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Estado de Minas

Corregedoria assume apuração de tiroteio entre policiais em Juiz de Fora

Antes a cargo de delegado de Juiz de Fora, investigação criminal envolvendo agentes de MG e de SP agora será feita pelo órgão de fiscalização interna da Polícia Civil mineira


postado em 26/10/2018 06:00 / atualizado em 26/10/2018 07:45

Policiais chegam ao local onde ocorreu a troca de tiros, que levou à morte de um agente de Minas e de um empresário de São Paulo(foto: Fernando Priamo/Tribuna de Minas)
Policiais chegam ao local onde ocorreu a troca de tiros, que levou à morte de um agente de Minas e de um empresário de São Paulo (foto: Fernando Priamo/Tribuna de Minas)


A investigação criminal do tiroteio envolvendo policiais civis de Minas Gerais e São Paulo em Juiz de Fora, na Zona da Mata, passou para a corregedoria-geral da corporação, em Belo Horizonte. A informação foi confirmada ontem pela Polícia Civil mineira. A corregedoria apura, agora, dois inquéritos. Um administrativo, para analisar a conduta dos policiais, e outro que identificará os crimes cometidos. O empresário do ramo de segurança Jerônimo da Silva Leal Júnior, que teria sido contratado para fazer a escolta de um executivo paulista e foi baleado durante a transação suspeita, morreu em um hospital da cidade, onde estava internado desde a sexta-feira passada. A Secretaria de Segurança de São Paulo pediu a transferência dos quatro policiais presos na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Grande BH, para aquele estado.

Em nota à imprensa, a Polícia Civil de Minas justificou a transferência citando as normas da corporação.  “Conforme previsto em sua lei orgânica, inquéritos complexos que envolvam servidores da instituição podem ser presididos pela Corregedoria-Geral da PCMG, que assumiu as investigações junto com os Promotores de Justiça da comarca de Juiz de Fora/MG e do Gaecco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) da capital e, assim que os trabalhos avançarem, as informações serão repassadas à imprensa”, diz o texto.

As investigações do tiroteio estavam sob responsabilidade do delegado Armando Avólio Neto, de Juiz de Fora. Antes do anúncio do envio do caso à corregedoria, o delegado, que segundo a PC ainda auxilia nas investigações, negou que os R$ 14 milhões em notas falsas apreendidos no local do crime tenham relação com pagamento de caixa 2 a campanhas eleitorais. “É golpe”, limitou-se a dizer. A principal linha de investigação é que a troca de tiros tenha ocorrido durante uma negociação suspeita malsucedida.

As apurações dão conta de que o empresário de Minas Gerais Antônio Vilela, que seria o dono do dinheiro falso e se apresentaria como Antônio Vasconcelos, fazia uma transação com o executivo paulista Flávio de Souza Guimarães. Vilela já havia sido preso por tentar distribuir cédulas falsas em 2009, em Minas, e em 2015, em São Roque, no interior de São Paulo.

Em depoimento, Flávio Guimarães alegou que foi até Juiz de Fora se encontrar com Antônio para uma negociação de empréstimo entre R$ 6 milhões e R$ 8 milhões. A polícia acredita que ele faria uma troca de dólares, mas o dinheiro estrangeiro não foi encontrado. O executivo paulista alegou que contratou a “escolta VIP” por R$ 30 mil, mas negou que soubesse da presença de nove policiais civis de São Paulo na segurança.

A troca de tiros ocorreu no estacionamento de um condomínio de consultórios em um complexo que faz ligação com o Hospital Monte Sinai na cidade da Zona da Mata. O empresário disse ainda que recusou a transação ao ser aberta uma bolsa com notas de R$ 100, sob o argumento de que não fora “aquele o combinado contratualmente”. Na troca de tiros, o policial civil de Minas Rodrigo Francisco, de 39 anos, morreu. O empresário do ramo de segurança Jerônimo da Silva Leal Júnior foi baleado. Internado desde a sexta-feira passada em estado grave, ele terminou morrendo ontem.

Na quinta-feira, advogados de Jerônimo da Silva Leal Júnior chegaram a entrar com um pedido de habeas corpus, que era analisado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Ele estava com a prisão preventiva decretada. Os advogados também queriam que ele fosse transferido para um hospital de São Paulo.

Quatro policiais paulistas, sendo dois delegados e dois investigadores, foram autuados por lavagem de dinheiro. As prisões em flagrante foram convertidas para preventivas em uma audiência de custódia. Todos foram transferidos para a Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem. Autuados por prevaricação, três policiais de Minas assinar termo em que se comprometem a comparecer a audiência em novembro e foram liberados.

A Secretaria de Estado de São Paulo pediu ao secretário Sérgio Barbosa Menezes, da Secretaria de Estado de Segurança Pública em Minas (Sesp/MG), a transferência dos quatro policiais paulistas para aquele estado. Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap/MG) informou que está analisando a solicitação junto ao juízo criminal de Juiz de Fora.

 

O que já sabemos sobre o caso

 

» Em 19 de outubro, houve tiroteio entre policiais civis de Minas Gerais e de São Paulo, no estacionamento de um condomínio de consultórios que faz ligação com o Hospital Monte Sinai, em Juiz de Fora, na Zona da Mata.

» Na troca de tiros, o policial civil de Minas Rodrigo Francisco, de 39 anos, morreu. Duas pessoas ficaram feridas. Um deles, Jerônimo Silva, que morreu ontem, depois de seis dias de internação, era dono de empresa de segurança particular que acompanhava o grupo de São Paulo e irmão de um dos policiais paulistas envolvidos no caso. O outro ferido, Antônio Vilela, empresário de Juiz de Fora que estaria transportando R$ 14 milhões em notas falsas, recebeu alta e foi preso

» O confronto ocorreu em meio a uma transação suspeita entre Vilela e Flávio Guimarães, empresário de São Paulo. As apurações dos investigadores indicam que policiais de Minas Gerais estavam apoiando o empresário mineiro, enquanto os de São Paulo garantiam a segurança do empresário paulista

» Até o momento, a investigação aponta que o tiro que matou o policial saiu da arma de um segurança particular que acompanhava o grupo do empresário paulista com nove policiais do estado vizinho, incluindo dois delegados


» Quatro policiais paulistas, sendo dois delegados e dois investigadores, foram autuados por lavagem de dinheiro. As prisões em flagrante foram convertidas para preventivas em uma audiência de custódia. Todos foram transferidos para a Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem

» Três policiais de Minas foram autuados por prevaricação e liberados depois de assinar termo em que se comprometem a comparecer a audiência em novembro

» Do mesmo grupo de São Paulo, outros cinco policiais foram ouvidos e liberados.

» O empresário Flávio Guimarães fugiu da cena e se apresentou na segunda-feira (dia 22) em São Paulo. Ele negou que estivesse transportando dólares e disse que estaria no local para tomar empréstimo. Indicou ainda que não sabia que havia policiais na escolta


» O empresário de Juiz de Fora que participaria do negócio, Antônio Vilela, foi baleado no pé. Ele recebeu alta na noite de domingo (dia 21) e ficou a cargo do sistema prisional

» Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) designou uma equipe para acompanhar as apurações. Dois promotores de Juiz de Fora e outros três ligados ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaecco)


» A Ouvidoria de Polícia de São Paulo enviou ofícios para a superintendência da Polícia Federal (PF) do estado e para o Ministro de Segurança, Raul Jungman, para que a PF acompanhe o caso

» Ontem, a Corregedoria da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) assumiu as investigações policiais para apurar os crimes cometidos. Além disso, apura, em âmbito administrativo, a conduta dos policiais mineiros


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