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Estado de Minas

Sul-africanos unidos nas homenagens a Mandela


postado em 07/12/2013 18:16

Milhares de sul-africanos se uniram espontaneamente neste sábado para prestar homenagem a Nelson Mandela, enquanto são organizadas as cerimônias para o último adeus ao ícone da luta contra o apartheid, do qual participarão várias autoridades estrangeiras.

Nas ruas e nos meios de comunicação só se fala de Tata (pai) Mandela e de tudo o que este país de 53 milhões de habitantes deve a ele. Metade da população sul-africana tem menos de 25 anos e não acompanhou grande parte da luta contra a segregação racial do ícone dos direitos humanos.

As pessoas continuavam chegando à casa do ex-presidente, onde foi improvisado um pequeno memorial com velas e flores, e em outros locais emblemáticos, como a antiga casa de Mandela, em Soweto, em meio a um ambiente descontraído que contrastava com a paranoia em torno da segurança em um país com altas taxas de criminalidade.

"Felizmente, minha filha hoje vai ao colégio com negros, brancos, mestiços, indianos, todos juntos", algo impensável durante o apartheid, contou Dineo Matjila, em frente à casa do ex-presidente.

Em Qunu, aldeia onde Mandela passou sua infância, o clima era de silêncio e tristeza.

O rei Thembu, o clã dos Mandela, Dalindyebo, deve viajar a Johannesburgo para se reunir com a família do líder da luta contra o preconceito e preparar a cerimônia tradicional, um dia antes do enterro.

No próximo domingo, espera-se que lideranças mundiais, artistas e líderes espirituais de todo o mundo participem do enterro. Também podem assistir a outro serviço fúnebre, no estádio Soccer City de Soweto, na terça-feira.

Foi lá que Mandela fez sua última aparição pública, durante a final da Copa do Mundo de 2010, já muito debilitado.

Barak Obama, o primeiro presidente negro dos Estados Unidos, viajará para a África do Sul na semana que vem, anunciou a Casa Branca, assim como os ex-presidentes George W. Bush e Bill Clinton, juntando-se a diversos dirigentes de todo o mundo que marcarão presença em uma grande cerimônia no dia 10 de dezembro.

As cerimônias serão transmitidas ao vivo pela televisão e em vários telões gigantes espalhados pelo país.

O ministro sul-africano da Presidência, Collins Chabane, agradeceu em nome de todos os sul-africanos "a generosidade, a amabilidade e o calor com que milhões de pessoas reagiram à morte" de Mandela, o fundador da África do Sul moderna e o primeiro chefe de Estado negro do país, na quinta-feira aos 95 anos.

"Entramos neste período com pesar e tristeza", disse o ministro, "mas também com a valentia, a continuidade e a esperança no futuro que Madiba desejava para seu país", acrescentou, no momento em que a África do Sul vive uma época de desencanto e pressão daqueles que querem algo a mais para a maioria negra do que o direito de voto conquistado em 1994, como emprego, habitação e um ensino público de qualidade.

Vários países, como o Chade ou Senegal, decretaram luto nacional, enquanto em outros, como os Estados Unidos, as bandeiras tremulavam a meio-mastro.

Na África do Sul, o período de luto vai durar dez dias, anunciou na sexta o presidente Jacob Zuma.

Na segunda-feira, o Parlamento vai realizar uma sessão extraordinária, após uma jornada ecumênica de reflexão e orações na qual os sul-africanos serão convocados a ir a igrejas, mesquitas, sinagogas e outros templos religiosos.

Os restos mortais de Mandela serão levados em procissão por Pretória na quarta, na quinta e na sexta-feira e velados em Union Building, a sede da Presidência sul-africana, em Pretória, para que seus compatriotas possam dar um último adeus. No dia 15 de dezembro, será realizado um funeral de Estado em seu povoado natal, Qunu.

Nas últimas horas foram feitos grandes preparativos logísticos para receber personalidades de todo o mundo, que viajarão à África do Sul para prestar homenagem a um estadista universalmente respeitado.

Apesar do aumento das homenagens que já vinham sendo organizadas mesmo antes da morte do líder histórico, algumas vozes ressaltaram que todas deixam de lado parte da verdade: "Quando se fala do milagre sul-africano, muitos confundem a conclusão com a própria luta", disse à AFP Tokyo Sexwale, um ex-dirigente do Congresso Nacional Africano (ANC, nas siglas em inglês) ligado a Mandela e que já chegou a ser cotado para sucedê-lo na Presidência.

"Houve 30 anos de violência do apartheid contra a qual nós reagimos. Aqueles que falam de transição pacífica se equivocam nas análises", explicou, antes de acrescentar: "A luta na África do Sul não aconteceu sem violência. Nelson Mandela era o comandante-em-chefe de nosso braço armado".


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