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Estado de Minas

Moradores protestam contra o descarte de lixo na linha férrea que corta a Região Oeste de BH

Abraço simbólico denuncia o risco de doenças e os problemas ambientais gerados pela prática. Segundo a Ferrovia Centro-Atlântica, a cada dia de limpeza, 30 toneladas de lixo são retiradas desse trecho


postado em 11/11/2018 06:00 / atualizado em 11/11/2018 08:31

Moradores se uniram contra o descarte de resíduos domésticos e entulho de construção ao longo do trecho ferroviário que corta a Região Oeste de BH(foto: Paulo Filgueira/EM/D.A Press)
Moradores se uniram contra o descarte de resíduos domésticos e entulho de construção ao longo do trecho ferroviário que corta a Região Oeste de BH (foto: Paulo Filgueira/EM/D.A Press)

Lugar de lixo é no lixo – e não no meio do caminho, à beira da linha de trem e disseminando doenças e multiplicando os problemas ambientais. Com essa firme determinação, moradores dos bairros Vista Alegre, Nova Cintra e das vilas Vista Alegre e Betânia fizeram na manhã de ontem uma manifestação contra o descarte de resíduos domésticos e entulho de construção ao longo do trecho ferroviário que corta a Região Oeste de Belo Horizonte. O ato teve distribuição de folhetos educativos, música, depoimentos e culminou com um abraço simbólico no cruzamento das ruas Jornalista João Bosco e Benjamim Flores, trecho movimentado do Nova Cintra. Devido à ameaça de chuva, embora a manhã estivesse ensolarada, a caminhada ecológica foi cancelada.


A principal reivindicação das comunidades é que moradores e construtores parem de jogar lixo ao longo da linha, sob concessão da VLI, controladora da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA). “A situação está cada vez mais difícil, com perigo diário. O objetivo é conscientizar todo mundo, mostrar que o lixo só traz doença”, disse o presidente da Associação Primeiro de Maio da Vila Vista Alegre, Sérgio Diniz de Oliveira. Ao lado do presidente da Associação de Moradores e Empreendedores da Vila Betânia (Ame-Betânia), Gladson Reis, ele mostrou a montanha de resíduos amontoados perto de um muro e que se repete em quilômetros da via férrea.

“Esse é apenas um exemplo. Em cada ponto, há lixo e entulho de construção acumulados”, apontou Gladson, que considera fundamental o empenho da população local. Sem dúvida, basta andar alguns metros para ver de sacos plásticos a vasos sanitários poluindo a área. Para encurtar caminho, a dona de casa Alexandra Santos de Souza, que ontem estava acompanhada das filhas Vitória, de 9 anos, e Samara, de 3, passa por ali rumo ao comércio. “A gente vê ratos correndo de um lado para outro, um monte de sujeira, enfim, é um lugar que precisa ‘doer na consciência’ das pessoas”, afirmou a mãe.

A dona de casa Alexandra Santos de Souza com as filhas Vitória, de 9 anos, e Samara, de 3, precisa passar no meio da sujeira para cortar caminho(foto: Paulo Filgueira/EM/D.A Press)
A dona de casa Alexandra Santos de Souza com as filhas Vitória, de 9 anos, e Samara, de 3, precisa passar no meio da sujeira para cortar caminho (foto: Paulo Filgueira/EM/D.A Press)

ENXUGAR GELO
O cenário preocupa da direção da VLI/FCA, que apoia a iniciativa dos moradores e enviou ao local uma equipe. “Aqui é mais ou menos como ‘enxugar gelo’. A empresa limpa numa semana e logo depois está tudo tomado pelo lixo”, ressaltou o gerente de relações institucionais da concessionária do trecho ferroviário, Flávio Henrique Rodrigues Pereira. A cada dia de limpeza, são retirados 30 toneladas de lixo do trecho que corta os bairros da Região Oeste – no geral, a limpeza dura uma semana.

Flávio explicou que o ato resulta de uma série de ações, por meio do projeto Atitude Ambiental existente desde 2012 e, desta vez, iniciadas em julho em três escolas, igrejas e as duas associações comunitárias. Na oportunidade, os técnicos também distribuíram folhetos com informações sobre a segurança em cruzamentos da ferrovia. No outro folheto, distribuído a quem passava a pé ou de carro, uma frase emblemática para trazer saúde e qualidade de vida: “Nosso bairro, nossa casa. Colhemos o que plantamos. Não jogue lixo, jogue sementes! Qual ambiente você quer para o futuro?”. A manifestação teve ainda a presença da orquestra da Escola Estadual Hermenegildo Chaves.

O depoimento da assistente social Glenda Cássia de Souza Torrrezoni, do Centro de Saúde Vista Alegre, foi ouvido com atenção. Ela destacou o efeito das doenças decorrentes do acúmulo de lixo a céu aberto. “Muitas crianças aparecem com manchas na pele, diarreia e outros problemas. Sempre alertamos para o perigo da urina de rato, que transmite a leptospirose”, afirmou.

‘CARRINHEIROS’ Como representante da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), o funcionário do Setor de Zoonoses da Regional Oeste Carlos Eduardo de Aredes informou que o descarte de lixo é feito, na maior parte, pelos chamados “carrinheiros”, que transportam o lixo em carrinhos de mão. “São geralmente usuários de drogas, alcoólatras, pessoas que ganham algum dinheiro para pegar os resíduos nas casas e jogar aqui. É importante destacar que os moradores sabem que os ‘carrinheiros’ levam o lixo para esses locais”, explicou. Ele disse ainda que é feito um trabalho com os carroceiros para que não façam esse tipo de serviço.

Como resposta à reivindicação dos líderes comunitários, que reclamam da falta de uma Unidade de Recebimento de Pequenos Volumes (URPV) nas imediações, ele respondeu que já existe uma, não muito distante, na Avenida Tereza Cristina, cabendo aos moradores, portanto, levar seus resíduos até o local. À beira da linha, Aredes mostrou o grande número de tocas de ratos, “que mais parecem tatus de tão grandes”. Ele acrescentou que, periodicamente, é feita a desratização num trecho urbano de cerca de cinco quilômetros.


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