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Estado de Minas

Chuvas elevam represas que abastecem Grande BH, mas perdas se mantêm em nível pré-crise

Chuvas da estação e mês com precipitação acima da média colocam reservatórios da região metropolitana ao maior patamar pós-crise e criam boa perspectiva para o sistema. Perdas, porém, ainda são de 40%


postado em 22/02/2018 06:00 / atualizado em 22/02/2018 07:57

Ontem, barragem do Rio Manso acumulava um volume de água que equivale a 81,5% de sua capacidade, nível anterior ao período de crise hídrica na Grande BH(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A PRESS)
Ontem, barragem do Rio Manso acumulava um volume de água que equivale a 81,5% de sua capacidade, nível anterior ao período de crise hídrica na Grande BH (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A PRESS)
A chuva que se tornou frequente neste mês na Região Metropolitana de Belo Horizonte, dando trégua apenas durante o carnaval, revela um de seus lados mais positivos nas réguas que medem o nível dos reservatórios de água. Com volume pluviométrico que supera a média esperada para o mês nas três represas do Sistema Paraopeba, o conjunto já acumula 63,7% de sua capacidade.

O índice, que cresceu quase cinco pontos percentuais apenas neste mês, se aproxima da marca de 65%, observada pela última vez há quase quatro anos, em maio de 2014 (veja gráfico). No maior dos lagos do sistema, o de Rio Manso, a água chegou a 81,5%, rompendo a barreira emblemática dos 80% alcançada pela última vez em junho de 2014, antes do reconhecimento da crise hídrica que castigou a Grande BH ao longo de todo o ano de 2015, trazendo a ameaça de racionamento, hoje afastada. Mas, se a natureza vem colaborando, o combate ao desperdício não avança na mesma proporção: as perdas do sistema se mantêm perto da casa dos 40%, segundo a Copasa, mesmo nível pré-crise.


Foto da mesma barragem do Rio Manso em 2015 mostra régua de medição exposta, quando represa acumulava cerca de 50% de sua capacidade(foto: Leandro Couri/EM/D.A PRESS - 20/03/2015)
Foto da mesma barragem do Rio Manso em 2015 mostra régua de medição exposta, quando represa acumulava cerca de 50% de sua capacidade (foto: Leandro Couri/EM/D.A PRESS - 20/03/2015)

De 1º de fevereiro até ontem, a quantidade de chuva esperada tanto para o Rio Manso quanto para Serra Azul e Vargem das Flores superou a média esperada para todo o mês. O resultado foi um salto no volume das represas, que se estabilizou durante a estiagem do carnaval, mas já voltou a subir nesta semana. Volume bem parecido foi verificado no mesmo período do ano passado, mas a escalada deste ano permite ao diretor de Operações da Região Metropolitana da Copasa, Rômulo Perilli, afirmar que o cenário ao fim do atual período chuvoso será melhor do que na mesma época de 2017. “Isso nos dá mais tranquilidade para trabalhar. A cada ano nós estamos finalizando o período de chuva com mais volume armazenado, e com isso não teremos problemas nos próximos 20 anos”, avalia.

Perilli acrescenta que a situação que mais garante a segurança hídrica atual é a captação feita diretamente no Rio Paraopeba, uma obra emergencial inaugurada em dezembro de 2015. De lá até ontem, a Copasa já havia puxado 166,5 milhões de metros cúbicos do curso d’água. Como comparação, ontem o volume reservado em todo o sistema era de 175,8 milhões de metros cúbicos. “Se não tivéssemos aquela captação, hoje haveria 10 milhões de metros cúbicos nos três lagos”, afirma Perilli. A outorga da Copasa no Rio Paraopeba permite uma captação de 4,5 mil litros de água por segundo, mas o custo da energia elétrica para a operação faz com que a empresa capte, em média, 2,5 mil litros/segundo.

(foto: Arte/EM)
(foto: Arte/EM)

PERDAS Se no início da crise hídrica, revelada pela Copasa em janeiro de 2015, o índice de perdas no sistema, com vazamentos e ligações clandestinas, era de cerca de 40%, não houve evolução mesmo com os investimentos que a empresa sustenta ter feito para melhorar as condições do sistema de abastecimento. O diretor Rômulo Perilli argumenta que a estatal instalou válvulas para diminuir a pressão da água e com isso reduziu bastante a quantidade de vazamentos, mas, ao mesmo tempo, aumentaram as ligações clandestinas e uma situação anulou a outra, mantendo os prejuízos no mesmo patamar.

Atualmente, a Copasa afirma que existem na Grande BH 240 mil imóveis que têm rede de abastecimento na porta, mas não têm ligação formal com o sistema de distribuição. Além disso, outros 30 mil potenciais consumidores estão em áreas de ocupação, onde não há regularização fundiária. “Temos muitas casos em que o morador já teve ligação, que por falta de pagamento foi cortada. Mas essas pessoas continuam abastecidas, porque não existem 240 mil fontes alternativas de água na região, e nós temos dificuldades de fazer esse corte”, afirma o diretor.

Segundo Perilli, em algumas áreas de aglomerados a Copasa nem sequer entra. No caso das ocupações, o diretor cita a Isidora, atualmente a maior de BH, na Região Norte da cidade. Lá, segundo ele, há entre 5 mil e 6 mil famílias abastecidas com água que não é contabilizada, porque a regularização ainda está sendo discutida. “Estamos ajudando a operar na área de forma a diminuir as perdas, por meio da educação. Para os demais locais, temos muita gente trabalhando nessa questão e estamos iniciando ações de mobilização social, no sentido de que esses consumidores voltem a pagar pela água”, afirma.

(foto: Arte/EM)
(foto: Arte/EM)

RIO DAS VELHAS Além do Sistema Paraopeba, a Copasa conta com o Sistema Rio das Velhas para abastecer a região metropolitana, que consiste em uma captação diretamente no leito do manancial. No ano passado, a Copasa lançou uma Proposta de Manifestação de Interesse (PMI) para alternativas que visassem a melhorar a situação dessa captação. A estatal recebeu duas propostas, mas nenhuma para criar um barramento no curso d’água.

A questão ambiental pesa muito nesse aspecto, segundo o diretor de Operações Rômulo Perilli. As propostas estipulavam pequenas ações ambientais ao longo de toda a bacia acima da captação da Copasa, em Nova Lima, para aumentar a retenção de água em pequenas lagoas. A estatal informa que vem trabalhando em parceria com a Cemig e as mineradoras Vale e Anglogold, que operam pequenas represas na bacia, para que seja possível manter o máximo de água no sistema e evitar problemas na captação, que sofre bastante impacto nos períodos de seca.


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