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Estado de Minas ÍCONE DE BH

Perto dos 80 anos, 'novo Acaiaca' busca apoio para uma repaginada

Com prioridade para construção de escada de segurança, gestão do tradicional edifício procura patrocinadores. Depois, mira de tirolesa a elevador panorâmicos


03/09/2021 04:00 - atualizado 03/09/2021 14:46

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(foto: Fotos: LEANDRO COURI/EM/D.A PRESS)
Perto de completar oito décadas, o Edifício Acaiaca , um presente na paisagem de Belo Horizonte, reforma o 26º andar e coleciona planos que buscam modernizar seu espaço: tirolesa até o Parque Municipal, elevador panorâmico, centro cultural e turístico, restaurante e café.

Mas, por enquanto, falta dinheiro. Por isso, a administração atual está dedicada, antes, a reforçar a segurança do arranha-céu. Um patrocínio neste momento poderia salvar o prédio e acelerar as obras, que fazem parte do ousado projeto de restauração aprovado junto ao Patrimônio Histórico Municipal.

O 26º é onde será construído um café com vista magnífica para a cidade. “O andar 26 estava vazando muito e, quando vem chuva, estava molhando muito o andar logo abaixo. Nós tivemos de tirar o telhado antigo, impermeabilizar o 26 para evitar que as próximas chuvas que estão chegando piorem a situação”, explica o presidente do conselho do condomínio do Edifício Acaiaca, Antonio Rocha Miranda, autor do livro “Edifício Acaiaca: O colosso humano e concreto”. Ele explicou ao Estado de Minas que também há projetos aprovados para o último andar da edificação, mas nenhuma obra começou ainda por falta de verba.

O prédio foi construído entre 1939 e 1945 e é tombado pelo município (no alto). E a proposta para o topo da edificação
O prédio foi construído entre 1939 e 1945 e é tombado pelo município (no alto). E a proposta para o topo da edificação


“A prioridade desta administração é a segurança”, ressaltou o síndico. Segurança que não está garantida, segundo o Corpo de Bombeiros e o Ministério Público. Isso porque, com o passar dos anos, as normas se tornaram mais rígidas e o prédio ficou sem uma escada de emergência que atendesse aos novos critérios de seguridade.

"Após a restauração das efígies (no ano passado), trabalhamos na execução do projeto de segurança estabelecido pelo Corpo de Bombeiros. Essa questão das tirolesas é algo muito para a frente. Coisa para daqui a cinco ou dez anos, não está no radar desta administração."

Tombado pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Belo Horizonte, o prédio, inaugurado em 1943 e erguido durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) – daí haver no subsolo um abrigo antiaéreo – tem como principal exigência, 78 anos depois, que seja construída uma escada externa que funcione como escape em caso de algum sinistro.

O Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) só será liberado depois que a nova estrutura estiver pronta. Mas, para levantar uma nova escada, falta verba, já que todo o projeto de reforma e restauração é bancado com recursos dos condôminos. “Vamos precisar gastar dinheiro com uma escada externa antes de qualquer coisa, porque nós estamos trabalhando pela segurança”, reforça.

Uma saída para o alegado problema financeiro seria o apoio institucional para a compra de aço, o produto mais caro e necessário para levantar os novos degraus. Segundo a administração, o custo desta obra está avaliado em R$ 2 milhões.

“Se, naturalmente, aparecer uma empresa que queira ajudar nisso será muito bem-vinda. O que nós temos feito é um esforço muito grande. Essa escada externa fica cara, o projeto é de R$ 2 milhões pra lá. O aço subiu mais de 100% agora nessa retomada, está todo mundo fazendo obra. Se a gente tivesse ajuda de uma empresa, alguma siderúrgica, talvez, que pudesse nos fornecer esse aço, que é a exigência principal do momento”, comenta Antonio.

CAMPANHA


Depois de levantar a escada externa, o propósito é transformar o Acaiaca num polo turístico-cultural da cidade.

“O projeto que nós temos para o último andar está fora das nossas possibilidades no momento. Essa doação do aço para nós fazermos essa segurança do prédio é um ato que ajuda não somente o Acaiaca, estamos trabalhando para que ele venha a ser um ponto turístico, um ponto de cultura”, reforçou o síndico.

“Não temos condição de comprar agora, mas estamos trabalhando pra isso. Queremos garantir a segurança de quem trabalha e frequenta o prédio. Todas as nossas ideias de modernizar ficam para trás porque, em primeiro lugar, nós estamos empenhando todas as nossas forças e recursos para conseguir o AVCB. E consideramos isso um presente para a cidade de BH. Mais do que revitalizar, queremos ressignificar o Acaiaca.”

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Projetos para o prédio*

14/1/20
Tratamento de conservação e restauração das pilastras e rostos dos índios

14/4/20
Intervenção nos guarda-corpos das fachadas frontais, para adequação às normas do Corpo de Bombeiros

1º/8/20
Intervenção na edificação para construção de escada externa, elevador panorâmico e uso da cobertura para acesso público

*Aprovados pela diretoria de Patrimônio Cultural e Arquivo Público da Fundação Municipal de Cultura

De abrigo antiaéreo a pioneirismo na televisão

No estilo art déco, o Edifício Acaiaca, construído pelo empreendedor Redelvim Andrade, natural da região de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, teve projeto do seu genro, o arquiteto Luiz Pinto Coelho. No local, havia uma igreja metodista, erguida 38 anos antes, conta Antonio Rocha Miranda.

Já foi considerado o maior arranha-céu de BH. Abrigou também lojas de roupas femininas, boate, escola e a primeira sede da extinta TV Itacolomi, dos Diários Associados, primeira emissora mineira, inaugurada em 1955.

Uma de suas particularidades é ter um abrigo antiaéreo, como algumas das edificações da Praça Raul Soares, também na capital. A instalação seguiu decreto do então presidente Getúlio Vargas para construções com mais de cinco andares, no período da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

No Acaiaca, fica debaixo do antigo cinema, hoje igreja evangélica, servindo de refeitório para funcionários. O espaço tem saída para a Rua Tamoios, onde há área de carga e descarga.

Enquanto isso...
Dívidas com a PBH

Além de não ter dinheiro para novos projetos, há dívidas a enfrentar. De acordo com a Secretaria Municipal de Fazenda, o Condomínio do Edifício Acaiaca tem débitos inscritos em Dívida Ativa, referentes a autuações por descumprimento da legislação urbanística do município, no valor de R$ 72.529,81.

A prefeitura ressaltou que “o proprietário de um imóvel tombado tem garantido o direito de uso e exploração econômica da edificação. Da mesma maneira, compete a ele garantir a preservação da edificação e as boas condições de uso, submetendo à análise do Conselho de Patrimônio Cultural todo e qualquer projeto de restauração ou modificação que se pretenda fazer no imóvel tombado.”


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