Pelé recebeu alta nesta terça-feira do hospital onde ficou internado por 15 dias por causa de uma infecção urinária, garantiu que "não teve medo de morrer" e chegou a brincar com jornalistas em uma entrevista coletiva ao afirmar que estava "se preparando para a Olimpíada".
"Quero só lembrar que para a Olimpíada podem jogar três jogadores acima de 23 anos. Eu sou um deles", insistiu o eterno camisa 10, que estava de ótimo humor quando se apresentou diante de dezenas jornalistas, ainda no hospital Albert Einstein de São Paulo.
O Rei do futebol deixou a UTI há uma semana, depois de cinco dias que deixaram o Brasil e o mundo tensos, em função de uma complicação renal.
Bom humor e trocadilhos
"Não tive medo de morrer porque sou um homem de Três Corações", afirmou Edson Arantes do Nascimento, sorridente, em trocadilho referente à cidade mineira onde nasceu há 74 anos.
"Tive a operação no fêmur, teve o problema de pedra no rim. Falei: "Opa, acho que Deus está esquecendo de mim". Em trinta anos de carreira, viajando o tempo todo, nunca tinha acontecido algo assim, uma em cima da outra", acrescentou.
O eterno camisa 10 foi internado no dia 24 de novembro, por causa de uma infecção urinária, dez dias depois de ser operado para a retirada de cálculos renais.
"Tive alguns calafrios e era uma coisa que já tinha sentido outras vezes, e não sabia que era um infecção. Estava me preparando para uma tarde de autógrafos no museu, e achei que fosse passar logo", relatou Pelé.
O mundo ficou em alerta quando o estado de saúde do rei piorou, no dia 27. Pelé foi transferido para a UTI e precisou fazer um tratamento de hemodiálise por ter a função renal comprometida.
"Como todo paciente de 74 anos, passará por um período de rehabilitação. Ficou de cama durante duas semanas e perdeu massa muscular. Ele terá que fazer fisioterapia e será avaliado em novos exames", explicou o médico Fábio Nasri.
O ex-craque possui apenas um rim, já que o outro foi retirado no fim da carreira de jogador.
"Tive que retirar porque levei uma pancada nas costas na época de Santos e a costela perfurou um dos rins", justificou.
Mundo do futebol aliviado
Mais cedo nesta terça-feira, personalidades do futebol comemoraram a notícia de que Pelé estava prestes a sair do hospital, como Michel Platini, presidente da Uefa.
O hospital havia antecipado na segunda-feira que ele receberia alta no dia seguinte.
"Estamos muito felizes de saber que Pelé deixará o hospital, ele é 'o jogador da história'. Seria muito bom que continuasse por mais tempo conosco", disse Platini à rádio Europe 1.
"Eu não podia deixar de agradecer a Deus e a todos aqueles que me mandaram mensagens. Eu fiquei até emocionado e surpreso porque recebi mensagens da China, do Paquistão, de quase todos os países da Europa. Eu não sabia que todos estavam atentos nessa situação", se emocionou Pelé.
O brasileiro foi eleito o Atleta do Século pelo jornal L´Équipe em 1981, título honorário confirmado 18 anos mais tarde pelo Comitê Olímpico Internacional.
Em 1.363 partidas, marcou 1.281 gols, um recorde, e jogou com o Santos e a seleção brasileira amistosos nos quatro cantos do planeta, contribuindo com sua fama à popularidade do futebol.
Com a camisa verde-amarela, anotou 77 gols em 91 jogos, conquistando três títulos mundiais (1958-1962-1970), o primeiro com 17 anos, na Suécia.
Depois de conquistar inúmeros troféus com o Santos, com o qual foi bicampeão mundial (1962 e 1963) e dez vezes campeão paulista, Pelé foi jogar nos Estados Unidos em 1977, no New York Cosmos, onde encerrou sua carreira.