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Estado de Minas

Especialistas entregam relatório sobre história do conflito armado colombiano


postado em 10/02/2015 16:55

Uma comissão de acadêmicos entregou nesta terça-feira seu relatório sobre a história do conflito armado de meio século na Colômbia aos negociadores do governo e à guerrilha das Farc em Cuba, que deve servir como insumo para projetar fórmulas para a paz.

No âmbito da entrega do documento, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia convocaram o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, a suspender seu "perigoso jogo de hostilidades" contra redutos da guerrilha, que mantém desde 20 de dezembro uma trégua unilateral por tempo indeterminado.

Integrada por 12 especialistas e dois relatores, a comissão de história investigou por quase seis meses os "principais fatores e condições que facilitaram ou contribuíram para a persistência do conflito" armado, assim como suas origens e múltiplas causas.

Os relatores são o ex-reitor da universidade Nacional da Colômbia Víctor Moncayo e o sociólogo Eduardo Pizarro - irmão de um ex-líder da guerrilha do M-19 - que começaram a expor as conclusões do documento - composto por 12 relatórios individuais -, em uma sessão a portas fechadas iniciada às 09h30 locais (12h30 de Brasília), que se prolongará por todo o dia.

A sessão conta com a participação de 11 dos 12 acadêmicos, assim como das delegações negociadoras lideradas por Humberto de la Calle (governo) e Iván Márquez (Farc).

Os acadêmicos também analisaram "os efeitos e impactos mais notórios do conflito sobre a população" colombiana, com o objetivo de que suas conclusões sirvam para um eventual acordo que coloque fim a um conflito que deixou 220.000 mortos e 5,3 milhões de deslocados, segundo números oficiais.

No entanto, suas conclusões não substituem o relatório de uma "Comissão da Verdade" que as partes esperam criar quando o conflito armado acabar, esclareceram fontes das duas equipes. Também não terão efeitos jurídicos, já que não fixam responsabilidades penais.

O conteúdo do documento não foi publicado até agora, mas uma fonte do governo disse que será amplamente difundido na Colômbia.

Embora seu conteúdo seja desconhecido, a "Comissão histórica do conflito e suas vítimas", criada em 21 de agosto, já tem críticos na Colômbia, entre eles o procurador-geral Alejandro Ordóñez, que expressou que "a verdade como direito não pode ser jamais o resultado de uma negociação".

A sessão de entrega do relatório ocorria excepcionalmente em um salão do hotel Ocidental Miramar, repleto de turistas, e não no Palácio de Convenções de Havana, sede habitual das negociações de paz iniciadas em 19 de novembro de 2012.

Junto aos acadêmicos, relatores e negociadores do governo de Juan Manuel Santos e das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) estavam presentes na sessão diplomatas dos países fiadores do processo de paz - Cuba e Noruega - e dos acompanhantes - Chile e Venezuela.

Farc pedem que Santos aceite trégua

Momentos antes do início desta sessão, as Farc convocaram Santos a aceitar uma trégua bilateral, um dia após a guerrilha decidir manter seu cessar-fogo unilateral, apesar de denunciar reiteradamente operações militares contra seus redutos.

"Convocamos o presidente Santos a não persistir em seu perigoso jogo de hostilidades que todos os dias ameaça frustrar nosso gesto humanitário e fazemos um chamado a não adiar mais a decisão de acordar o cessar-fogo bilateral", disse à imprensa a guerrilheira holandesa Tanja Nijmeijer.

Uma trégua bilateral conduzirá à "ansiada desescalada do confronto que levará ao armistício" enquanto as negociações de paz avançam, disse Nijmeijer.

Santos negou-se a aceitar uma trégua bilateral, declarando que seria aproveitada pelas Farc para que a guerrilha se fortaleça militarmente.

A prolongação da trégua das Farc foi anunciada na segunda-feira pela ex-senadora colombiana Piedad Córdoba, que liderou uma delegação da chamada Frente Ampla pela Paz que se reuniu em Havana com delegados guerrilheiros.

Esta Frente - integrada por personalidades de esquerda e organizações colombianas - se encarrega de verificar a trégua das Farc, a maior guerrilha da Colômbia.

As Farc e o governo discutem atualmente o complexo tema da reparação às vítimas do conflito, quarto dos seis pontos da agenda de paz, depois de terem entrado em acordo sobre os três primeiros: reforma rural, participação política e drogas ilícitas.


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