Quase dois milhões de pessoas já compareceram às urnas até as 15h deste domingo (no horário de Brasília), na consulta simbólica pela independência da Catalunha, a menos de duas horas para o fechamento das seções eleitorais - informou a vice-presidente do governo regional, Joana Ortega.
Apesar da suspensão decretada pelo Tribunal Constitucional e de ser uma votação sem validade jurídica, sem censo prévio e sem junta eleitoral, 1.977.531 catalães foram votar até o momento, disse Joana à imprensa.
Sem censo prévio, não existe um percentual de participação previsto. Segundo números divulgados anteriormente pelo governo regional, porém, cerca de 5,4 milhões de catalães maiores de 16 anos e alguns cidadãos estrangeiros - de uma população total de 7,5 milhões - poderão participar do processo.
Os catalães que vivem fora do país também poderão votar em delegações internacionais do governo regional, que permitirá o voto por mais 15 dias, até 25 de novembro.
Arriscando-se a ser processado por "desobediência civil", ao organizar uma votação suspensa pelo Tribunal Constitucional a pedido de Madri, o presidente regional catalão, Artur Mas, tenta reforçar sua posição frente ao governo conservador de Mariano Rajoy para conseguir realizar um referendo oficial.
Neste domingo, Artur Mas disse assumir a responsabilidade pela organização da consulta, sem temer suas consequências.
O ministro espanhol da Justiça, Rafael Catalá, classificou a votação de "ato de propaganda, estéril e inútil" - em declarações por volta das 21h deste domingo (18h, no horário de Brasília).
Primeiro membro do governo Rajoy a comentar a consulta após o dia de votação, o ministro defendeu que se trata de uma "propaganda política" a serviço do presidente regional Artur Mas, "sem validade democrática".
"O governo considera que estamos frente a um dia de propaganda política organizada por forças favoráveis à independência e sem qualquer validade democrática", afirma o ministro em um comunicado divulgado em nome do governo.
"Os cidadãos foram convidados a fazer parte de um simulacro inútil e estéril por meio da qual (o presidente catalão) Artur Mas quer ocultar seu fracasso pessoal em ter conseguido organizado a consulta" prometida para dezembro de 2013, leu o ministro.
"A Espanha é um regime democrático (...) que desfruta da liberdade de expressão e de manifestação, no qual as consultas populares são regidas por normas rígidas, garantindo a imparcialidade e a neutralidade. Nenhuma dessas exigências foi respeitada", criticou o governo.
"É um ato de propagando sem consequências jurídicas, que serviu apenas para exacerbar a divisão entre catalães", completou o ministro, anunciando que o Ministério Público decidirá "nos próximos dias" se adotará "ações legais".