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Estado de Minas

Sem esperanças de achar sobreviventes no Afeganistão

Governo encerra as buscas por vítimas do deslizamento que deixou mais de 2,1 mil mortos em província remota do país


postado em 04/05/2014 00:12 / atualizado em 04/05/2014 13:55

 Aab Bareek (Afeganist]ão) – Diante do temor de novos deslizamentos de terra e sem qualquer perspectivas de encontrar sobreviventes, autoridades do Afeganistão encerraram ontem as buscas por corpos soterrados na tragédia que deixou debaixo de lama a vila de Aab Bareek, na província de Badakhshan, um dia antes. O governo, porém, confirmou a morte de mais de 2,1 mil pessoas já que não há esperanças de encontrar sobreviventes. O governador Shah Waliulah Adeeb confirmou que 300 corpos foram encontrados, o que reduz o saldo, anteriormente divulgado pela missão da ONU no Afeganistão (Unama), de 350. Cerca de 4 mil pessoas ficaram desabrigadas.

Embora o o vice-governador Mohamad Bedar tenha afirmado que o número de mortos não ultrapasse 500 pessoas, seja qual for a estatística, não seria possível prosseguir com o resgate devido às péssimas condições em que a avalanche de toneladas de lama e de pedras deixou a região, dificultando o trabalho da equipe. “Não podemos continuar as operações de busca e salvamento (de eventuais sobreviventes) porque as casas estão enterradas sob metros de terra”, esclareceu o governador Adeeb. Ele acrescentou que um dos problemas para identificar as vítimas do sexo feminino é que, “na cultura afegã, as famílias não registram o nome das mulheres. Por isso, sabemos o sobrenome, mas não o nome de muitas”.

A profundidade em que se encontram os destroços – até 50 metros debaixo da lama – é tão grande, que considera-se impossível encontrar alguém com vida. O local virou uma imensa cova. “Não há esperança para resgatar aqueles enterrados sob a lama”, reforçou Mohammad Zikeria Sawda, um membro do Parlamento, ao jornal The New York Times. Quem assistiu à tragédia de perto reconheceu as limitações, mesmo com parentes entre os soterrados. “Perdi minha irmã e minha casa ficou parcialmente destruída. Tornou-se quase impossível retirar as vítimas dos escombros. As pessoas decidiram rezar e transformar esse lugar em um cemitério”, conta Noor Mohammad, de 45 anos, moradora da vila atingida.

DESTRUIÇÃO Além disso, a equipe de socorro não contava com maquinários de escavação e instrumentos adequados para conseguir remover a terra na área atingida, que deixou 400 casas destruídas. Logo após os dois deslizamentos que atingiram o distrito de Argo, os moradores tentaram encontrar com as próprias mãos uma maneira de salvar as vítimas tragadas pelo lamaçal.

Outra razão para suspender os esforços dos socorristas é justamente o perigo de novos deslizamentos. Em uma tentativa de evitar uma outra tragédia, cerca de 4 mil desabrigados foram transferidos para um povoado vizinho. O desafio agora é garantir a assistência básica para a sobrevivência de cerca de 700 famílias retiradas da área de risco. “Elas precisam de comida, abrigo, atendimento médico. Perderam tudo”, listou uma fonte dos serviços de emergência. Ontem, representantes do Programa Mundial de Alimentos (PMA) seguiram para o local com o objetivo de “avaliar a situação e levar rações alimentares, que serão distribuídas entre a população”, como declarou Wahidullah Amani, o porta-voz da agência.

Os deslizamentos ocorreram depois das chuvas torrenciais. O primeiro deles atingiu os moradores que estavam em duas mesquitas no distrito de Argo para participar das orações de sexta-feira. Em menos de uma hora, nova avalanche de pedra e lama soterrou as pessoas que ajudavam a resgatar as primeiras vítimas. O local da tragédia é descrito como um cenário de pobreza, povoado de casas de barro, erguidas ao lado das encostas de vales. Nos últimos anos, a região sofreu as consequências da combinação perigosa de falta de estrutura com as fortes chuvas.


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