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Estado de Minas

Sete afegãos são condenados à pena de morte por estupro coletivo

Os sete acusados foram considerados culpados pelo sequestro e estupro de um grupo de mulheres que voltavam de carro para casa em Cabul, vindas de um casamento


postado em 07/09/2014 17:01 / atualizado em 07/09/2014 18:17

Da esquerda para direita: Azizullah, Samiullah, Mustafa e Jamil, quatro dos sete condenados(foto: AFP PHOTO/SHAH Marai )
Da esquerda para direita: Azizullah, Samiullah, Mustafa e Jamil, quatro dos sete condenados (foto: AFP PHOTO/SHAH Marai )

Um juiz afegão condenou sete homens à morte, neste domingo, por terem estuprado quatro mulheres em um caso que gerou indignação e deu destaque à violência contra a mulher no país desde a era do Talibã. Os sete acusados foram considerados culpados pelo sequestro e estupro de um grupo de mulheres que voltavam de carro para casa em Cabul, vindas de um casamento. O presidente Hamid Karzai havia pedido que os réus fossem enforcados. Tecnicamente, as penas de morte foram proferidas pelo crime de assalto à mão armada, e não pelo estupro.


Em um julgamento de poucas horas transmitido pela televisão, a Corte ouviu que os homens, com uniformes da polícia e armados, pararam um comboio de carros na manhã de 23 de agosto. Eles arrastaram quatro mulheres para fora dos veículos, roubaram seus pertences, espancaram-nas e, depois, cometeram os estupros. Uma delas disse que estava grávida. "Fomos a Paghman com nossas famílias. Na volta, eles nos pegaram", contou uma das vítimas, vestida de burca, ao tribunal, enquanto pessoas protestavam, pedindo a pena de morte.


"Um deles colocou uma arma na minha cabeça, o outro levou todas as minhas joias, e o resto começou o que vocês já sabem", detalhou. Os aplausos tomaram a Corte depois que o chefe de polícia de Cabul proferiu a sentença de pena de morte por enforcamento. De acordo com a lei em vigor no Afeganistão, o presidente deve ratificar a sentença de pena de morte para que ela seja executada.


Ameaça aos direitos da mulher?

Desde a queda do regime talibã em 2001, os direitos das mulheres têm sido considerados centrais nos projetos multibilionários para o desenvolvimento do Afeganistão. Pelas leis do regime talibã, as mulheres eram forçadas a vestir burca, proibidas de trabalhar e não podiam sair de casa sem a companhia de um homem.

Segundo a Anistia Internacional, o estupro e a violência contra mulheres e meninas eram frequentes, mas as afegãs continuam sendo rotineiramente discriminadas, abusadas e perseguidas. O estupro das quatro mulheres desencadeou uma onda de protestos nas ruas do país, na mídia e na Internet, ecoando crimes parecidos ocorridos na Índia. O episódio ganhou as páginas de jornais do mundo todo. Na semana passada, a embaixada americana em Cabul condenou "o brutal roubo, espancamento e estupro" e pediu justiça às autoridades.


Hassina Safi, do grupo ativista Rede de Mulheres Afegãs, elogiou a condenação à morte. "Consideramos que é um grande passo e uma conquista para as mulheres do Afeganistão. Eu gostaria que mais casos fossem decididos abertamente, para que não tivéssemos de ser vítimas de atos abomináveis como este", declarou. A ONG Human Rights Watch avalia que o Afeganistão falhou em garantir o devido processo legal e que os acusados deveriam ter tido um julgamento justo.


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