(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Coreia do Norte desafia o Ocidente


postado em 03/04/2013 00:12 / atualizado em 03/04/2013 08:20

Rodrigo Craveiro

Brasília – A resposta da Coreia do Norte às manobras militares do Sul e dos Estados Unidos afastou ainda mais a possibilidade de retomada do diálogo para o fim do programa nuclear. Pyongyang começou ontem a pôr em prática a ameaça de ampliar seu arsenal atômico, ao anunciar a reativação do reator de 5 megawatts do complexo de Yongbyon, 90km a norte da capital. Além de significar um retorno ao status quo anterior a 2007, quando o reator foi desligado, a decisão reforça as suspeitas de que o regime comunista estaria interessado em ter nas mãos uma arma de dissuasão, em um momento de tensão crescente na Península Coreana. “Todas as instalações nucleares em Yongbyon, incluindo a usina de enriquecimento de urânio e o reator, serão reformadas, como parte da continuação das operações”, declarou um porta-voz do Departamento Geral de Energia Atômica citado pela agência de notícias KCNA. Segundo ele, o fortalecimento da indústria de geração nuclear resolverá o problema da eletricidade no país e permitirá o uso da capacidade de produção de armas atômicas como forma de “desempenhar um papel nos esforços globais pela desnuclearização”.

Ban Ki-moon, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), considerou que a crise já foi “longe demais”. “É meu dever impedir a guerra e buscar a paz. (…) As coisas têm que começar a se acalmar, não há necessidade de a Coreia do Norte estar em uma rota de tensão com a comunidade internacional. Ameaças nucleares não são um jogo”, disse Ban. Por meio de um comunicado oficial, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) considerou “profundamente lamentável” a intenção do regime do ditador norte-coreano, Kim Jong-un, de alimentar o programa nuclear e defendeu a aplicação “completa” de “todas as resoluções” do Conselho de Segurança da ONU e da Junta de Diretores da AIEA.

Depois de um encontro com o chanceler sul-coreano, Yun Byung-se, em Washington, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, destacou o compromisso com a segurança de Seul. “Os EUA não aceitarão que a Coreia do Norte seja uma potência nuclear e, repito, os EUA farão todo o possível para se defender e defender seus aliados Coreia do Sul e Japão. (…) Estamos totalmente prontos para fazer isso e somos capazes de fazê-lo. E acredito que a Coreia do Norte sabe disso”, declarou. Kerry também alertou Pyongyang de que a retomada das atividades em Yongbyon será interpretada como uma violação das obrigações internacionais. O chefe da diplomacia americana denunciou “a retórica inaceitável desenvolvida pelo governo norte-coreano nos últimos dias”.

Além de enviar o destróier USS Fitzgerald e um radar de detecção de mísseis à costa da Península Coreana, a Casa Branca direcionou o navio de guerra USS Decatur para a região. A Coreia do Sul, por sua vez, prosseguiu ontem com seus testes militares – uma mensagem a Kim de que Seul se prepara ante uma possível guerra. Soldados com máscaras de gás e obuseiros K-55 realizaram manobras em um campo de treinamentos da cidade de Paju, próxima à fronteira com a Coreia do Norte. "Esta é uma crise grave e ampla", reconhece o norte-americano Jeffrey Lewis, diretor do Programa de Não Proliferação do Leste da Ásia do Instituto Monterey de Estudos Internacionais (Califórnia), em entrevista por e-mail. “Permaneço preocupado com o fato de que a Coreia do Norte empurrará o Sul para mais adiante, com outra preocupação. E Seul poderá surpreender Pyongyang com uma resposta bastante contundente, agravando a situação”, afirma.

HIROSHIMA Lewis acredita que os cientistas de Kim fabricaram uma arma nuclear miniaturizada, ainda que seja incerto o uso de plutônio, de urânio ou de ambos. “Essa ogiva poderia ter o potencial destrutivo de uma bomba de Hiroshima ou de Nagasaki”, comentou o especialista. Apesar de reconhecer um esforço dos EUA e da Coreia do Sul por uma saída diplomática, Lewis não alimenta falsas expectativas em relação ao programa nuclear norte-coreano. “Precisamos ser realistas com o fato de que Pyongyang não abandonará seus programas nuclear e de mísseis balísticos a curto prazo”, disse. De acordo com ele, a comunidade internacional precisa focar a atenção no gerenciamento de crise e na redução das tensões.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)