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Estado de Minas

Ucrânia entra em alerta para impedir propagação de 'terrorismo pró-Rússia'

Primeiro ministro teme sabotagens russas nos feriados do início do maio e disse que o terrorismo quer se expandir para outras regiões entre o leste e o sul do país


postado em 30/04/2014 16:46 / atualizado em 30/04/2014 17:27

Militante mascarado pró-Rússia posa para foto dentro de prédio invadido da administração pública de Donetsk, leste da Ucrânia(foto: Marko Djurica/Reuters)
Militante mascarado pró-Rússia posa para foto dentro de prédio invadido da administração pública de Donetsk, leste da Ucrânia (foto: Marko Djurica/Reuters)

A Ucrânia colocou suas Forças Armadas em estado de alerta máximo para tentar impedir uma propagação da insurreição pró-Rússia a outras regiões que estariam na mira de Moscou, enquanto o caos ganha terreno no leste do país. "Nossas Forças Armadas estão em alerta total. A ameaça da Rússia de iniciar uma intervenção no território da Ucrânia é real", anunciou o presidente interino ucraniano, Olexander Turchynov.

A Rússia reagiu a esse anúncio, "insistindo no fim imediato da retórica belicosa de Kiev, que visa a intimidar seu próprio povo". Durante uma conversa por telefone, o presidente russo, Vladimir Putin, e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, concordaram nesta quarta-feira à noite que uma saída para a crise na Ucrânia "só pode ser alcançada por meios pacíficos", segundo um comunicado do Kremlin.

Em Kiev, Turtchynov declarou que "o primeiro objetivo é impedir que o terrorismo passe das regiões de Donetsk e de Lugansk a outras regiões". "Há tentativas de desestabilizar a situação em Kharkiv (leste), Odessa (sul), Dnipropetrovsk (leste), Zaporijjia (sudeste), Kherson e Mykolaiev (sul)", afirmou. Essas oito regiões, juntas, firmariam um amplo arco de território contíguo à Crimeia e à Transnistria (região separatista da Moldávia), que a Rússia controla de fato.

Turchynov disse ainda que teme "atos de sabotagem" da Rússia durante os feriados do início de maio. Os rebeldes pró-Moscou aumentaram nos últimos dias o seu domínio sobre uma série de cidades do leste da Ucrânia, controlando atualmente locais estratégicos (prefeituras e prédios das forças de segurança) em mais de dez cidades. A Prefeitura da cidade de Gorlivka foi ocupada nesta quarta-feira por militantes pró-Rússia, mas os rebeldes não interromperam o trabalho da administração. O mesmo aconteceu em Altchevsk, cidade de 110.000 habitantes perto de Lugansk. Na terça-feira, 3.000 manifestantes favoráveis a Moscou ocuparam um edifício da administração regional em Lugansk.

Uma manifestação em defesa da unidade da Ucrânia, prevista para esta quarta-feira à noite em Donetsk, foi cancelada. Um protesto semelhante na segunda-feira foi atacado por militantes pró-russos, deixando mais de dez feridos. "A Ucrânia é atacada. A Rússia lançou uma guerra não declarada contra nosso país no leste", afirmou nesta quarta-feira Yulia Timoshenko, ex-primeira-ministra e candidata na eleição presidencial antecipada de 25 de maio.

"Eu não tenho dúvidas sobre o objetivo de Putin, que é controlar totalmente a Ucrânia", declarou o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso. "Os líderes russos e, principalmente, o presidente Putin, não aceitaram a independência da Ucrânia e pensam que ela deveria fazer parte da Rússia", disse Barroso durante uma conferência em Washington.

Incerteza sobre observadores da OSCE

Enquanto isso, permanece incerto o destino dos observadores da OSCE (Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa), mantidos em poder de militantes pró-Rússia em Slaviansk, reduto rebelde do leste da Ucrânia. "O diálogo é construtivo, nós nos intendemos", declarou nesta quarta o líder separatista de Slaviansk, Viatcheslav Ponomarev, que prometeu "reenviar (os observadores) para sua casas logo que possível". "As negociações prosseguem por razões técnicas", acrescentou sem dar mais detalhes.

"Eles estão bem", declarou em Donetsk um porta-voz da OSCE, Michael Bociurkiw, que não deu indicações sobre o estado das negociações. Um dos oito observadores, um sueco, foi liberado no domingo por motivos de saúde. "É um bom sinal que o inspetor sueco tenha sido liberado. Infelizmente, nos últimos dias não percebemos sinais positivos de Slaviansk que indiquem que vão liberar os inspetores", declarou em Viena o embaixador ucraniano na OSCE, Igor Prokopchuk. "Os observadores são reféns", disse.

O presidente Putin havia declarado na noite de terça que os integrantes da missão da OSCE poderiam ser liberados em pouco tempo.

Rússia em recessão


No campo da economia, a Ucrânia registrou uma queda de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre, na comparação com o período anterior. Em ritmo anual, a queda do PIB foi de 1,1%, segundo o Instituto de Estatísticas Ukrstat.

Russos e ocidentais continuam a se acusar mutuamente pelo agravamento da crise na ex-república soviética. "Se isso continuar, teremos que repensar a maneira como trabalham (as companhias estrangeiras) na Rússia, principalmente no setor energético", alertou Putin.

O secretário de Estado americano, John Kerry, acusou pouco antes a Rússia de "tentar mudar a arquitetura da segurança do Leste Europeu" para "desestabilizar" a Ucrânia. Para Putin, são os Estados Unidos que estão por trás dos últimos acontecimentos na Ucrânia. Não há "instrutores russos, nem unidades especiais ou tropas russas" no país, segundo ele.

Terça-feira, Moscou denunciou as novas sanções adotadas pelos países do G7, referindo-se a uma volta da "Cortina de Ferro" e a possíveis consequências para os astronautas americanos a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS).

De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a crise ucraniana mergulhou Rússia em recessão por causa da queda de investimentos ligados às sanções do Ocidente.


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