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Estado de Minas

Homenagens, pedidos e agradecimentos: o que move a fé no dia de Padre Eustáquio

Em dia dedicado ao religioso que tem uma legião de devotos e fama de milagreiro, fiéis lembram centenário da ordenação e torcem pela canonização


postado em 30/08/2019 21:16 / atualizado em 30/08/2019 21:48

Ver galeria . 8 Fotos Em dia dedicado ao religioso que tem uma legião de devotos e fama de milagreiro, fiéis lembram centenário da ordenação e torcem pela canonizaçãoGladyston Rodrigues/EM/D.A Press
Em dia dedicado ao religioso que tem uma legião de devotos e fama de milagreiro, fiéis lembram centenário da ordenação e torcem pela canonização (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press )

 
O centenário de ordenação do Beato Padre Eustáquio (1890-1943) foi lembrado em Belo Horizonte nesta sexta-feira (30), na tradicional festa em homenagem ao religioso nascido na Holanda e que viveu durante 17 anos no Brasil, 12 dos quais em Minas.
 
"O lema dele era saúde e paz, e aí está o caminho que devemos seguir para a fraternidade", afirmou o arcebispo de BH e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, que celebrou a missa das 16h – no total, foram nove celebrações.
 
Segundo os organizadores, cerca de 25 mil pessoas passaram pelo Santuário Saúde e Paz, também conhecido como Igreja de Padre Eustáquio, no bairro de mesmo nome, na Região Noroeste da capital. 

Desde bem cedo, os fiéis chegaram ao templo no qual foram celebradas missas de duas em duas horas, para lembrar os 76 anos de morte do religioso que trabalhou na Região do Alto Paranaíba e em BH, por um ano e quatro meses.
 
No memorial que guarda os restos mortais do beato, homens, mulheres e crianças escreveram seus pedidos de graças e bênçãos, acenderam velas ou simplesmente rezaram com as mãos na lápide.
 
Ao acender uma vela, o estudante Daniel Rossi, de 18, contou que pedia “saúde, paz e muita coisa boa”. “E para se sair bem nas provas?”, perguntou o repórter, para ouvir de imediato a frase vinda de um sorriso aberto: “Ah! Isso a gente sempre pede, né?”

Abadia

Religioso nasceu na Holanda e viveu durante 17 anos no Brasil, 12 dos quais em Minas(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Religioso nasceu na Holanda e viveu durante 17 anos no Brasil, 12 dos quais em Minas (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
 
 
Acompanhado da avó Maria Aparecida de Freitas Valadares, de 65, o estudante Ackel Hermógenes, de 16, morador do Bairro Paquetá, na Região da Pampulha, comemora o aniversário no dia dedicado ao beato. “Ainda não precisei pedir nada para ele”, confessou o adolescente.
 
A avó explicou que outro neto nasceu em 18 de agosto e que ela “tinha certeza” de que Ackel chegaria ao mundo em 30 de agosto. “E não deu outra”, disse Maria Aparecida, que sempre comparece ao templo e, desta vez, levou também o neto Théo, de 9 meses, com a mãe, Andreza de Freitas Valadares. “Tive uma gravidez de risco, pedi a Deus, por intercessão de Padre Eustáquio, que me socorresse. Então, venho sempre agradecer”, revelou Andreza.
 
A professora Tânia Ribeiro, moradora do Bairro Santa Mônica, na Região da Pampulha, também tinha muito para agradecer. Há muitos anos, procurou apartamento para morar no Bairro Padre Eustáquio. “Um dia, quando saía de um prédio, tive um pensamento, como se ouvisse uma voz, que o padre estava me ajudando. Isso foi 'do nada'. Consegui o apartamento e morei no bairro durante 15 anos.”
 
No memorial, muitos católicos rezaram diante da imagem de Nossa Senhora da Abadia de Água Suja, réplica da existente na igreja construída em 1925 por Padre Eustáquio em Romaria, antigo Monte Carmelo, na Região do Alto Paranaíba. 
 
