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Estado de Minas

Como a falta de informação leva ao extermínio de macacos na Grande BH

Três macacos foram abatidos em Brumadinho por conta do medo e da falta de informação. Animais não transmitem a doença para o homem, mas a morte dos bichos serve como alerta


postado em 07/01/2018 06:00 / atualizado em 07/01/2018 10:11

Agentes de saúde do município identificam as buscas ativas e mapearam a área do Bairro Palhano após a morte de um morador por febre amarela(foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
Agentes de saúde do município identificam as buscas ativas e mapearam a área do Bairro Palhano após a morte de um morador por febre amarela (foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
O extermínio de macacos saguis e outros que simplesmente atravessam os escassos remanescentes florestais próximos a habitações tem sido recorrente e estimulado pelo medo que a febre amarela provoca em Minas Gerais – e a falta de informações. Somente nesta nova onda de casos de 2018 já se confirmou, na semana passada, um morto em Brumadinho, de 55 anos, e outro doente, de 37, no mesmo município da Grande BH. Com isso, agentes da prefeitura local dizem que pelo menos três animais foram abatidos a tiros, apesar de serem apenas vítimas do mal, como ocorre com os homens, sendo que os mosquitos Haemagogus são o principal vetor, ao lado dos Aedes aegypti – também responsáveis pela dengue, febre chikungunya e zika.

De acordo com o supervisor de campo do setor de zoonoses da Prefeitura de Brumadinho, João Batista Paiva, pelo menos três saguis foram encontrados com sinais de agressão desde o ano passado. “Estamos fazendo campanhas para ensinar às pessoas que os animais, na verdade, não transmitem para nós a doença, mas sinalizam quando devemos tomar providências maiores sobre isso. Ainda assim, encontramos, pelo menos três animais com sinais de tiros”, lamenta. Ontem, Paiva coordenou uma van nas comunidades próximas aos casos com 12 agentes que se distribuíram em cada uma das residências existentes na região.

As agentes de saúde do município intensificaram as buscas ativas, que são operações de rastreamento, destruição de focos e orientação sobre o desmantelamento de criatórios existentes no ambiente doméstico do município. A cobertura vacinal local era de 84%, mas a procura pelas doses de imunização tem se ampliado e um reforço está previsto pela Secretaria de Estado de Saúde, que pode totalizar 2 milhões de doses em todo o estado.

No ano passado, Minas Gerais concentrou a mais grave face do surto de febre amarela no Brasil, com 162 mortos confirmados e outros 475 doentes, segundo o Ministério da Saúde. A atual identificação de macacos mortos, cerca de sete, sendo pelo menos três deles positivos para a febre amarela, fez com que três parques fossem fechados: os municipais dos Mangabeiras e Serra do Curral, em Belo Horizonte, e o Estadual do Rola-Moça. Em todos eles foram encontrados exemplares contaminados e mortos pelo mal.

Os doentes de febre amarela em Brumadinho eram moradores do Bairro Palhano, próximo ao acesso da BR-040. Em alguns condomínios que lá existem, como o Retiro do Chalé, já circulam informativos para a prevenção da doença e proliferação dos mosquitos transmissores, instruindo que as pessoas busquem a imunização por vacinas nos postos de saúde da região. O material é distribuído pelos funcionários da portaria e por seguranças que afirmam ter sido bastante requisitados sobre o assunto.

Técnicos encontraram larvas do mosquito em sucatas e entulhos deixados nos quintais das residências rurais(foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
Técnicos encontraram larvas do mosquito em sucatas e entulhos deixados nos quintais das residências rurais (foto: Leandro Couri/EM/DA Press)


CRIATÓRIOS No rastreamento de focos realizado ontem foram encontrados vários criatórios de mosquitos, com larvas em vários estágios evolutivos amadurecendo para se tornar mosquitos potencialmente transmissores, muitos desses locais em sucatas e entulhos deixados nos quintais das residências rurais. Pneus, garrafas velhas, pedaços de vasos e até lonas esticadas se transformaram em berço para a eclosão e desenvolvimento das larvas de mosquitos transmissores, muitas vezes sem que os moradores desses lotes nem sequer desconfiassem. “A gente tenta sempre seguir o que os agentes nos falam. Manter limpos os quintais, mas é difícil, porque a gente acha que não tem mosquitos demais e quando vê tem um tanto dentro de uma garrafa ou de outra coisa”, disse a dona de casa Neli Silva, de 76, que mora na casa do Bairro Carneiros com a neta de 18.

Durante toda a manhã, a Unidade Básica de Saúde (UBS) do Bairro Palhano se tornou referência para que as pessoas próximas à área mais afetada se imunizassem tomando vacinas ou se orientassem quanto aos procedimentos, sendo também o quartel-general das equipes de buscas ativas por focos. “Não sabia se tinha que tomar uma dose, daí trouxe meu cartão de vacinação para ver. Disseram que na última vez já tomei, então volto mais tranquilo”, disse o agricultor Mário Morais, de 57.

Já a faxineira Silvana Rodrigues dos Santos, de 44, chegou de viagem recente e ao saber que na sua vizinhança ocorreram dois casos de doença, tratou de juntar a irmã e os vizinhos para se vacinarem. “Há 10 anos tinha tomado uma dose e com esses casos aqui pertinho a gente fica assustada, insegura mesmo. Então, aqui nos informaram como se prevenir do mosquito e depois de tomar uma dose da vacina a gente tranquiliza mais”, disse.

Repelentes para os visitantes


O Instituto Inhotim, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, começou ontem a distribuir repelentes aos visitantes. A medida foi adotada depois de confirmados dois pacientes com febre amarela na região, sendo que um deles morreu. Logo na chegada ao parque, cartazes explicam sobre a doença, informam sobre a necessidade de prevenção e orientam as pessoas a se certificarem sobre a vacina contra a doença. Uma funcionária oferece os repelentes antes mesmo de os turistas entrarem. Por meio de nota, o Inhotim comunica que não foi identificado qualquer caso de febre amarela no instituto e que está tomando todas as medidas preventivas necessárias para combater a doença. Acrescentou que
desde meados do ano passado, quando foram registrados os primeiros casos em Minas Gerais, está atento e vem adotando uma série de ações.


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