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Estado de Minas

EUA enfrentam agora um Putin mais beligerante

Presidente desafia governos alinhados com Washington e não abre mão da Crimeia


postado em 21/03/2014 10:52 / atualizado em 21/03/2014 13:26

Os Estados Unidos e seus aliados tinham a esperança de encontrar em Vladimir Putin um sócio, por mais incômodo que fosse, mas a incorporação da Crimeia à Rússia e seu desafio à ordem do pós-guerra fria sugerem que precisam lidar com um adversário beligerante à frente do Kremlin.

Como resultado, o presidente Barack Obama e seus colegas europeus são acusados de terem sido enganados pelo presidente russo e de não terem detectado o reflexo expansionista de um homem para quem o colapso da União Soviética foi uma verdadeira tragédia.

De qualquer forma, Washington conseguiu a ajuda de Putin para encerrar a crise pelo uso de armas químicas na Síria e para as negociações sobre o programa nuclear iraniano, justificando sua estratégia de tentar se aproximar do presidente russo.

Mas a reivindicação de Putin sobre a península ucraniana da Crimeia pegou a administração americana totalmente de surpresa.

"Putin pode ter sua versão da história, mas acredito que ele e a Rússia, pelo que fizeram, estão do lado errado da história", disse o secretário de Estado, John Kerry.

Do ponto de vista de Washington, o movimento do presidente russo parece ilógico para uma nação que mudou do socialismo por um estridente capitalismo e deu as boas-vindas ao mundo inteiro para os Jogos Olímpicos de Sochi. Agora esta mesma nação enfrenta o isolamento, as sanções, uma possível expulsão do G8 e danos econômicos por sua atitude na Crimeia.

No entanto, a julgar pela imagem de uma Rússia que ressurge livre da humilhação do colapso soviético, como demonstra o discurso de Putin desta semana, o presidente russo segue outra lógica.

Para Fiona Hill, especialista do centro de análises Brookings Institution e autora de um novo livro sobre Putin, a visão do mundo deste presidente está moldada por seu treinamento na KGB (a ex-polícia secreta soviética).

"Sempre vemos estas coisas segundo nosso quadro de referência (...) Putin sente que apenas ele conhece os interesses da Rússia", disse Hill.

Jan Techau, diretor do centro Carnegie Europe, sustenta que os líderes dos dois lados do Atlântico não conseguiram entender Putin. "Os americanos e os europeus subestimaram enormemente as intenções reais de Putin", disse.

Chamado de atenção


Agora, o Ocidente tem um "chamado de atenção" de Putin - como descreveu o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen - e deve analisar uma nova relação.

Provavelmente Obama começará oferecendo, quando viajar à Europa na próxima semana, uma reafirmação das garantias de segurança aos estados pós-soviéticos que formam parte da Otan.

Isto será, ao mesmo tempo, um sinal para Moscou de que novas ocupações de territórios não serão toleradas.

Na quinta-feira, Obama anunciou novas sanções contra funcionários e empresários russos, ao mesmo tempo em que pretende ajudar a sustentar a frágil economia ucraniana.

Os compromissos comerciais, militares e diplomáticos com Moscou estão congelados.

Mas Obama espera poder manter as alianças diplomáticas em temas como as negociações sobre o Irã e seu programa nuclear.

Putin, no entanto, parece ser um cliente difícil, em especial no que diz respeito à diplomacia sobre a crise na Ucrânia.

"Putin parece estar sugerindo que quando se trata da periferia da Rússia... os russos pretendem ser ouvidos. Não serão ignorados", declarou Anton Fedyashin, especialista sobre a Rússia na American University.

As negociações sobre o programa nuclear iraniano podem se converter no novo ponto onde Washington e Moscou avaliam de maneira diferente os interesses nacionais da Rússia.

"Não gostaríamos de utilizar estas negociações como parte de um jogo de apostas", declarou o vice-chanceler russo, Serguei Ryabkov, em uma ameaça velada.

Mas forçado a escolher entre a Crimeia e as negociações sobre o Irã, Moscou elegeria a Crimeia, acrescentou. Washington, enquanto isso, acredita que Moscou tenta enganá-los com esta estratégia. Se o Irã desenvolver uma arma nuclear, "esta arma estaria muito mais perto da Rússia do que de muitos de nós", refletiu um funcionário de alto escalão.


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