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Estado de Minas GRANDE BH

Médica é acusada de obrigar mãe a deixar um dos filhos sozinho em corredor

Vídeo mostra momento em que criança fica sozinha em corredor da UPA São Benedito, em Santa Luzia, durante consulta do irmão. Médica foi demitida pela prefeitura


05/01/2022 18:22 - atualizado 06/01/2022 14:56

Criança sozinha em corredor
Criança de aproximadamente 4 anos é obrigada a permanecer sozinha em corredor da UPA, em Santa Luzia, enquanto irmão é atendido em consultório. Médica não teria deixado a mãe entrar com os dois filhos (foto: reprodução Redes Sociais)
Um vídeo que circula nas redes sociais nesta quarta-feira (5/1), gravado na UPA São Benedito, em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), tem causado revolta nos internautas devido à postura de uma médica no atendimento a uma mãe com seus dois filhos.

A profissional, segundo relato feito no vídeo (veja abaixo), impede que uma das crianças, de aproximadamente 4 anos, entre no consultório enquanto realizava a consulta da outra.
 
A médica foi demitida do cargo após a Secretaria Municipal de Saúde tomar conhecimento do caso.


 
No vídeo é possível ver uma criança do lado de fora do consultório, encostada à porta entreaberta. Segundos depois, a porta se fecha e a criança permanece sozinha, sem a presença da mãe ou de outro responsável, no corredor da ala pediátrica da UPA São Benedito. 

No entanto, não é possível saber pela filmagem quem fechou a porta. A reportagem não conseguiu contato com a médica.  
 
Segundo relatos de outros pacientes que presenciaram o fato, a criança demonstrou medo de permanecer sozinha no local e que o outro irmão, aparentemente menor, também já havia permanecido sozinho e chorando no corredor na consulta anterior.
 
A Prefeitura de Santa Luzia emitiu nota se posicionando contra o ocorrido.

“A Prefeitura de Santa Luzia vem a público esclarecer que a médica identificada no vídeo que circula nas redes sociais foi dispensada de prestar serviços na prefeitura. Reafirmamos o repúdio à atitude tomada no atendimento realizado na UPA São Benedito, esclarecendo que o tratamento dispensado aos usuários na ocasião não condiz com as diretrizes estabelecidas para atendimento ao público na administração municipal de Santa Luzia”, diz a nota.
 

Atitude vai contra Estatuto da Criança e adolescente (ECA) e Código Penal

Segundo o artigo 133 do Código Penal, nenhuma criança ou adolescente pode ser deixado sozinho antes dos 16 anos, pois o ato pode ser encaixado como crime de abandono de incapaz, visto que a criança é incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono.
 
O prefeito da cidade, delegado e advogado por formação, Christiano Xavier, foi questionado pela reportagem se o fato configuraria crime de violação do Estatuto da Criança e do Adolescente e, segundo ele, sim.

“Em tese, pode configurar crime a conduta dela. Isso terá que passar pela apuração dos órgãos competentes e ouvir as partes e ver todo o contexto, mas independentemente da seara criminal que, é apurada pelos órgãos de segurança pública, a Prefeitura, de imediato, apurou na forma administrativa”, pontua o prefeito.
 
“Em razão de ela ser uma médica contratada através de uma empresa terceirizada, já foi dispensada do serviço. Graças a Deus não era concursada, porque senão não teríamos essa mobilidade de poder tomar uma atitude rápida e eficiente e dispensar do quadro de funcionários. Que sirva de exemplo para outros que não sejam vocacionados a tratar as pessoas com humanidade e para que nem venham trabalhar em Santa Luzia, porque aqui a gente não admite esse tipo de postura”, ressaltou Christiano Xavier.
 
Colegas de trabalho da UPA São Benedito se surpreenderam com o fato. “É uma médica educada, boa. Muito bem vista aqui na UPA, muito profissional e exigente”, disse um funcionário que não quis se identificar.


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