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Estado de Minas MINAS DEBAIXO D'ÁGUA

Fake news sobre as chuvas confundem a população e aumentam o risco

Em Raposos, morador tentou avisar amigos sobre elevação do nível do Rio das Velhas, mas foi ignorado. Em BH, medo causado por notícias falsas esvaziou ruas


postado em 25/01/2020 04:00 / atualizado em 25/01/2020 15:42

Praça Sete, no Centro de BH, teve movimento tranquilo, diferente do ritmo usual(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
Praça Sete, no Centro de BH, teve movimento tranquilo, diferente do ritmo usual (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)


As notícias falsas sobre supostas tragédias em consequência das chuvas que atingiram a Região Metropolitana de Belo Horizonte durante toda a quinta-feira, e que inundaram o WhatsApp, impediram que muitas pessoas salvassem seus bens na área central de Raposos, cidade duramente atingida desde a madrugada dessa sexta-feira.

Atento ao alerta emitido pelas autoridades desde o início da semana, sobre a possibilidade de grandes precipitações, o cabeleireiro Edson Coelho Barros, 42 anos, passou a noite em claro monitorando o leito do Rio das Velhas, que divide ao meio o município. Ele tem um salão nas proximidades da ponte, na entrada da cidade.

“Eu usava uma varinha para medir a altura da água e por volta da 1h20 percebi que a água começou a subir mais rapidamente”. Imediatamente, Edson começou a mandar mensagens para grupos de amigos na rede social, mas conta que muitos ignoraram ou responderam fazendo piadas. “Não acreditaram ser um risco real.”

Pois Edson conseguiu salvar praticamente todos equipamentos e produtos de seu salão, que foram colocados no segundo andar do imóvel. Vários vizinhos, comerciantes e residentes de Raposos, no entanto, perderam quase tudo.
 
(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

"Não acreditaram ser um risco real"

Edson Coelho Barros, que acompanhou a subida do nível da água do Rio da Velhas em Raposos durante a madrugada, tentou alertar os conhecidos, mas muitos acharam se tratar de mentira ou brincadeira e acabaram perdendo quase tudo

 

Sexta-feira atípica na capital

As mensagens alarmantes sobre o potencial da chuva de ontem, que circularam em grupos de WhatsApp durante a semana, também podem ter ajudado a mudar o cenário dessa sexta-feira em BH. Trânsito tranquilo, poucas pessoas nas ruas e até algumas lojas e bares fechados.

A Praça Sete, ponto nevrálgico da capital, tinha movimentação semelhante à dos dias de feriado, sem o vaivém frenético dos pedestres. O bar Estação Santo Antônio, na Rua Carangola, no Bairro Santo Antônio, foi um dos que preferiram fechar as portas por precaução – informou a seus frequentadores, no início da tarde, que “devido à forte chuva” não abriria. “Agradecemos a compreensão e fiquem em segurança!”, completou.

Dona de uma mercearia próxima à Barragem Santa Lúcia, Jovita Celestrina Neto, de 42, chegou a cogitar a possibilidade de não abrir por causa dos boatos que circularam nas redes sociais, de que a barragem corria risco de estourar. “A gente fica meio temeroso, mas acho que é tudo fake news. Estamos bem perto da barragem, mas, graças a Deus, ela só está cheia. Não aparenta que vai transbordar” relatou.

Houve quem tenha se beneficiado com a sexta-feira atípica na capital, como o motoboy Gilbert Amorim, de 33, que trabalha com delivery para um restaurante e uma pizzaria. “O movimento aumentou demais desde a quinta, porque as pessoas não querem sair de casa e pedem pelo telefone”, contou, sem deixar de fazer ressalvas quanto à segurança: “Por outro lado, tem que ficar atento a algumas vias onde vamos passar. Na Tereza Cristina, não passo de jeito nenhum. A gente não pode arriscar”.

Ana Cláudia Barbosa Ferreira, de 39, dona de um salão de beleza na Avenida Prudente de Morais, no Cidade Jardim, confessa ter ficado apreensiva: “Cheguei até a sair mais cedo de casa com receio de trânsito mais intenso por causa da chuva, mas me surpreendeu. Acho que tanta gente ficou com medo que não saiu de casa”.

Ela admite que as notícias acabaram influenciando em seu trabalho: “Em nenhum momento pensei em não abrir o salão, apesar de muitas pessoas terem desmarcado ainda na quinta-feira. Mas a rotina acabou mudando, pois o movimento caiu demais”.




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