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Estado de Minas

Quadrilha que vendia notebooks furtados em BH tinha até plano de metas

Polícia detalha esquema de revenda de equipamentos que levou à apreensão de mais de 100 computadores pessoais. Segundo investigadores, golpe garantia vida de ostentação a quadrilha


postado em 21/03/2019 06:00 / atualizado em 21/03/2019 07:27

Pessoas que foram vítimas de ladrões buscam seus bens entre dezenas de aparelhos apreendidos. É preciso comprovar a posse com documentos(foto: Fotos: Edésio Ferreira/EM/D.A PRESS)
Pessoas que foram vítimas de ladrões buscam seus bens entre dezenas de aparelhos apreendidos. É preciso comprovar a posse com documentos (foto: Fotos: Edésio Ferreira/EM/D.A PRESS)

Receptação de notebooks e outros aparelhos furtados, revenda desses equipamentos na internet e até o cumprimento de metas rígidas para comercialização dos bens retirados de seus donos de forma criminosa. Essa é a forma de atuação de uma quadrilha que investia na profissionalização da venda, especialmente de computadores furtados, para conseguir ganho milionário e manter um alto padrão de vida, com carros de luxo e casa com requintes de conforto em condomínio fechado. Os ganhos podem ter chegado a até R$ 1 milhão em um ano, tomando como base os valores dos notebooks furtados e revendidos. A boa notícia é que essa quadrilha foi desmontada pela Polícia Civil depois de uma apreensão de mais de 100 computadores pessoais, dos quais cerca de 60 ainda não tiveram os donos localizados.

Tudo começou a partir do furto de aparelhos eletrônicos e equipamentos musicais de um músico, em dezembro. A investigação do caso levou até o grupo, que segundo a Polícia Civil era formado por Gustavo de Jesus Ferreira, de 28 anos, Tatila Rodrigues Resende, de 21, Wagner Junio Queiros de Souza, de 25, e Pedro Fernandes Caetano, de 19. Gustavo é apontado como líder do grupo, enquanto Tatila atuava diretamente nas negociações e na colocação de anúncios dos produtos. Wagner usava os conhecimentos de técnico em informática para resetar os notebooks e deixá-los como se fossem novos.

A conduta de Pedro ainda está sendo detalhada, mas a Polícia Civil acredita que, por ele ser DJ, sua presença no esquema poderia abrir frente para a venda de produtos musicais furtados. Um dos policiais que participa da investigação contou que o grupo tinha metas rigorosas, como a de vender 20 notebooks por mês. Gustavo e Tatila são namorados e o homem cobrava da companheira o cumprimento desses objetivos, segundo a investigação.

A delegada Fernanda Fiuza, que comandou as investigações, conta que o trabalho de apreensão de mais de 100 notebooks além de itens como bateria eletrônica, amplificador, caixa de som, projetores de vídeo, diversos celulares, joias, óculos de sol, valores em espécie e dois veículos se deu em duas etapas. A primeira delas ocorreu em 4 de janeiro, após flagrante dado pela Polícia Civil em Tatila, pega revendendo o computador furtado do músico em 20 de dezembro.

Delegada Fernanda Fiuza (direita) espera localizar cerca de 60 vítimas que ainda não foram identificadas donas de aparelhos furtados(foto: Fotos: Edésio Ferreira/EM/D.A PRESS)
Delegada Fernanda Fiuza (direita) espera localizar cerca de 60 vítimas que ainda não foram identificadas donas de aparelhos furtados (foto: Fotos: Edésio Ferreira/EM/D.A PRESS)


FLAGRA
Ela foi flagrada em um shopping de Contagem. Depois, já com mais de dois meses de diligências, quatro mandados de prisão foram cumpridos e mais materiais foram apreendidos, indicando que a primeira investida policial não impediu o grupo de continuar agindo, segundo a delegada. “O computador chegava com o aspecto de um legítimo, como se fosse praticamente novo. Em uso, mas praticamente novo. Sem nenhum dado, embalado com aquelas embalagens típicas de notebook, com um plástico diferenciado”, explica.

