(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Em projeto inédito, catadores serão responsáveis por toda a coleta seletiva de Contagem

Profissionais vão ganhar mais por serviços prestados, e cidade vai economizar R$ 300 mil. Contrato com empresa privada se encerra nesta teça-feira


postado em 17/02/2020 19:06 / atualizado em 17/02/2020 19:37

Com o novo modelo, a expectativa é de que sejam coletadas 140 mil toneladas de material reciclável por mês no município(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Com o novo modelo, a expectativa é de que sejam coletadas 140 mil toneladas de material reciclável por mês no município (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

A partir desta terça-feira (18), a coleta seletiva de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, será 100% operada pelos próprios catadores do município. Depois de quatro anos e meio de contrato com a administração pública, a empresa privada KTM Engenharias será substituída pela Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Contagem (Asmac) e a Associação Rede Solidária de Contagem (Coopercata). O modelo inédito vem no momento em que municípios de Minas Gerais passam por crises fiscais.

Ao todo, a prefeitura disponibilizará dois caminhões para cada associação, além de R$ 1,4 milhão anual para as duas entidades - o valor será repartido igualmente. De acordo com o secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Wagner Donato, o contrato anterior firmado com a KTM era de R$ 1,7 milhão - R$ 300 mil serão economizados pela administração pública.

Até então, as associações de catadores tinham vínculos com a administração apenas no que dizia respeito à triagem do material proveniente da coleta seletiva da cidade. Dessa forma, a renda dos profissionais era baseada apenas na venda dos materiais recicláveis - de acordo com a Prefeitura de Contagem, a renda média mensal de um catador é de aproximadamente R$ 1.200.

Com o novo contrato, os catadores, gerenciados pelas duas entidades, passarão a fazer parte também do recolhimento desse material nos bairros da cidade, de forma mecanizada. Assim, eles também receberão recompensa pelo novo serviço prestado.  

“O custo é menor porque os catadores têm as associações e têm uma estrutura própria. Como são associação de catadores, os impostos e os custo são menores. Sem falar na expertise que eles já têm. Com eles fazendo a coleta, os caminhões serão gerenciados por eles mesmos”, explica Donato, que prevê um aumento de 30% na coleta seletiva do município com o novo modelo. Além disso, é esperado um aumento de 30 toneladas de material coletado por mês - atualmente, o registro mensal é de 110 toneladas. 

Segundo a prefeitura, o número de catadores de reciclável também deve subir, de 72 para mais de 100.

De acordo com o diretor do Instituto de Referência em Resíduos (órgão que intermedia as relações entre a prefeitura e as associações), Cido Gonçalves, os catadores já vinham prestando serviços à prefeitura e sendo treinados pelo o órgão para desempenhar a função. Foi o instituto que, há um ano e meio, apresentou  o novo modelo para a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Contagem.

“Esse modelo é bom no sentido de que os catadores deixam de ser informais e agora tem contrato formal com a administração pública. Além de ter uma melhora no serviço, Contagem economizou R$ 300 mil”, comemora o diretor. 

A supervisão do novo modelo ficará por conta do corpo técnico da Semad e do Instituto de Referência em Resíduos.

EXPECTATIVA ENTRE OS CATADORES


Ainda que o contrato da prefeitura com as associações seja financeiramente menor do que o com a KTM, os catadores estão animados com o novo modelo de coletiva seletiva, já que a expectativa é de que a renda dos profissionais suba consideravelmente. 

“Há muito tempo a gente vem conversando com a prefeitura e prestando serviço e a agora a prefeitura entendeu. A nossa expectativa é de uma melhora. Antes a gente tinha esse serviço prestado por uma grande empresa e, hoje, os próprios catadores conquistaram essa valorização.”, afirma Ercy Gomes, catadores de 62 anos e uma das fundadoras da Asmac - associação que existe desde 2003.

O acréscimo de materiais recicláveis coletados também deve interferir positivamente na renda dos catadores, uma vez que eles ficam com o dinheiro obtido com a venda dos objetos.

Além disso, em caso de sobra do fundo disponibilizado pela prefeitura, o dinheiro será distribuído entre os catadores. 

Ercy também fica contente de que, com a nova função, a tendência é de que os catadores se distanciem dos aterros sanitários, locais prejudiciais à saúde.

Atualmente, a Asmac possui três galpões de em Contagem, localizados nos bairros Perobas (principal), Novo Riacho e na Central de Abastecimento de Minas Gerais (Ceasa). 

*Estagiário sob supervisão da editora Liliane Corrêa


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)