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Estado de Minas

Hollande diz que França ficará no Mali o necessário vencer terroristas


postado em 02/02/2013 19:52

O presidente francês, François Hollande, foi recebido como um libertador em Bamaco e Timbuktu este sábado, destacando que a França não "terminou sua missão" no Mali, onde os grupos "terroristas" ainda não foram vencidos e por isso as tropas francesas permanecerão "o necessário".

Em Timbuktu, Hollande denunciou "a barbárie" dos islamitas radicais que ocuparam a cidade e, acompanhado do presidente interino malinense Dioncounda Traoré, visitou uma mesquita e o centro da cidade, onde são conservados preciosos manuscritos antigos, muitos deles queimados pelos islamitas.

"Desde 11 de janeiro, nós já fizemos muito trabalho, ele não terminou totalmente. Ainda vai levar algumas semanas, mas nosso objetivo é passar o bastão", declarou o presidente francês.

"Não temos a intenção de ficar: nossos amigos africanos vão poder fazer o trabalho que era nosso até então", acrescentou.

"Nenhuma parte do Mali pode escapar ao controle da autoridade legítima", ressaltou o presidente francês.

"O combate não terminou (...), as autoridades malinenses querem recuperar a integridade territorial que, em algum momento, foi perdida, e estaremos ao seu lado para, mais ao norte, concluirmos esta operação. Mas não temos a intenção de ficar, pois nossos amigos africanos vão poder fazer o trabalho que foi nosso até o momento", disse François Hollande.

Entre 2.000 e 3.000 pessoas se reuniram para "dizer obrigado" à França na principal praça da cidade ao som de tantãs, instrumentos proibidos pelos islamitas, assim como qualquer tipo de música, durante os dez meses em que ocuparam o norte do país.

A multidão saudou o presidente aos gritos de "Papai François Hollande" e "Viva a França".

Mas três semanas depois do início da operação militar francesa, Hollande evitou comemorar, afirmando que a França permanecerá no Mali "o tempo necessário".

"O terrorismo foi repelido, mas ainda não foi vencido", afirmou o presidente em Bamaco, repassando a reconquista, em menos de três dias, de Gao e Timbuktu, duas das três cidades principais do norte do país, graças à rápida intervenção das forças especiais e da aviação.

"Os grupos terroristas estão fragilizados, mas não desapareceram", advertiu Hollande, reafirmando a presença das tropas francesas no Mali enquanto for preciso.

No entanto, lembrou que as forças francesas serão substituídas por uma força multinacional regional.

"A retirada está inscrita, não há risco algum de embaraço porque temos o apoio da população porque os africanos estão aí, porque os europeus estão presentes, porque temos uma comunidade internacional que está de acordo em uníssono", destacou o presidente francês.

'A França paga a sua dívida'

Timbuktu, 900 km a nordeste da capital Bamaco, seguia neste sábado sob rígida vigilância, com militares franceses a cada 100 metros e tanques e caminhonetes cheios de soldados malinenses patrulhando as ruas.

O presidente francês estava acompanhado dos ministros Laurent Fabius (Relações Exteriores), Jean-Yves Le Drian (Defesa) e Pascal Canfin (Desenvolvimento).

A Al-Qaeda no Magrebe Islâmico (AQMI) e a Ansar Dine (Defensores do Islã) ocuparam Timbuktu durante dez meses e instauraram um regime repressivo baseado em uma interpretação rigorosa da sharia (lei islâmica), infligindo castigos como amputações ou apedrejamentos para casais "ilegítimos" ou para fumantes.

Além de terem obrigado as mulheres a usar o véu integral, de terem proibido as escolas mistas, o futebol, os bailes e a música, os radicais islâmicos destruíram mausoléus de santos muçulmanos, adorados pela população local, por considerarem essa veneração uma "idolatria".

Os islamitas também destruíram alguns antigos manuscritos que eram mantidos em Timbuktu, que já foi um grande centro cultural do Islã e uma cidade próspera no caminho das caravanas que seguiam em direção ao deserto do Saara.

Aos elogios do presidente interino malinense, Hollande respondeu que a França "paga agora a sua dívida" com o Mali. Soldados da ex-colônia e de outros países africanos combateram com uniforme francês nas duas guerras mundiais, na Indochina e na Argélia.

O presidente malinense prometeu que não haverá "represálias" após a reconquista do norte do país. Também prometeu uma "reconciliação nacional" no âmbito de um diálogo interno "aberto a todas as sensibilidades", e reiterou seu desejo de organizar eleições gerais antes de 31 de julho.

A intervenção francesa começou em 11 de janeiro, quando os islamitas que ocupavam o norte do Mali desde março de 2012 começaram a avançar para o sul. As forças malinenses e francesas retomaram no fim de semana passado, sem resistência, várias localidades do norte que estavam em poder dos islamitas, entre elas Gao e Timbuktu.

A situação é mais complicada em Kidal, 1.500 km a nordeste de Bamaco, localidade controlada durante muito tempo pelo Ansar Dine, e que passou antes da chegada dos soldados franceses para o controle do Movimento Islâmico do Azawad (MIA, dissidente do Ansar Dine) e do Movimento Nacional para a Libertação do Azawad (MNLA, rebelião tuaregue).

Segundo Paris, é em Kidal e região que provavelmente estejam sete reféns franceses. Hollande pediu este sábado que os sequestradores os libertem, afirmando que as forças francesas no Mali estão agora "muito perto".


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