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Estado de Minas

Franceses em BH pedem tolerância depois de atentado

De longe, comunidade acompanhou o desdobramento pela internet e ficou perplexa com o ataque. Cônsul honorário da França cobrou atuação contra o terrorismo e a xenofobia


postado em 08/01/2015 08:30 / atualizado em 08/01/2015 08:42

Manoel Bernardes, cônsul honorário da França em BH, lamentou o crime(foto: Beto Magalhães/EM/D.A.Press)
Manoel Bernardes, cônsul honorário da França em BH, lamentou o crime (foto: Beto Magalhães/EM/D.A.Press)

Minas Gerais, onde vivem 900 franceses, também sentiu a dor pelo ataque à redação da revista Charlie Hebdo, em Paris, na manhã de ontem. Mesmo à distância, a comunidade do país europeu sente o clima de consternação, compartilha sofrimento e pede mais tolerância. O cônsul honorário da França em Belo Horizonte, Manoel Bernardes, lamenta que esse crime tenha ocorrido num país que sempre se posicionou como um “bastião da liberdade”.

“Os franceses levam a sério a igualdade e se preocupam em enfrentar as dificuldades de integração. Há vários programas para promover essa integração e proibir a discriminação religiosa. A França é um dos países com maior população imigrante e tem se saído bem nessa política”, afirma Bernardes. Com a maior comunidade muçulmana da Europa, estimada em 6 milhões de pessoas, o cônsul não tem dúvidas de que a França conseguirá tirar frutos dessa tragédia. “Haverá uma coesão maior contra o terrorismo e a xenofobia”, ressalta.

Ao saber do atentado terrorista em Paris, os olhos do francês Pierre Alfarroba, de 35 anos, encheram-se de lágrimas. Há dois meses, ele se mudou com a família da capital francesa para dirigir a unidade da Aliança Francesa, em Belo Horizonte. “É um drama absoluto, um ataque contra uma das liberdades fundamentais, que é a liberdade de expressão e de informação”, diz Pierre, que cresceu lendo a revista Charlie Hebdo.

Nascido na periferia parisiense, em ambiente de diversidade cultural e religiosa, Pierre teme que a população muçulmana se torne, junto da liberdade de expressão, vítima desse ataque. “É uma porta aberta à crítica ao Islã, e isso é muito perigoso. Há uma tendência forte de se generalizar. Somente uma minoria muçulmana é extremista”, reforça o francês.

 Pierre ressalta que seus amigos muçulmanos estão muito abalados. Para ele, o momento deve também servir como uma forma de combater a “islãmofobia”, ou seja, o preconceito em relação aos muçulmanos. “É muito importante que todo o país e o presidente da República se posicione contra todo tipo de extremismo”, afirma Pierre, que convive em casa com a diversidade – a esposa é nigeriana, a filha nasceu no Egito e o filho nasceu há três semanas em BH. “Se estivesse em Paris, seria parte desse grupo de milhares de pessoas que estão protestando contra o extremismo”, diz.

Ataque ao sonho

Há um ano morando em Belo Horizonte, a francesa Christine Chueire, de 49, conta que, na hora em que soube do ataque, sentiu “muita tristeza” e precisou se concentrar para conseguir cumprir com as obrigações do dia. “É um ataque ao sonho de conviver nos princípios da República, em harmonia. É um caso de fanatismo”, afirma. A primeira reação de Christine foi procurar o máximo de informações pela internet e, a cada matéria lida, a triste conclusão: “A vida das pessoas tem pouca importância para os outros”, diz.

Natural do Norte da França, Christine torce para que o ataque em Paris seja um recado para toda a sociedade. “Temos que criar animosidade pela paz, pela compreensão do outro para evitar o crescimento desses extremismos. A França tem a particularidade de ser um país muito laico e ter uma postura de grande tolerância tanto em relação àqueles que têm religião quanto aos que não têm”, afirma Christine, que lamenta muito as mortes. “Eles todos tiveram um papel importante na implantação desse jornalismo mais crítico”, reforça.


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