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Estado de Minas

Coronavírus e chuvas: "Não podia ser uma situação pior e mais triste"


postado em 22/03/2020 04:00 / atualizado em 21/03/2020 21:21

Em Venda Nova, Marcus Vinícius Pinto, o Marquinhos, dono do Maison Marquinhos Cabeleireiros, chora ao contabilizar os prejuízos, que somam mais de R$ 10 mil(foto: Fotos: Jair Amaral/EM/D.A Press )
Em Venda Nova, Marcus Vinícius Pinto, o Marquinhos, dono do Maison Marquinhos Cabeleireiros, chora ao contabilizar os prejuízos, que somam mais de R$ 10 mil (foto: Fotos: Jair Amaral/EM/D.A Press )
Não bastasse a epidemia de coronavírus que assusta o mundo, em Minas, a chuva voltou a castigar Belo Horizonte e a região metropolitana ontem (21). Venda Nova foi a área mais atingida da capital. Além de várias ocorrências em bairros de Ribeirão das Neves. Moradores e comerciantes mais uma vez encararam uma madrugada de medo e passaram o dia contabilizando o prejuízo. Além de a população ter de lidar com o isolamento por causa da COVID-19, muitos tiveram de arriscar a vida com a água invadindo suas casas e locais de trabalho. Sem falar nas perdas materiais. Situação caótica diante de uma doença nova, impossibilitados de trabalhar, dinheiro escasso e sem saber sobre o futuro.

Muito emocionado, sem segurar as lágrimas, Marcus Vinícius Pinto, o Marquinhos, de 56 anos, dono do Maison Marquinhos Cabeleireiros há 36 anos, na Avenida Dr. Álvaro Camargos, no São João Batista, em Venda Nova, revelou que só em 2020 a chuva invadiu seu salão três vezes: “De todos esses anos que vivo aqui, foi a pior. A chuva foi rápida, mas muito volumosa. Começou à meia-noite e à 1h alagou meu salão. Caiu poste, teve explosão e não consegui salvar nada, não podia ficar na água porque estava arriscando a minha vida. Um caos”.

Marquinhos revela que se nas duas primeiras enchentes do ano teve um prejuízo de cerca de R$ 7 mil, ontem foi maior. “Já contabilizei R$ 10 mil. Joguei produtos, móveis, TV, computador, impressora, DVD tudo no lixo. Há anos peço uma solução e nada ocorre. Um prejuízo enorme e ainda não podemos trabalhar por causa do coronavírus. Não podia ser uma situação pior e mais triste. E tenho vizinhos com problemas maiores.” Felizmente, ele conta que a sua casa, onde vive com a mulher, filho e um irmão, todos trabalham no salão, não foi atingida porque fica no fundo do salão e é uma construção mais alta.

Neste momento, Marquinhos conta que nem dá para pensar na COVID-19: “Na chuva, durante toda a madrugada, estamos vulneráveis ao coronavírus, À leptospirose, com este córrego sujo, com esgoto, a uma gripe comum e muito mais. Arriscando a vida e desesperado. Mas na hora não dá para pensar em nada disso. Temos de agir para anos salvar. Aqui, é a gente que ajuda um ao outro”.

Na Avenida Doutor Álvaro Camargos, no Bairro São João Batista, volume de água arrastou postes, carros e o que viu pela frente
Na Avenida Doutor Álvaro Camargos, no Bairro São João Batista, volume de água arrastou postes, carros e o que viu pela frente
INTERDIÇÃO 

A Avenida Dr. Álvaro Camargos foi interditada, já que teve poste com transformador arrancado, estragos em uma obra de galeria da Sudecap e o asfalto arrancado. Na mesma região, o Supermercado Paranaíba, que seria inaugurado ontem, foi todo alagado, prejuízo enorme, mas os proprietários não quiseram se pronunciar. Perderam praticamente tudo, os produtos foram descartados em uma caçamba. Uma fonte desmentiu a ocorrência de saques.

Marlon Gomes, que trabalhava à noite no supermercado como segurança, viu seu Pálio estacionado na avenida indo parar só depois que encontrou um poste pela frente, a mais de um quilômetro. Sem seguro, a perda do carro foi total. De acordo com os moradores, a chuva de maior intensidade ocorreu à 0h e não parou até as 4h. Sem vazão, a água se acumulou rapidamente na Avenida Vilarinho e invadiu casas e comércios. Na Rua Padre Pedro Pinto, a enxurrada arrastou carros e alagou a UPA Venda Nova.

METRÔ FECHADO 

A Companhia Brasileira de Trens Urbanos de Belo Horizonte (CBTU-BH) também voltou a sofrer com os alagamentos provocados pelas fortes chuvas que atingiram a Avenida Vilarinho, ontem. Foi o terceiro grande alagamento na Estação Vilarinho. Desta vez, a água subiu mais de três metros e deixou um rastro de lama e de avarias que incluem a queima de componentes eletrônicos em equipamentos como escadas rolantes, e elevadores, entre outros.

Grande parte da brita usada na via para dar suporte à fixação dos dormentes também foi levada pela água e precisará ser inteiramente reposta. Por causa desses danos, a Estação Vilarinho precisou ser fechada ontem. Os trens passaram a rodar da Estação Eldorado à Estação Floramar, nos dois sentidos e nos horários divulgados para a operação especial contra a disseminação da COVID-19, das 6h às 9h e das 16h30 às 20h.

Em nota, a CBTU-BH lamentou os transtornos causados aos usuários do metrô e pontuou que a solução definitiva para os constantes alagamentos na Avenida Vilarinho é alheia à atuação e à responsabilidade da companhia. “Assim como a população que vive em Venda Nova, a companhia é vítima desses alagamentos recorrentes e tem sofrido com os altíssimos custos de manutenção que atingem equipamentos de complexo reparo.”

NEVES 

Em Ribeirão das Neves, a população também enfrentou medo e vários transtornos com chamadas de socorro para o Corpo de Bombeiros e Defesa Civil. Teve registro de salvamento de pessoas ilhadas no Bairro Santa Martinha. Em todos os casos, moradores ficaram isolados por causa da inundação, entre as 5h e as 6h. Ninguém se feriu. Teve ainda desabamento de muro de arrimo sobre residência, sem vítimas, no Luar da Pampulha.

Na Rua Portugal, Bairro Esperança, sentido Areias, próximo ao Clube Minas Gerais, um morador avisou o Corpo de Bombeiros sobre um carro arrastado próximo a uma ponte paralela à avenida central. O veículo capotou. Segundo populares, havia três pessoas dentro do veículo e todas conseguiram sair sozinhas. Quando o Corpo de Bombeiros chegou, elas não estavam mais no local da ocorrência. O veículo estava parcialmente encoberto e não houve condições de acessá-lo, devido à grande correnteza no local. No balanço de ocorrências da Defesa Civil, até a manhã de ontem foram 27 chamadas da população.


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