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Estado de Minas ENSINO EM JOGO

Cabo de guerra na educação

Pais de alunos numa ponta. Sindicatos de profissionais do setor na outra. Volta às salas de aula divide opiniões em BH e Minas


26/02/2021 04:00

(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

Mães penduram uniformes diante do Loyola e Santa Doroteia para cobrar volta às aulas: PBH aguarda novos indicadores para tomar decisão (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Mães penduram uniformes diante do Loyola e Santa Doroteia para cobrar volta às aulas: PBH aguarda novos indicadores para tomar decisão (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)


A questão da volta às aulas presenciais virou cabo de guerra em Minas Gerais e na capital. De um lado, pais de alunos – e também parte dos professores – pedem o retorno, enquanto sindicatos que representam trabalhadores do setor puxam a corda para o lado oposto. Um dia após o Comitê Municipal de Enfrentamento à COVID-19 de Belo Horizonte resolver esperar mais uma semana – e observar os indicadores da pandemia na cidade – para decidir se vai ou não liberar a reabertura das escolas da capital, pais de alunos de instituições particulares organizaram um novo protesto. Desta vez, sem coroas fúnebres, usadas na quarta-feira por profissionais da rede municipal de ensino da capital contrários à volta. O grupo de pais foi às portas de diversos estabelecimentos da cidade pendurar uniformes escolares e pregar cartazes com críticas ao prefeito Alexandre Kalil (PSD). Na Assembleia Legislativa, entidades representativas de professores criticaram os protocolos para volta às aulas divulgados pelo governo do estado e afirmam que não há condições para a retomada.

Alguns recados foram direcionados ao comitê de infectologistas da PBH: "Carlos Starling, criança não é vetor. Você se esqueceu ou será que virou político mesmo?", diz uma das placas exibidas na fachada do Colégio Loyola. A instituição fica no bairro Cidade Jardim, na Região Centro-Sul. A publicitária Ana Cecília Branco, que tem três filhos matriculados no Loyola, reivindica apoio das escolas e demais organizações da sociedade civil à causa da reabertura. "As crianças não têm sindicato. O sindicato das crianças são os pais. Sinto falta de as escolas abraçarem essa causa junto conosco. Só temos o apoio dos médicos. As crianças estão sozinhas", queixa-se a publicitária.

Na porta do Colégio Santa Doroteia, no Sion, também na Região Centro-Sul, o movimento contou com o apoio de professores. "Somos guardiões da infância", diz uma das faixas afixadas no portão lateral. A professora Cristiane Márcia conta que seus dois filhos estão tomando antidepressivos. "Peço que, por favor, pensem no estado emocional dessas crianças. Vejo muitos comentários dizendo que 'os pais não têm o que fazer com as crianças'. Não é assim. Nós não temos é o que fazer com o impacto das aulas on-line e da falta de socialização. Contra isso nós não temos o que fazer. Eles estão cada vez mais tristes, obesos, com insônia, nervosos, com vontade de desistir de estudar. Estão vivendo à base de antidepressivos", relata a profissional.

Imbróglio 


Cercado de polêmicas, o retorno das atividades presenciais nas escolas de BH e Minas também é pauta de protestos de entidades representativas de professores. Também ontem, o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE) de Minas afirmou que não há condições para a retomada no estado. "Não há escolas prontas para receber profissionais e alunos presencialmente", defendeu a presidente da entidade, Denise Romano, em entrevista coletiva na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. (Leia mais nesta página.)

Segundo os protocolos anunciados na quarta-feira pelo governo do estado, a retomada do ensino presencial será permitida a partir de 1º de março aos municípios que estiverem nas ondas verde e amarela do Minas Consciente, plano do Executivo para orientar a flexibilização das atividades durante a pandemia. Caberá a cada município a decisão final. Na rede estadual de ensino, a volta será em 8 de março, a princípio, ainda restrita ao modelo remoto, em razão de decisão judicial em caráter liminar que impede o retorno às salas de aula nesse segmento. Em todas as redes, o ensino presencial deverá conviver com o modo a distância e os pais poderão escolher mandar ou não os filhos às escolas.

Na manhã de quarta (24/2), foi a vez de os professores da rede municipal da capital mineira se manifestarem. Liderados pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação das Escolas da Rede Pública de Belo Horizonte (Sind-Rede), manifestantes fincaram cruzes em frente à sede da prefeitura, na Avenida Afonso Pena, Centro da capital. "Por mais que a prefeitura e os médicos digam que é possível cumprir esses protocolos, nós conhecemos o espaço das escolas e o ambiente de trabalho e sabemos que não seria viável e que seria perigoso no atual estágio da pandemia. Não conseguiríamos cumprir nem 30% das exigências", alega a diretora do sindicato, Vanessa Portugal.



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