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Estado de Minas

Mulher de 64 anos dá à luz uma menina em Belo Horizonte

Bebê nasceu prematuro na maternidade Octaviano Neves, fruto de fertilização in vitro. Tanto a mãe, que engravidou após 30 anos de tentativas, quanto a criança estão bem


postado em 12/04/2018 18:02 / atualizado em 13/04/2018 07:50

Parto de Norma de Oliveira, de 64 anos, que deu à luz na Maternidade Octaviano Neves(foto: Origem Fotografia/Especializada em fotos e filmagem de partos/Divulgação)
Parto de Norma de Oliveira, de 64 anos, que deu à luz na Maternidade Octaviano Neves (foto: Origem Fotografia/Especializada em fotos e filmagem de partos/Divulgação)

Uma mulher de 64 anos deu à luz uma menina na maternidade Octaviano Neves, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, após anos de tentativas para engravidar. A menina nasceu prematura de oito meses, com 1,7 quilo e está internada na incubadora. Mãe e filha estão saudáveis e descansam após o parto.

Após mais de 30 anos de tentativas, a procuradora de Justiça Norma Maria de Oliveira teve sua primeira filha na terça-feira. A idosa conseguiu engravidar por meio de fertilização in vitro (FIV). Os óvulos foram doados anonimamente e o esperma pelo companheiro da procuradora, de 45. Segundo a ginecologista e obstetra da paciente, Rita de Cássia Amaral, o procedimento deu certo na primeira tentativa. “Geralmente, apenas uma em cada quatro tentativas de FIV dá certo logo na primeira tentativa”, comenta a obstetra.

Norma procurou a especialista em junho. “Trabalho com gravidez de mulheres com idades consideradas de risco, mas esta foi a primeira vez que atendi alguém com mais de 50”, conta a ginecologista. Rita explica que toda gravidez por meio da fertilização in vitro é considerada de risco e, no caso de Norma, os cuidados foram redobrados devido à sua idade. Os principais problemas decorrentes da gestação acima dos 50 anos são a hipertensão e a diabetes, além do aumento das chances de o bebê nascer prematuro.

Segundo Rita, a gestação ocorreu com tranquilidade, sempre com acompanhamento médico. “Não houve nenhuma ocorrência grave durante a gravidez. Ela desenvolveu um aumento leve de pressão e uma variação glicêmica, que já eram esperados para a idade”, conta a médica. Norma mora em Itabira, na Região Central de Minas, e vinha a Belo Horizonte quinzenalmente para as consultas com a especialista. “Na última consulta ela estava com a pressão alta e decidimos fazer a cesárea”, contou a obstetra.

O tratamento de Norma incluiu a ingestão de vitaminas e uma substância anticoagulante por causa da idade, conforme explicou a médica. “O maior desafio, após o sucesso do procedimento, seria manter o organismo dela suportando o desgaste de uma gravidez. Por isso, ela continuará com o acompanhamento médico e segue internada na maternidade.”, conta Rita de Cássia. A médica ressalta a importância de que a mulher esteja saudável para conseguir engravidar após os 50 anos.

A pequena Ana Letícia nasceu de 33 semanas e quatro dias de gestação, com 1,7 quilogramas e 48 centímetros. Por ser prematura, a criança está na UTI infantil para acompanhamento.  “A neném chegou bem ao mundo. Ela não precisou ser entubada, nem de oxigenação. Só foi para a UTI porque é prematura, mas está alternando ar ambiente com pouco oxigênio e passa muito bem”, relatou Rita.

Ainda não há data para que Norma e a filha recebam alta. Rita comemora o nascimento da menina e diz acreditar que este tenha sido um avanço para a obstetrícia “Há poucos anos, nem se cogitava a possibilidade de uma mulher com mais de 60 anos engravidar. Acredito que a medicina tenha dado um passo à frente. Foi uma experiência nova e gratificante para todos os envolvidos”, afirmou. 

PREPARAÇÃO
 A médica ainda ressalta o preconceito existente na sociedade em relação às mulheres que engravidam em idades consideradas de risco.”Quando eu comentava com as pessoas que estava atendendo uma mulher de 64 anos, sempre questionavam o fato de ela ser idosa e a possibilidade da morte”, comenta. A médica destaca que o sucesso do procedimento não foi coincidência, mas sim, resultado de estudo e tratamento. Para evitar as complicações da idade, a especialista explica que a mulher deve começar o acompanhamento médico muito antes de se submeter ao procedimento de reprodução assistida. “A preparação para a gravidez começa antes do procedimento de fertilização. Por isso, o acompanhamento médico é fundamental. A mulher precisa preparar seu corpo para a gestação, ingerindo vitaminas, por exemplo”, explica a médica.

A médica ressalta que para uma mulher com idade avançada engravidar é preciso tomar uma série de cuidados e, principalmente, é imprescindível que ela esteja saudável. “Os riscos de uma gravidez por fertilização são sempre grandes e quando se trata de uma mulher mais velha os cuidados são redobrados. É imprescindível que a mulher esteja saudável. Ela não pode apresentar diabetes ou hipertensão grave, já que estas são alguns das complicações decorrentes da gravidez em idade avançada”, explica a médica.

A reportagem do Estado de Minas tentou falar com Norma, mas ela disse estar cansada e não quis dar entrevista. Em entrevista ao portal G1, contou que se sente realizada. “É um sonho alimentado há muito tempo, sempre priorizei a profissão e até o patrimônio pensando num filho, queria ter um filho e que ele não passasse pelas dificuldades que passei”, destacou na entrevista. *Estagiária sob supervisão do editor Roney Garcia

 

Autorização recente


A fertilização in vitro é o tratamento de reprodução humana realizado com mais frequência por ser atualmente a opção da medicina reprodutiva que oferece mais chances de conceber um filho para aqueles que enfrentam dificuldades para engravidar após um ano de tentativas. O tratamento, que pode ser feito a partir dos 35 anos, consiste em realizar a fecundação do óvulo com o espermatozoide no laboratório de embriologia, um processo in vitro que requer o cultivo em laboratório para permitir a observação do correto desenvolvimento dos embriões e posterior transferência ao útero materno para a confirmação da gravidez. No ano passado, o Conselho Federal de Medicina autorizou que mulheres acima de 50 anos de idade passassem por procedimentos de reprodução humana assistida desde que assumam o risco e tenham autorização do médico responsável. Essas mulheres poderão recorrer aos procedimentos desde que o médico aponte fundamentos técnicos e científicos, sem precisar da avaliação dos conselhos regionais de medicina.


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