Cicatrizes da ditadura militar que ainda permanecem vivas no povo brasileiro. Manoel dos Santos Pinheiro, conhecido como capitão Pinheiro, virou réu por tentativa de genocídio contra o povo Krenak, na Região do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais. Os crimes aconteceram durante o período militar.
A denúncia do Ministério Público Federal (MPF) recebida pela Justiça mineira consta que o capitão Pinheiro cometeu diversos crimes contra os indígenas do povo Krenak que habitavam a cidade de Resplendor (MG), entre 1968 e 1973.
Foi ele quem criou a Guarda Rural Indígena (Grin) e instalou um presídio chamado de Reformatório Krenak em 1969 em Resplendor.
O reformatório, quando criado, tinha como função garantir os direitos dos indígenas. Na prática, porém, era usado como uma espécie de campo de concentração para torturar os Krenak.
Em 1972, o reformatório Krenak foi extinto e os índios foram levados pela Grin para a Fazenda Guarani, situada em Carmésia, na mesma região do estado.
A fazenda, no entanto, também funcionou como centro de detenção arbitrária dos Krenak sob a tutela do capitão Pinheiro.
De acordo com o MPF, "a remoção forçada dos indígenas para a Fazenda Guarani colocou em risco a própria existência do grupo étnico Krenak, diante da importância do território tradicional para sua reprodução física e cultural".
Para promotoria, o militar "agiu com a intenção de destruir, no todo ou em parte, a etnia Krenak".
Por isso, o capitão Pinheiro vai responder por três crimes: lesão à integridade física e mental a membros de uma etnia; submeter intencionalmente o grupo a condições de existência capazes de ocasionar-lhe a destruição física total ou parcial; e adotar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio do grupo.