentou que "o verdadeiro inimigo dos próprios americanos é a própria política do governo americano".

Nesta quinta, o presidente uruguaio, José Mujica, visitou os ex-presos em Montevidéu, pela primeira vez, noticiou o jornal "El País" em sua edição digital.

O esquerdista e ex-guerrilheiro - que viveu um longo cativeiro de mais de uma década, durante a qual sofreu torturas - atendeu a um pedido do colega americano, Barack Obama, e recebeu os ex-presos por razões humanitárias.

Também nesta quinta, a revista "Búsqueda" reportou que o ex-preso saiu do Uruguai no domingo e informou sobre problemas de adaptação dos refugiados.

Fernando Gambera - dirigente da central operária do Uruguai PIT-CNT, que deu aos refugiados moradia e colaborou com seu plano de adaptação - confirmou que Diyab voltou ao país nas últimas horas e já está com os outros ex-presos na casa que dividem em Montevidéu.

Sobre os problemas de adaptação que sofrem, Gambera comentou que, apesar de contar com várias ofertas de trabalho, "não conseguimos fazer que tenham a segurança para ir e, por isso, estamos dando mais tempo".

"Além de tudo o que falta aprender do idioma espanhol e das barreiras culturais que existem, é fundamental que comecem a trabalhar o quanto antes, porque isso vai dar a eles identidade social", defendeu Gambera.

Os quatro sírios compartilham diariamente a casa fornecida pelo PIT-CNT. Os outros dois dormem em um hotel e passam o dia junto dos demais, explicou Fernando Gambera.

A transferência dos presos ao Uruguai é a primeira de Guantánamo para um país sul-americano.

Na controversa prisão americana na ilha cubana, inaugurada em 2002, há mais de 100 presos.


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