Confira um vídeo com o momento em que policiais cumprem mandados contra os investigados



O objetivo da quadrilha era revestir o negócio de legalidade, e para isso o grupo usava também um escritório no Bairro Coqueiros, Noroeste de BH. As vendas eram feitas prioritariamente em contas de vendedores pessoais diversos de sites de comércio eletrônico. A polícia estima por baixo que só com notebooks o grupo podia girar R$ 60 mil por mês, mas com possibilidades de alcançar até R$ 1 milhão em um período de um ano, já que há casos de computadores vendidos por até R$ 13 mil.

O resultado dos golpes sustentava uma vida de luxo, conforme a delegada. “Veículos de luxo, como Mercedes e BMW, uma vida de marajás com casa com ar-condicionado em todos os cômodos, em condomínio de luxo, um cotidiano de ostentação, com viagens e festas caras”, afirma a policial. Ainda segundo a chefe das investigações, o uso da internet pelo esquema potencializava o mercado. “No veículo que era usado pela Tatila, encontramos comprovantes de depósitos de mercadoria para vários estados do Brasil”, acrescenta.

LADRÕES SÃO RASTREADOS


O próximo passo da investigação é construir um elo importante do esquema e descobrir como os computadores furtados chegavam às mãos da quadrilha. A hipótese mais provável é de que ladrões repassassem os produtos a um ou mais receptadores específicos, que depois mandavam ao grupo. Outra linha do trabalho também vai investigar outros possíveis crimes praticados pelos quatro, já que há indícios fortes de falsificações de documentos, que podem levar a golpes contra seguradoras, financeiras e até a lavagem de dinheiro.

Os investigadores também tentam localizar donos de cerca de 60 notebooks que estão em poder da polícia. A orientação para quem teve um aparelho furtado é procurar a 1ª Delegacia Centro, na Rua Conselheiro Rocha, 321, no Bairro Floresta. A recomendação é levar algum documento que comprove a posse, sob pena de não conseguir ter o bem restituído, se o vínculo não for provado. Os quatro investigados não quiseram se pronunciar sobre a situação, segundo a Polícia Civil.

Ontem, vítimas estiveram na delegacia para tentar recuperar os bens furtados. Uma delas é uma jovem de 21 anos, que pediu para não ser identificada “Parei o carro em frente à faculdade e quando voltei vi que tinham arrombado. Policiais militares perguntaram se eu sentia falta de algum objeto e eu vi que não estavam a mochila e o notebook”, contou ela, que comemorou a recuperação do bem.

Um homem de 24 anos, que também não quis se identificar, ficou ainda mais aliviado com a recuperação, porque trabalha com programação e desenvolvimento. “Minha vida estava lá dentro”, afirma. Ele deixou o computador por cerca de 20 minutos no carro enquanto ia buscar uma receita médica na Savassi. “A gente fica muito revoltado, porque perde um objeto que usa para trabalhar. Você não pode deixar a mochila 10 minutos no carro que acontece isso, enquanto eles estão ganhando mais dinheiro até que uma loja normal que vende notebooks”, completa.

 

Computador seguro

Confira cinco dicas da Polícia Civil para evitar perder um notebook para ladrões

1) Quando comprar um bem valioso como um computador, anote os dados como número de série. Essa informação pode ser muito importante no rastreamento do notebook se ele for furtado.

2) Evite deixar esse tipo de objeto dentro de carros parados nas ruas. Ladrões procuram justamente por essas oportunidades.

3) Deixar o equipamento no porta-malas pode parecer uma boa opção, mas não garante a segurança. Criminosos já podem estar observando a situação e perceber que algo foi escondido nessa parte do veículo, furtando o bem da mesma forma.

4) Se não houver outro lugar para deixar o bem, procure estacionar o carro em lugares movimentados, de preferência em frente a câmeras de segurança. Isso pode inibir a ação do ladrão.

5) Em caso de furto, não deixe de registrar a ocorrência. Procure a polícia com as informações dos bens perdidos para facilitar a investigação e um possível rastreamento.


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