(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

As mil e uma noites de Damasco para tentar esquecer a guerra


postado em 18/09/2013 12:31

Quando cai a noite, muitos dos habitantes de Damasco se escondem por medo, mas outros saem para dançar e tentar esquecer que a guerra está às portas da cidade e que a qualquer momento pode ser a próxima vítima.

As bombas caem em posições rebeldes em subúrbios da capital síria, mas em uma discoteca do bairro de Chaalane, jovens dançam ao ritmo de melodías árabes e ocidentais, enquanto o barman agita coqueteis e serve drinks.

"Venho aqui para mudar de ares", afirma Mohamed, um vendedor de carros de 25 anos, que visivelmente já sob influência do álcool. "Aqui é tudo alegria. Eu quero viver e não ouvir tantas notícias ruins", acrescenta.

Na pista de dança, os clientes caem no ritmo de uma canção popular entre os partidários do presidente Bashar al Assad.

"Não me pergunte como ou por que, é o exército que nos protege. Você e eu saudamos o general Maher", diz a letra, referindo-se ao irmão do presidente sírio.

Maher, que na realidade é coronel, dirige a quarta divisão do exército de elite sírio, que está encarregado de Damasco e periferia.

"Todos nós vamos morrer um dia, mas o povo sírio ama a vida e o mais importante é ser feliz", assegura Mudy al Arabi, um rapper de 22 anos, que interpreta na discoteca suas canções cheias de nostalgia pelos dias de Damasco de antes do conflito.

"Se os Estados Unidos nos atacarem, estou confiante que nosso exército nos defenderá", acrescenta o músico, que voltou há dois meses à capital síria, depois de morar por dois anos no Marrocos.

"Todos vêm aqui com amigos ou a namorada para esquecer a rotina diária", afirma ainda Mudy, que faz parte de um grupo de rap chamado "Damasco a capital".

Para liberar a energia negativa

"Permanecemos abertos até as duas da manhã. Está tudo bem", afirma Bashar, 29 anos e administrador da boate. "Mas, por favor, não mencione o nome da discoteca porque tenho medo que nos ataque, dentro da noção de que não podemos nos divertir com tanta gente morrendo", pediu ainda.

Sua discoteca é uma das poucas ainda abertas em Damasco desde que explodiu, há dois anos e meio, o conflito que, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, deixou mais de 110.000 mortos.

Apesar dos mortos, os bombardeios dos aviões e o barulho dos canhões, Yara, de 22 anos, percorre 25 km duas vezes por semana para fazer um curso de salsa, merengue, chá-chá-chá e tango em um centro cultural no bairro de Malki.

"Aqui me sinto diferente, mais feliz. Todos fazemos amigos", explica a jovem que é formada em economia.

"Dançamos para liberar nossa energia negativa", assinala Fadi, de 30 anos.

Em um hotel de Damasco, 200 admiradores da salsa se reúnem os jovens se reúnem às quintas-feiras, início do fim de semana sírio, para dançar ao som de ritmos caribenhos.

"Antes da guerra, nós, sírios, éramos muito ativos. Agora compreendemos que a vida é breve e que é preciso aproveitá-la", explica Mayss, de 28 anos.

Enquanto isso, no setor antigo de Damasco, a sala de karaoké do hotel Baik Bash reúne os amantes da música árabe e, principalmente, síria.

"A situação é ruim e a gente vem para cá para trocar ideias", afirma Sabah Fakri, uma dona de casa que usa um véu branco, e que está inscrita numa aula de dança do ventre.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)