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Estado de Minas

Soldados franceses começam a desarmar milícias na capital centro-africana


postado em 10/12/2013 00:31

O exército da França iniciou o desarmamento das milícias na capital da República Centro-Africana nesta segunda-feira e as "coisas vão se desenrolando corretamente", segundo o Estado-Maior francês.

Embora tenha ocorrido uma troca de tiros entre militares franceses e homens armados na manhã desta segunda-feira perto do aeroporto da capital centro-africana, as pessoas com armas que há alguns dias circulavam por toda a cidade de Bangui, a pé ou em caminhões, praticamente desapareceram da capital, constatou a AFP.

"Em alguns pontos, os grupos armados (...) retornaram aos seus quartéis e em outros depuseram as armas", declarou o porta-voz do Estado-Maior das forças armadas francesas, o coronel Gilles Jaron.

Perto do aeroporto, "houve um disparo e uma resposta", segundo o Estado-Maior, que afirmou que os soldados não encontraram nada após o tiroteio.

Soldados franceses foram mobilizados na República Centro-Africana, onde por mandato da ONU devem apoiar a força africana mobilizada ali para restabelecer a segurança no país.

Após a autorização da ONU, o exército francês lançou uma operação de apoio a uma força africana já presente. Paris afirmou no sábado que o contingente francês será de 1.600 soldados.

Aproximadamente 400 pessoas morreram nos episódios de violência registrados nos últimos três dias em Bangui, afirmou neste domingo o ministro das Relações Exteriores francês, Laurent Fabius, que considerou que a calma havia retornado à capital centro-africana.

"Nos últimos três dias foram contabilizados 394 mortos. Mas a calma voltou a Bangui", acrescentou o chanceler, apesar de reconhecer que ocorreram alguns atos isolados de violência. Fabius declarou que conversou com o embaixador da França em Bangui na manhã de domingo.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu calma à população e que as autoridades detenham as pessoas por trás da onda de violência sectária.

"Sou o presidente Barack Obama e hoje quero falar diretamente a vocês, povo da República Centro-Africana (...). Seu país viveu em harmonia e paz entre as diversas e vibrantes comunidades cristãs e muçulmanas, mas a horrível violência dos dias recentes ameaça o país que amam", disse Obama, exortando a todos a "escolher um caminho diferente".

A República Centro-Africana está mergulhada no caos desde que a coalizão rebelde Seleka, majoritariamente muçulmana, derrubou o presidente François Bozizé em março.

Um governo de transição liderado por um ex-rebelde perdeu depois o controle do país, e grupos rivais cristãos e muçulmanos travam desde então pesados confrontos.

O temor das atrocidades provocou o êxodo de dezenas de milhares de pessoas.

Soldados franceses tentam acalmar habitantes

Perto do aeroporto de Bangui, uma dúzia de homens estão deitados no chão, com as mãos na cabeça, em frente a uma multidão revoltada. Perto deles, dois lança-foguetes, fuzis AK-47 e facas. São combatentes Seleka que acabam de ser desarmado por soldados franceses.

Seguindo as ordens recebidas, os militares franceses libertam os homens quase que imediatamente.

Poucos minutos depois, tiros são ouvidos perto odos soldados, que respondem imediatamente cercando o bairro.

As trocas de tiros são muitas mas não há registro de feridos entre os franceses e nem entre os Seleka.

No PK4 (ponto km 4) um bairro localizado próximo ao mercado de Bangui, três veículos blindados e um caminhão francês avançam pela avenida Boganda e param em frente a uma fábrica de sabão.

Um helicóptero de combate dá apoio à tropa francesa.

Centenas de pessoas se reúnem em frente à fábrica de sabão, propriedade de um comerciante muçulmano.

Segundo os habitantes, este é um "covil Seleka", um "esconderijo de armas". "Havia um monte de Seleka aqui", afirma Goh, que reside no bairro.

"À noite, eles saem e matam os jovens. É preciso encontra-los e tomar suas armas", assegura.

Os militares francesas entram de forma prudente na fábrica.

Um dos proprietários da fábrica chega. Sua explicação: "pagávamos dois Seleka para nos proteger. 15.000 F CFA por dia (20 euros). Eles foram embora", assegura.

O tenente Frédéric tenta acalmar os moradores. "Estamos desarmando. Antes, os Seleka tinham armas, agora eles não têm mais esse direto. Se os vemos, nós os paramos. Isso vai mudar. Eles não podem fazer o que faziam antes".

No mercado Lakouanga, comerciantes e clientes voltam timidamente. "Há dias que não saíamos de casa. Com os militares franceses temos um pouco mais de confiança, mas eu não consegui comprar alimentos", assegura Elise Nzalé em frente a um balcão de tomates em parte podres.

Arlette Papaye, uma cliente, lamenta: "os franceses precisam ir para os outros bairros para expulsar os Seleka".

Quase 1.600 soldados franceses estão na República Centro-Africana desde domingo para acabar com os massacres de civis e desarmar as milícias. Sua missão promete ser longa e trabalhosa, com risco de casos de linchamento da parte de uma população desesperada, e o ciclo interminável de vingança.


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