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Estado de Minas MANIFESTAÇÃO

'Absorventes ficam, Bolsonaro sai': movimento faz ato em BH contra veto

O Movimento 8 De Março Unificado recolheu doações de absorventes e reforçou a luta contra a pobreza menstrual hoje (14/10), na Praça Sete


14/10/2021 18:00 - atualizado 15/10/2021 12:06

Ato no dia 14 de outubro, às 17h, na Praça Sete em BH
O movimento defende que o absorvente é um item de higiene básico necessário para todas as mulheres que menstruam (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press )

 
O Movimento 8 De Março Unificado da Região Metropolitana de Belo Horizonte organizou hoje (14/10), às 17h, ato contra o veto de Bolsonaro sobre distribuição gratuita de absorventes. O Movimento reuniu manifestantes na Praça Sete de Setembro para reforçar a importância do combate à pobreza menstrual.
 
Na última semana, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se colocou contra a promoção da saúde das mulheres e vetou o Programa de Fornecimento de Absorventes Higiênicos.  O presidente vetou  cinco trechos do Projeto de Lei 4968/2019, de autoria da deputada federal Marília Arraes (PT-PE), que previa a distribuição gratuita de absorventes higiênicos, além da oferta de cuidados básicos de saúde menstrual em escolas públicas de ensino médio e de anos finais do ensino fundamental. 
 

A atitude do presidente gerou revolta nacional, e coletivos e movimentos sociais manifestam, além de levantarem outras questões sociais que interseccionam o veto. Vanessa Viana, de 23 anos, é coordenadora do Coletivo Nacional Feminista Juntas, e explica que o veto é carregado pela misoginia, e para ela, o veto despertou uma fúria feminista: "A questão de distribuição gratuita de absorventes interfere principalmente na vida de mulheres e pessoas com útero pobres no brasil. Bolsonaro teria muito o que fazer como presidente, mas não se ocupa com o que deveria”.
 
Absorventes arrecadados pelo movimento para distribuição gratuita
Durante o ato, o movimento recolheu absorventes para serem doados, e também os distribuiu (foto: Túlio Santos)


No vídeo, a ativista Vanessa Viana coordena a arrecadação e defende que o absorvente é um item de higiene básico necessário.
 
 

''Esse veto é carregado pela misoginia, por uma disposição que ele tem de dificultar o máximo possível a vida das mulheres. A gente sabe que a distribuição gratuita interfere muito na vida de mulheres e meninas pobres no Brasil em crise com os altos preços do feijão, da gasolina... Isso interfere no custo mensal que é de comprar um absorvente'', disse Vanessa. 

Pobreza menstrual

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 4 milhões de pessoas vivem sem acesso a itens mínimos de cuidados menstruais nas escolas. A pobreza menstrual é uma realidade no mundo todo, e no Brasil, não é diferente.
 
Renata Regina de Abreu Rodrigues, de 34 anos, é doula e ativista, e defende que essa questão está cada vez mais grave: “Com a agenda do governo federal, de privatizações, retirada de direitos trabalhistas, está cada vez mais intensa a precarização das condições de trabalho, o aumento do desemprego e a carestia”, argumenta.

Leia também:  Projeto que combate pobreza menstrual em Minas é aprovado na ALMG 

Renata Regina ainda explica que, no Brasil, estima-se que 23% das meninas e pessoas com útero entre 15 a 17 anos não tem condições financeiras para adquirir produtos seguros para usar durante a menstruação, e ainda existem outros recortes: “Mulheres em privação da liberdade, em situação de rua, que vivem em abrigos, meninas em idade escolar, pessoas que menstruam, negras, pobres e periféricas são as mais afetadas pela pobreza menstrual”.

A menstruação, assim como outros temas relacionados ao corpo feminino, é tratada como tabu e dificulta a comunicação da pauta. ''É um tema repleto de desinformação e estigmas, existe a necessidade urgente de fomento à informação, legislação e políticas públicas de promoção da dignidade menstrual e consequente redução da pobreza menstrual e seus impactos'', acrescentou Renata.

Ela ainda pontua que meninas em idade escolar relatam falta de estrutura, como banheiros com portas e de itens básicos de higiene nas escolas, como papel higiênico e sabão para higiene das mãos. ''Absorventes são considerados produtos supérfluos no Brasil, e tributados como cosméticos, o que aumenta consideravelmente o custo de fabricação e consequentemente o preço final'', disse. 

Além da carga mental por não ter condições básicas para menstruar, a pobreza menstrual contribui ainda para aumentar a desigualdade entre homens e mulheres. ''Como resultado da precariedade menstrual, meninas acabam faltando mais dias na escola durante a menstruação, o que pode prejudicar seu desempenho escolar. O combate à pobreza menstrual é fundamental no combate às desigualdades sociais, raciais e de gênero'', finalizou.

 
* Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.  
 
 


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