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Estado de Minas MAIS CONTAMINADOS

Coronavírus avança pelo interior de Minas e pressiona Vale do Aço

Cidade polo da região, Ipatinga registra 12 vezes mais contaminados do que em abril. Ocupação de leitos atingiu 56% em enfermaria e 100=% em UTI


postado em 29/05/2020 04:00 / atualizado em 29/05/2020 18:39

Para atender os municípios de seu entorno, Ipatinga está aumentando os leitos de enfermaria e prepara hospital de retaguarda, mas não tem respiradores mecânicos(foto: Prefeitura de Ipatinga/Divulgação)
Para atender os municípios de seu entorno, Ipatinga está aumentando os leitos de enfermaria e prepara hospital de retaguarda, mas não tem respiradores mecânicos (foto: Prefeitura de Ipatinga/Divulgação)


O novo coronavírus começa a mostrar a sua escalada no interior de Minas Gerais. O Vale do Aço, região densa em população e uma das áreas mais importantes na geografia da produção industrial e de serviços do estado, já registra mais de 300 casos da COVID-19 e três mortes. Em Ipatinga, cidade polo da macrorregião, o número de registros de contaminação é 12 vezes superior ao verificado no mês passado, quando havia 14 casos, reportados em 27 de abril. Até ontem, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) contava 172 registros.



O prefeito de Ipatinga, Nardyello Rocha (Cidadania), teme que os municípios do entorno que não aderiram ao isolamento social e já registraram mortes coloquem em risco a capacidade de leitos do município, que acolhe os doentes da região. Na cidade polo do Vale do Aço, onde também foi registrada uma morte, 56% dos leitos de enfermaria estão ocupados. As unidades de terapia intensiva (UTIs) atingiram 100% de ocupação.

“Nosso problema é a disponibilização de leitos, que preocupa”, afirma o prefeito. A região abrange 27 cidades e várias delas começaram a registrar seus primeiros casos de infecção pelo coronavírus na última semana, como Córrego Novo, Jaguaraçu, Bugre, Dom Cavati, Mesquita e Iapu.Esses pequenos municípios têm, segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) população entre 2.771 a 11.004 habitantes.

Os casos de contaminação nessas cidades menores tendem a aumentar por causa da circulação de pessoas a trabalho numa espécie de colar metropolitano em torno de Ipatinga e Timóteo, as áreas mais industrializadas,  assim como ocorre na Região Metropolitana de Belo Horizonte. “Ipatinga está fazendo o papel dela. Tenho pedido que os prefeitos do entorno cuidem do isolamento social. Não adianta eu fechar um bar ou restaurante e a cidade ao lado abrir. Se não tiver uma conscientização de todos nós, o colapso virá. É impossível a gente ter leito para todos municípios. Temos que ter uma ação conjunta”, disse Nardyello.

Para conseguir atender esses municípios, Ipatinga está aumentando o número de leitos de enfermaria de 16 para 40 e prepara um hospital de retaguarda. No entanto, ele não terá capacidade para atender com UTI, pois, segundo o prefeito, a cidade não tem respiradores suficientes para ampliação da unidade. “O governo do Estado prometeu mandar pra gente três respiradores, mas até agora não houve nenhuma a remessa. Temos os recursos que estamos recebendo do governo federal, mas nem tudo pode ser comprado com esses recursos”, disse Nardyello.

A curva de casos de contaminação em Ipatinga cresce em torno de 18% ao dia, o que levou o município a impor freio à flexibilização do isolamento social. Desde semana passada, o comércio é permitido abrir às segundas-feiras, quartas e sextas. “Meu norte é minha disponibilidade de leito. Os nossos números estão sendo monitorados diariamente. Se necessário, fecharemos tudo de novo”, afirma o prefeito.

Teste em massa

De acordo a Prefeitura de Ipatinga, a cidade adquiriu testes de coronavírus para verificação em massa da população. Até quarta-feira, 2.016 testes sorológicos haviam sido aplicados com preferência em profissionais de saúde, asilos e pessoas em cumprimento de medidas socioeducativas. Dos 172 resultados positivos, 50 deles foram contabilizados pela testagem rápida, que deve continuar nos próximos dias.

“Os números cresceram porque agora estamos testando de verdade. Esse crescimento do número de casos positivos, atribuo ao pico. Acredito que já começamos a sentir isso. Mas, Ipatinga está testando como nunca testou”, comenta o prefeito.

A cidade ainda tem 1.934 casos suspeitos de contaminação. Após os testes, 1.354 foram descartados. “Nosso grande problema é que atendemos pacientes de outras macrorregiões. A única solução é que os municípios do entorno também cuidem do isolamento social. Eles precisam nos ajudar a diminuir o número de casos”, destaca Nardyello.

Emergência

A reportagem do Estado de Minas solicitou informações sobre a situação do Vale do Aço à Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) há dois dias e não obteve resposta até o fechamento desta edição. A pasta apenas reafirmou as ações realizadas em todo o estado, como a declaração de Situação de Emergência em Saúde Pública em razão de epidemia de doença infecciosa viral respiratória (COVID-19), causada pelo agente Novo Coronavírus – SARS-CoV-2, em 13 de março.

“Antes mesmo do primeiro caso no Brasil, a SES-MG institui o COES (Centro de Operações de Emergência em Saúde) para a situação do Novo Coronavírus e iniciou o monitoramento dos contatos dos casos suspeitos”, afirmou a Secretaria por meio de nota. A pasta ressaltou ainda que o Estado preparou o plano de contingência e os planos de contingência macrorregionais, que levam em conta a capacidade assistencial de cada região e mapeia as possibilidades de expansão de leitos nas regiões, seja por criação de novos leitos ou por contratação de leitos já existentes.

Sem mencionar especificamente o Vale do Aço, a SES-MG disse que não é necessária apresentação de comprovação de residência por parte do usuário do Sistema Único de Saúde (SUS) ao buscar atendimento hospitalar, o que indica que pacientes podem procurar atendimento fora da macrorregião em que residem – o que também foi apontado como problema pelo prefeito de Ipatinga, que mencionou atender pacientes de outras grandes áreas. “Outra possibilidade é a transferência de pacientes para outras regiões, principalmente pacientes que não  têm COVID-19 e ocupam leitos de UTI. Isso já acontecia no estado antes mesmo da COVID-19, e é feita pela regulação de leitos do estado”, conclui a pasta.

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