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Estado de Minas

Mordomo do papa é preso por vazar documentos

Investigações sobre vazamento de documentos confidenciais da Santa Sé levam a servidor direto de Bento XVI, que se diz 'doído e atingido', mas consciente da 'grave' situação


postado em 26/05/2012 08:22 / atualizado em 26/05/2012 08:34

Roma – Um homem identificado por fontes da Santa Sé como o mordomo do papa Bento XVI foi detido no Vaticano depois que a polícia o encontrou “em posse ilegal de documentos reservados” da cúpula da Igreja Católica. A prisão foi confirmada ontem pelo vice-diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Ciro Benedittini, pouco depois de o porta-voz, Federico Lombardi, ter informado que agentes tinham localizado o homem e que ele havia sido colocado à disposição da magistratura vaticana “para mais investigações”. O mordomo é Paolo Gabriele, de 42 anos, considerado um dos membros da chamada “família do papa”.

Paolo Gabriele, de 42 anos (à direita do pontífice), era considerado um dos integrantes de destaque da chamada
Paolo Gabriele, de 42 anos (à direita do pontífice), era considerado um dos integrantes de destaque da chamada "família papal"

Esse seleto grupo de pessoas é composto também por seus dois secretários, os sacerdotes Georg Gänswein e Alfred Xuereb, e quatro laicas da consagrada comunidade italiana Memores Domini, que cuidam do apartamento papal (residência oficial do papa). Gabriele é um romano que trabalha nesses aposentos desde 2006, depois de ter estado a serviço do prefeito da Casa Pontifícia, o arcebispo James Harvey. Segundo as fontes vaticanas, os agentes encontraram “uma grande quantidade de documentos reservados” na casa em que Gabriele vive com sua mulher e três filhos na Avenida Porta Angelica, anexa ao Vaticano.

O papa Bento XVI se sentiu “doído e atingido” com a prisão de seu mordomo. Assim que soube da prisão, Bento XVI disse que está “consciente da situação” e a definiu como “uma questão dolorosa”. Ele foi detido quinta-feira, de acordo com as fontes, e posto à disposição do promotor de Justiça do Vaticano, Nicola Picardi, que o interrogou ontem. A prisão de Gabriele, já conhecido como “Il curvo” (“O corvo”), surpreendeu nos meios vaticanos, e algumas fontes duvidam que ele seja o autor dos vazamentos e, sim, “um bode expiatório”. A detenção ocorreu após as investigações realizadas nos últimos dias pela polícia do Vaticano para esclarecer os casos de vazamentos à imprensa de documentos reservados enviados ao papa Bento XVI e seu secretário Gänswein. As investigações foram feitas segundo as instruções recebidas por uma comissão criada em abril pelo pontífice para esclarecer esses casos.

TRAMAS O escândalo começou quando uma rede de televisão italiana divulgou cartas enviadas pelo atual núncio nos Estados Unidos e ex-secretário-geral do governo da Cidade do Vaticano, Carlo Maria Vigano, a Bento XVI, nas quais denunciava a “corrupção, prevaricação e má gestão” na administração do Vaticano. Em uma dessas mensagens, Vigano denunciou também que os banqueiros que integram o chamado “comitê de finanças e gestão” do governo e da Secretaria de Estado “se preocupam mais com seus interesses do que com os nossos”, e que em dezembro de 2009, em uma operação financeira, “queimaram (perderam) US$ 2,5 milhões”.

Depois da divulgação desses documentos, Lombardi denunciou a existência de uma espécie de Wikileaks para desacreditar a Igreja Católica. Mas o vazamento não ficou por aí. Em 19 de maio saiu às livrarias o livro Sua Santita, do jornalista Gian Luigi Nuzzi, com uma centena de novos documentos revelando tramas e intrigas no pequeno Estado. Entre as informações confidenciais que foram reveladas está a de que a organização terrorista espanhola ETA pediu ao Vaticano no início de 2011 para enviar à Nunciatura de Madri vários de seus membros para acertar com a Igreja o anúncio do fim de sua atividade armada, mas o cardeal Tarcisio Bertone o rejeitou, após falar com o bispo de San Sebastián, José Ignacio Munilla.

Lombardi anunciou que a Santa Sé levará à Justiça os autores do vazamento de todos esses documentos reservados e cartas confidenciais ao papa Bento XVI, cuja publicação qualificou como “ato criminoso”. A detenção de “Il curvo” foi anunciada um dia depois de o Banco do Vaticano (IOR) ter demitido seu presidente, Ettore Gotti Tedeschi, “por não ter desenvolvido funções de primeira importância para seu cargo”.


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