Beatificado em cerimônia no estádio do Mineirão, na Pampulha, em 15 de junho de 2006, Padre Eustáquio está em processo de canonização, mas, para se tornar santo, é preciso que o Vaticano reconheça um milagre ocorrido após aquela data.
 
Segundo o vice-postular da causa e pró-reitor do Santuário Saúde e Paz, na Paróquia dos Sagrados Corações, padre Vinícius Maciel, ainda não há registro de milagres, embora estejam relatadas muitas graças e bênçãos alcançadas. “O que ocorre, hoje, é a expansão pelo Brasil e exterior de comunidades dedicadas ao beato. Há uma paróquia em Guarapari (ES), Esmeraldas (Grande BH), aqui perto, e igrejas no Japão e na Índia, devido à difusão da Congregação dos Sagrados Corações.”
 
Na avaliação do padre Vinícius, Padre Eustáquio era um “homem misericordioso”, capaz de dar atenção aos sofredores, pobres e doentes e às crianças. “A fé era o ponto fundamental para seu amor ao próximo. A maior lição que ficou é que é possível aliar, na atualidade, a religião, a religiosidade com a vida real. Muitos, às vezes, costumam buscar na religião algo externo, intimista, mas Padre Eustáquio nos ensinou que a religião faz parte da vida concreta, do sofrimento humano, dos necessitados.”


Fama, seguidores e transferências

 

Fiéis celebraram a imagem de Padre Eustáquio no bairro de mesmo nome(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Fiéis celebraram a imagem de Padre Eustáquio no bairro de mesmo nome (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
 


Eustáquio van Lieshout nasceu na Holanda, em 1890 e aos 15 anos ingressou na Congregação dos Sagrados Corações, inspirado no exemplo de santidade do missionário São Damião de Molokai.
 
Em 1919, foi ordenado sacerdote e continuou em seu país. Seis anos mais tarde, veio para o Brasil e fundou, com os padres Gil van den Boogaart e Matias van Rooy, a primeira comunidade da congregação no país.
 
Padre Eustáquio construiu o Santuário de Nossa Senhora da Abadia de Água Suja, em Romaria, na Região do Alto Paranaíba, e em seguida foi transferido para Poá (SP), onde se tem os primeiros relatos de milagres.
 
A fama de santidade do chamado vigário de Poá se espalhou por todo o país e, conforme as pesquisas, o incontrolável assédio das multidões levou seus superiores a afastá-lo da paróquia, em 1941. Viveu retirado em várias cidades paulistas, mineiras e na capital carioca.
 
Em 1942, o padre foi nomeado pároco em Belo Horizonte. Ficou apenas um ano e quatro meses na capital, o suficiente para deixar raízes profundas na espiritualidade do povo belo-horizontino. Mas uma repentina febre alta interrompeu esse intenso apostolado. Em 30 agosto de 1943, o religioso faleceu, vitimado por tifo exantemático ou febre maculosa, também chamada de febre do carrapato.

Conforme os relatos da época, incluindo a edição do Estado de Minas, o funeral atraiu uma multidão. O túmulo, no Cemitério do Bonfim, continuou sendo visitado pelos fiéis, mas, com a construção da Igreja dos Sagrados Corações, o povo passou a chamá-la de Igreja do Padre Eustáquio.
 
O corpo do sacerdote foi exumado e trasladado para um túmulo dentro da igreja em 1949, ficando até o ano de 2007, quando foi transferido para o Memorial, construído anexo ao templo.

Da beatificação à canonização


Em 15 de junho de 2006, milhares de pessoas lotaram o estádio do Mineirão, na Região da Pampulha, em Belo Horizonte, para participar da cerimônia de beatificação do Padre Eustáquio.
 
Com a presença de autoridades do Vaticano, estava ali o reconhecimento público de uma vida heróica nas virtudes e no serviço. A festa foi realizada no dia Corpus Christi e 12ª Torcida de Deus, com a presença de delegações de vários estádios brasileiros e até delegações de religiosos latino-americanos.
 
Como ocorreu nesta sexta, muitos dos devotos aguaram agora a solenidade canonização, quando, finalmente, o beato se tornará santo para os católicos.


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