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Estado de Minas VIA FECHADA

Mistério no Mirante da Caixa D'Água: quem instalou cancela no caminho?

Entrada fechada para veículos surpreende frequentadores do mirante no Mangabeiras, alvo de denúncias sobre uso de drogas, algazarra e assaltos. Detalhe é que autoridades não sabem quem ergueu o equipamento


postado em 18/08/2019 06:00 / atualizado em 18/08/2019 08:12

Com parte da cancela ainda coberta por lona preta e sem presença de vigia, sistema de segurança vem causando surpresa(foto: Fotos Leandro Couri/EM/D.A PRESS)
Com parte da cancela ainda coberta por lona preta e sem presença de vigia, sistema de segurança vem causando surpresa (foto: Fotos Leandro Couri/EM/D.A PRESS)

Casais de namorados à procura de tranquilidade para curtir seus momentos, apreciadores solitários da paisagem urbana que se emenda com as montanhas ou visitantes em busca de novas trilhas têm, agora uma guarita no seu caminho. Há uma semana, o equipamento de segurança, ainda sem vigilante, foi instalado na subida do Mirante da Caixa D'Água, no Bairro Mangabeiras, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Com parte da cancela coberta por uma lona preta, o novo sistema de proteção vem causando surpresa a quem passa por ali, a exemplo de um jovem motoboy na hora do almoço. Além da novidade, há um mistério: nem a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), nem a Copasa, dona do reservatório de abastecimento, ou demais autoridades sabem quem colocou a guarita na subida da Rua Alcides Pereira Lima, quase esquina com João Ceschiatti.

Na tarde de quarta-feira, o presidente da Associação dos Moradores do Bairro Mangabeiras, Rodrigo Bedran, disse que, nos últimos cinco anos, vem pedindo providências à PBH devido à situação no alto do mirante: “Há assaltos a mão armada, as pessoas que visitam o local chegam a ficar desnudas, pois roubam tudo, até as roupas”. A situação se complica com o uso de drogas, música alta e lixo espalhado por todo lado”, acrescenta.

O barulho tem incomodado a vizinhança, obrigada, segundo Bedran, a conviver com “música funk” na maior altura, principalmente à noite. “Pelas informações que temos, as pessoas dançam até sobre a caixa d'água. O problema vem se agravando ano a ano”, relata. Na avaliação do presidente da associação, a iniciativa de colocar a guarita resulta das denúncias da associação.

No início da tarde, o motoboy (de entrega de alimentos) Isaque Rocha, de 19 anos, morador do Bairro Califórnia, na Região Noroeste da capital, ficou frustrado quando estava se preparando para subir a Rua Alcides Pereira Lima, que tem como prologamento a Rua Ministro Villas Boas. “Sempre que estou na região, trago meu almoço e vou comer com tranquilidade lá no alto. Na semana passada estive aqui, e não tinha nada. Hoje, tem a guarita”, comentou o rapaz. Para não perder tempo, muito menos o passeio, Isaque decidiu subir a ladeira de 350 metros, sem reclamar do sol quente. Já a moto ficou estacionada na Rua João Ceschiatti.
Motoboy Isaque Rocha ficou frustrado ao ver a guarita: 'Sempre que estou na região trago meu almoço e vou comer com tranquilidade lá no alto'(foto: Fotos Leandro Couri/EM/D.A PRESS)
Motoboy Isaque Rocha ficou frustrado ao ver a guarita: 'Sempre que estou na região trago meu almoço e vou comer com tranquilidade lá no alto' (foto: Fotos Leandro Couri/EM/D.A PRESS)

APURAÇÃO


De acordo com a PBH – a existência da guarita misteriosa foi comunicada pelo Estado de Minas – será enviada uma equipe ao local para apurar a responsabilidade sobre a instalação do equipamento, que também não é da Polícia Militar. Sobre a legalidade de fechamento de vias públicas sem saída, técnicos da PBH informam que “tais ações são objeto de processo aberto junto à Diretoria Central de Patrimônio/Subsecretaria de Administração e Logística da Secretaria Municipal da Fazenda”. E mais: quando solicitadas, as ações são analisadas e podem ou não ser deferidas.

Em nota, a Copasa informa que “a guarita de segurança na subida do mirante, no Bairro Mangabeiras, não é de responsabilidade da empresa”. Sobre o número de ocorrências policiais na região, a PM informa que tais registros não são divulgados, ficando restritos à instituição para decidir sobre o aumento do policiamento. Já a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) informou que os dados “são fornecidos apenas por municípios por estratégia de segurança”.

PERIGOS


Em reportagem publicada pelo EM em março de 2018, os moradores do Bairro Mangabeiras, uma das áreas mais nobres da capital, denunciavam que o mirante se tornara símbolo de abandono, marcado pela depredação do patrimônio público, descarte de lixo, falta de manutenção e violência. Os problemas, segundo a população local, começaram com uso de drogas, sexo dentro de veículos, descarte de lixo em qualquer lugar, invasão da caixa d’água de responsabilidade da Copasa, música alta nos equipamentos de som dos veículos e o pior: assaltos.

Na época, a Associação de Moradores do Bairro Mangabeiras apontou como a melhor opção para resolver o problema uma intervenção urbana para transformar o local público em um mirante oficial, com controle de acesso das pessoas e horário de funcionamento. A Polícia Militar garantiu ir ao topo até 20 vezes por dia, focando na prevenção de crimes no mirante, mas a corporação também admite que tem dificuldades de agir de forma repressiva, pois muitas vezes os criminosos que conseguem ver a aproximação das viaturas dispensam materiais ilícitos antes de ser abordados.


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