O Pentágono afirmou que o diálogo continua aberto com o Exército do Paquistão, apesar da tensão surgida depois que os Estados Unidos acusaram Islamabad de estar por trás dos atentados sofridos por suas tropas nos últimos dias. Apesar das divergências, o Exército americano não pensou em cortar o diálogo com o Paquistão, anunciou o secretário de Comunicação, George Little. "É uma relação complicada, mas fundamental."
O chefe do Exército paquistanês, general Ashfaq Parvez Kayani, disse nesta sexta-feira que as acusações "não estão baseadas em fatos". Em conversas com o governo do Paquistão, Washington apresentou provas da ligação entre a ISI e os militantes da Haqqani, informou um oficial americano, que preferiu não ser identificado.
Mullen explicou seus pontos de vista ao general Kayani no último sábado, durante uma reunião na Espanha, segundo seu porta-voz, o capitão John Kirby. "A situação piora. As ações da rede Haqqani são cada vez mais letais, e temos tido acesso a mais informações que vinculam a ISI a esses ataques", disse Kirby.
"Queremos continuar trabalhando e conseguir uma colaboração produtiva com o Exército paquistanês, e isso depende, em grande parte, de sua disposição e habilidade para se desconectar de grupos extremistas, como a rede Haqqani", assinalou Kirby. Mullen acusou ontem a rede Haqqani de ser responsável, com o apoio da ISI, pelo ataque deste mês com um caminhão-bomba contra uma base da Otan no Afeganistão, que feriu 77 americanos, assim como pelo sequestro de 19 horas na embaixada americana no Afeganistão, e pelo ataque de junho contra o hotel Intercontinental da capital afegã.
Segundo a CIA, a rede Haqqani, aliada à Al-Qaeda, é a facção mais perigosa do talibã. Nos anos 1980, os Estados Unidos abasteceram a rede com armas e dinheiro, para que a mesma lutasse contra as forças soviéticas.