Os rebeldes líbios, agora líderes de Trípoli, afirmam pertencerem a um islã moderado e descartam a possibilidade de haver grupos jihadistas ligados à Al-Qaeda infiltrados. "Eu não descarto a presença em meio aos combatentes de alguns elementos extremistas, mas não podemos afirmar que existam grupos do tipo da Al-Qaeda como os que operam no Afeganistão e no Iêmen", declarou nesta semana o chefe do Estado-Maior da rebelião, o general Slimane Mahmud. "Não existe na Líbia, com sua sociedade moderada e solidária, o risco da emergência de grupos extremistas. E em todo caso, o veredicto das urnas definirá o futuro", afirmou.
Um dos líderes rebeldes, entretanto, faz um alerta: Abdelhakim Belhadj, que liderou os homens que invadiram no dia 23 de agosto a fortaleza de Bab al-Aziziya, o quartel general de Kadafi no coração de Trípoli. Apresentado pela televisão Al-Jazeera sob o título de "sheik", ele falou por muito tempo e reivindicou a paternidade da operação que expulsou de Trípoli o "tirano Kadafi". Segundo o jornal francês Libération, Abdelhakim Belhaj foi o fundador do Grupo Islâmico Combatente (GIC) líbio, ligado à Al-Qaeda. Ele foi preso pela CIA antes de ser entregue ao regime do coronel Muamar Kadhafi em 2004.
Um porta-voz militar da revolta líbia, o coronel Ahmed Omar Bani, desmentiu essa acusação no domingo. "Adbelhakim Belhadj dirige o conselho militar de Trípoli. Ele compartilha o sonho de todos os revolucionários líbios de construir um país democrático", declarou durante uma coletiva de imprensa em Benghazi. "Nós somos muçulmanos moderados. Os que acreditam que elementos terroristas e fundamentalistas existem na Líbia estão fora da realidade", acrescentou.
Durante sua prece durante a celebração do Aid el-Fitr na quarta-feira em Trípoli o imã insistiu muito na moderação dos líbios: "Nós rejeitamos a ideia de Kadafi sobre uma ameaça da Al-Qaeda (...) Somos uma nação muçulmana, sunita e corânica". O ex-presidente líbio disse que havia risco de seu regime ser substituído por um "emirado da Al-Qaeda".